A situação de Carlos Alberto, desde o dia 02 de agosto ex-atleta do Vasco, imersa em renovações, altos salários, indisciplina, empréstimos, polêmicas e sistemáticos débitos do clube para com o atleta é um exemplo da forma como a gestão MUV/Dinamite administrou a instituição nos últimos cinco anos.
Em janeiro de 2009 o Vasco contratou o atleta, que vinha de um histórico recente nada recomendável. Atuara de forma apenas discreta no Fluminense, Werder Bremen-ALE, São Paulo e Botafogo, nos últimos dois anos, após uma segunda temporada no Corínthians também discreta, em 2006.
No primeiro semestre de 2009 (até 30/06) o atleta participara de 23 partidas, marcara seis gols, recebera 14 cartões amarelos e dois vermelhos, não ganhara nenhum título e o Vasco, com ele atuando, terminava o mês de junho na oitava colocação da Série B.
Houve, então, uma renovação de empréstimo, sem ônus para o Vasco, anunciada no dia 06/07/2009.
Carlos Alberto passou mais um ano no clube e tornou-se símbolo da conquista da Série B, mas nada produziu de efetivo durante o primeiro semestre de 2010, ocasião em que o Vasco foi eliminado do Campeonato Estadual e da Copa do Brasil, além de figurar na zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro (sem que o atleta, contundido, tivesse atuado em quaisquer das sete primeiras rodadas da competição antes da parada para a Copa do Mundo da África do Sul em junho).
Mesmo diante de tantas dúvidas e tão pouco sucesso no clube, a direção acertou um contrato de três anos com o atleta, recebendo Carlos Alberto, em carteira, o valor de R$150 mil reais (mais um valor na ordem de R$300 mil reais mês referente a direito de imagem). Na época o meia recebeu inclusive um título de sócio Benfeitor Remido por parte do presidente do clube, Roberto Dinamite (não se sabe por que motivo). Como ação de marketing foi promovida a confecção de trancinhas (imitando o visual adotado por Carlos Alberto na época) e também de bonequinhos com a imagem do jogador.
O contrato, firmado por três anos e datado do dia 20/07/2010, era válido até 02 de agosto de 2013.
Na ocasião, o Vasco obteve 10% dos direitos econômicos do atleta. O Werder Bremen-ALE ficou com 20% e Carlos Alberto com 70%.
Como pode surgir na conta “Credores Diversos” um compromisso do Vasco para com o atleta – através da empresa Two Star Mark – na ordem de R$4.590.000,00, exposto no balanço patrimonial do clube referente ao ano de 2010?
OBS: No balanço de 2009 não aparece este item na conta “Credores Diversos”.
No ano seguinte, quando o atleta se desentendeu com o presidente do clube em pleno vestiário (após a terceira derrota seguida do Vasco para times pequenos no Estadual, ainda em janeiro); quando foi emprestado duas vezes, para Bahia e Grêmio; quando esteve fora dos planos do Vasco; o clube, durante este exercício, teria pago R$4.240.000,00 do valor devido à empresa Two Star Mak., mantendo um débito bem menor, na ordem de R$350 mil reais.
Ou seja, o Vasco, que ao longo daquele ano de 2011 chegou a vender 45% dos direitos econômicos do seu atleta mais destacado à época, Dedé, por 1,8 milhões de Euros, no mesmo exercício financeiro se preocupou em pagar à empresa Two Star Mak grande parte de seu débito. Na data da venda de 45% dos direitos econômicos de Dedé (30/08), para que se tenha uma ideia, o valor em reais da transação perfazia (pelo câmbio do dia) um total de R$4.132.260,00, próximo do valor pago à empresa vinculada ao atleta Carlos Alberto.
Na segunda metade do contrato de três anos, Carlos Alberto pouco jogou, pouco marcou, pouco contribuiu e após quatro anos e meio de time não participou de qualquer conquista do Vasco (de primeira divisão).
Cobra hoje do clube cerca de três milhões de reais devidos, fruto do direito de imagem não pago por vários meses.
Fazendo uma conta rápida, por baixo Carlos Alberto custou ao Vasco nestes quatro anos e meio de muito pouca produção no clube, algo em torno de 21 milhões de reais, assim divididos:
Salários – 7 milhões de reais aproximadamente, considerando um valor de R$100 mil reais nos primeiros 18 meses e R$150 mil reais nos últimos três anos (incluindo aí o 13º salário).
Direito de Imagem – 14 milhões de reais aproximadamente, considerando o valor presente no balanço de 2010 de 4,59 milhões, mais 9,3 milhões referentes aos dois anos e sete meses de contrato restantes até julho de 2013 (inclusive).
Considerando aí mais outros encargos sociais, o valor gasto com o atleta passaria dos 22 milhões de reais nesta jornada de quatro anos e meio, amortizando deste montante a divisão de pagamento dos salários enquanto o atleta esteve emprestado para Grêmio e Bahia, além, é claro, da venda de trancinhas e bonequinhos com a imagem do atleta.
Com algo em torno de 20 milhões, o Vasco, no último ano da administração de Eurico Miranda, pagava por seis meses:
- Toda a folha de atletas e demais funcionários, inclusive encargos
- Acordos
- Dívidas equacionadas
- Quaisquer outros tributos
- Valores concernentes à conservação das sedes, além das benfeitorias
- Gastos com esportes olímpicos, pan-americanos e amadores
- Gastos com a base
- Gastos com o Colégio Vasco da Gama e seus alunos
- Demais gastos pontuais ou emergenciais
Por essas e outras, a situação do Vasco chegou ao ponto que vemos. Os critérios para se contratar, contrair dívidas, deixar de pagar acordos, ou mesmo satisfazer credores, mostra, no mínimo, negligência por parte dos que teoricamente seriam responsáveis por gerir o clube e suas finanças.
Casaca!
Fonte: Casaca