Não bastasse a surpresa por ser escalado de última hora no jogo contra o Corinthians, Marlone recebeu um aviso do principal jogador do time minutos antes de entrar no campo do Mané Garrincha, domingo passado, em Brasília. Capitão e ídolo do Vasco, Juninho Pernambucano ignorou a pouca idade do meia-atacante, que tem 21 anos, e deu o recado:
- Falou antes do jogo que ia pegar no meu pé. Disse: “Marlone, gosto de você, mas é para o seu bem”. Ele cobra mesmo – contou o garoto.
A pressão do Reizinho surtiu efeito. Marlone foi um dos destaques do time no empate por 1 a 1 e supriu a ausência de Eder Luis, que deixara o hotel na véspera por conta da sua saída do clube.
No Vasco desde 2006, Marlone, que é natural do Tocantins, sempre acompanhou e admirou a carreira de Juninho. Hoje, são companheiros de clube e dividem espaço na equipe titular. O aprendizado e o suporte são importantes, segundo ele.
- A experiência de um Juninho, o que ele passa e viveu, me tranquiliza muito. Às vezes fico conversando com ele e fico bobo. Hoje nem tanto, mas no começo não acreditava. É uma coisa que não passa pela sua cabeça, você vê o jogador pela televisão, ganhando títulos, um ídolo, e agora está aqui me ensinando, passando experiência. Às vezes não cai a ficha. Fico no mundo da lua, me pergunto se é verdade. Me sinto muito honrado por treinar com o Juninho e é um sonho realizado.
A realidade que encanta também é dura. Marlone sabe que precisa dar uma resposta a Dorival Júnior, ao time e aos torcedores. Da noite para o dia, entrou na equipe titular e precisa evoluir rápido. Nos treinos e nas conversas, procura extrair o máximo dos mais experientes e tenta corrigir o que não está bom.
- Eu tive algumas deficiências na base, de posicionamento, de tática. Aprendi muito disso no profissional. O professor Dorival está sempre dando um toque. Eu subi com essa deficiência não subi pronto, subi com deficiência tática, vim pegar algumas coisas aqui em cima, botando em prática e está dando certo. Acho que não é um problema da base do Vasco, a questão é que faltam alguns toques. A base do Vasco não é ruim, pelo contrário. O Vasco acaba de completar 15 anos do título da Libertadores, e aquele time tinha jogadores da base, como Felipe e Pedrinho. É uma tradição do clube sempre revelar jogadores.
Na base, Marlone chegou a usar a camisa 10, era armador do time. Na função de Eder Luis, joga um pouco mais avançado e ainda busca o primeiro gol como profissional. Contra o Corinthians, desperdiçou duas boas chances. O jogador não acredita que seja uma deficiência nas finalizações. Pretende melhorar, mas acha que a ansiedade atrapalhou.
- Na verdade não encaro como deficiência. Estou sem jogar há quase seis meses, só treinando. Do nada entrei numa partida dessas contra o Corinthians. Se tivesse mais confiante poderia ter finalizado melhor.
A tendência é que Marlone seja mantido na equipe titular para o jogo de volta desta quinta-feira, contra o Nacional-AM, pelas oitavas da Copa do Brasil. Em São Januário, às 21h50m (de Brasília), os cariocas podem até perder por um gol de diferença que se classificam para a fase seguinte. Na primeira partida, venceram por 2 a 0.