Foi de forma repentina que o torcedor do Vasco viu Eder Luis deixar o clube. No último sábado, em Brasília, o atacante, que até então estava escalado para enfrentar o Corinthians, pediu ao técnico Dorival Júnior para não disputar a partida. Naquele momento já estava sacramentada sua transferência para o Al Nasr, dos Emirados Árabes, por empréstimo de dois anos de duração. Em sua primeira entrevista desde a conclusão do negócio, o atacante deixou claro que partiu dele próprio o desejo de deixar São Januário, por receber uma proposta, em suas palavras, irrecusável.
Após quatro anos, Eder Luis admite que viveu altos e baixos em sua passagem pelo Vasco. E no momento em que deixa o clube vivendo uma ascensão técnica e recebendo novamente o apoio da torcida, mostra confiança de que ficarão as boas lembranças. O atacante deixou claro não ter se sentido desprestigiado por ser tratado como moeda de troca desde o início deste ano, mas também admite não pensar num possível retorno, embora seu vínculo com o clube seja até junho de 2016. Caso o Al Nasr deseje ficar com Eder Luis, terá de pagar mais dois milhões de euros (mais de R$ 6 milhões).
Arrumando as malas para viajar para o Oriente Médio, Eder Luis conversou com o GLOBOESPORTE.COM e classificou como positiva sua passagem pelo Vasco, onde, segundo ele, venceu uma grande desconfiança quando chegou, em 2010. A negociação vai render cerca de R$ 6 milhões ao clube cruz-maltino.
GLOBOESPORTE.COM: O anúncio de sua transferência aconteceu de forma inesperada para o público. A negociação ocorreu dessa forma ou já tinha tomando forma há algum tempo?
Eder Luis: O Márcio Bittencourt e o Carlos Leite (empresários) já vinham tratando disso há algum tempo, mas as conversas estagnaram num momento. Na semana passada veio finalmente a proposta e no sábado o negócio já estava praticamente assinado pelas partes. Então foi quando eu fui conversar com o Dorival.
GE: Então foi você quem pediu para não jogar contra o Corinthians?
EL: Isso. Não valia me arriscar já com um contrato praticamente assinado. Eu poderia me prejudicar e prejudicar o desempenho dos meus companheiros. Seria injusto também com o time, que sempre me ajudou. Além disso, eu não estaria com a cabeça totalmente focada no jogo, pois já estava pensando na mudança e em outras situações da viagem.
GE: Depois do jogo o técnico Dorival Júnior mostrou-se revoltado com a sua saída. A transferência para os Emirados Árabes era um desejo seu?
EL: Sim. A proposta que eu recebi foi irrecusável e boa para todas as partes. E precisava pensar na minha carreira e no futuro da minha família. Saí no momento certo e feliz por tudo o que fiz no Vasco.
GE: Como é deixar o Vasco exatamente num momento em que você crescia tecnicamente e voltava a ter o apoio da torcida?
EL: Aceito as críticas, mas a recuperação de uma cirurgia é sempre complicada. Leva tempo até o jogador readquirir sua forma. Mesmo assim nunca deixei de lutar em campo. Esse meu crescimento é resultado do crescimento de todo o time do Vasco. Quando o Dorival chegou, me chamou para conversar e me passou confiança.
GE: Até então você vinha sendo criticado e tratado como moeda de troca no clube. Ficou chateado?
EL: Todo jogador é negociável, então não fico chateado com isso. Ainda mais quando se trata de um clube em dificuldades. Já a torcida estava na razão dela, mas tenho certeza de que a lembrança que vai ficar é a do gol na final da Copa do Brasil. Isso sim jamais vai ser apagado.
GE: Quando terminar seu empréstimo ao Al Nasr, ainda restará cerca de um ano de contrato com o Vasco. Pensa em retornar ao clube?
EL: Ainda é cedo para pensar nisso. Um ciclo se fechou. Meu pensamento é cumprir meu contrato lá e fazer o melhor e depois ver o que acontece. Vida que segue.