Uma data mais que especial. Após a semana do 115º aniversário, o Vasco comemora, nesta segunda-feira, 15 anos do título mais importante de sua história: a Libertadores de 1998. Entre todas as conquistas do Gigante da Colina, foi quando levantou a taça no Estádio Isidro Romero, em Guayaquil, que o Cruzmaltino assegurou sua maior glória. Sob a batuta de Antônio Lopes, a equipe era um celeiro de craques. Desde o ídolo Carlos Germano aos jovens Juninho, Pedrinho e Felipe, passando por jogadores da qualidade de Mauro Galvão, Ramon, Donizete e Luizão, o time se caracterizava pelo bom ambiente e o espírito vitorioso que embalou toda a campanha no torneio sul-americano.
Segundo Ramon, ao parar e pensar na equipe de 98, as sensações são as melhores possíveis. Falar do histórico elenco do Gigante da Colina passa a ser complicado para o meia do 'time dos sonhos' do Cruzmaltino.
"São lembranças de um grande time. Uma equipe de grandes jogadores, de atletas de qualidade. Naquele momento, o Vasco montou um time muito forte. Já havia um time muito forte desde 1997, em 1998 chegaram mais reforços que somaram ainda mais para o grupo. Era um time com uma união muito grande, sem qualquer tipo de vaidade. Entrávamos em campo exclusivamente pensando em jogar futebol, um correndo pelo outro, ajudando, torcendo pelo companheiro. Isso tudo foi fundamental para que o Vasco conseguisse todas as conquistas daquela época", afirmou, ressaltando a dificuldade de citar apenas um grande aliado na equipe.
"Eu sempre me dei bem com todo mundo. Juninho foi um grande companheiro, Pedrinho... Felipe. Isso fez a diferença, é complicado citar nomes pois acabo esquecendo de alguns e todos sempre foram muito unidos. Luizão, Donizete, Carlos Germano, que é um grande amigo até hoje. O grupo era uma grande família. Pessoas inteligentes e com uma qualidade muito grande. Para finalizar ainda havia toda aquela vontade de ganhar. São ótimas lembranças", acrescentou Ramon, que comentou a importância do título em sua carreira.
"A Libertadores de 98 foi a grande conquista da minha carreira. Foi um marco para todos os atletas que estavam naquela geração, só nos faltou o título do Mundial. É a maior conquista do Vasco também, um título completamente especial para o clube", concluiu.
GRITO DE CASACA ETERNIZADO
Se dentro de campo Ramon tem as lembranças de um grupo unido, Eurico Miranda, cartola na época, também não esquece as melhores recordações do histórico título da Libertadores. Conquistado no ano do centenário do clube, o ex-presidente garante que a conquista é um marco eterno na história do Vasco e ressalta a necessidade de constantes comemorações pela glória mais marcante de São Januário.
"Foi uma conquista histórica. O mais importante a se ressaltar é que o Vasco venceu a Libertadores no ano do seu centenário, diferentemente de muitos clubes que não conseguiram conquistar nada no ano em que completaram 100 anos. Lembro bem que fiz uma grande festa para comemorar os 10 anos da conquista da Libertadores e acho que todo ano deveria acontecer uma festa. É uma grande oportunidade de reunir os jogadores da época. Este não é um título qualquer, é mais que especial", comentou.
Para Eurico, o momento mais marcante ficou por conta da festa dos atletas em campo. O canto "Casaca", grito de guerra tradicional do clube, foi uma das cenas mais intensas na visão do dirigente, que ressalta a importância da conquista também para os atletas atuais do Vasco.
"Daquele título posso falar que o momento mais marcante foi quando os jogadores se reuniram no centro do campo e puxaram o canto do casaca juntos. Foi uma conquista muito importante, com jogadores da melhor qualidade ali. Para o atual elenco do Vasco, esse marco deve servir como estímulo para que venham conquistar coisas deste tipo também", acrescentou.
A CAMPANHA
O Vasco começou mal a Libertadores de 1998. Ao atuar fora de casa nas três primeiras partidas da competição, o Gigante da Colina conseguiu apenas um ponto. Perdeu para Grêmio e Chivas-MEX e empatou com o América-MEX. No entanto, a força de São Januário foi determinante para conseguir a vaga nas oitavas de final. Em três duelos no caldeirão vascaíno, a equipe ficou invicta, vencendo Grêmio e Chivas-MEX e empatando com América, classificando-se na segunda posição do Grupo 2 com oito pontos.
Nas oitavas de final, novamente um time brasileiro pela frente. Desta vez o Cruzeiro. Em São Januário, no jogo de ida, o Vasco saiu na frente, ganhando por 2 a 1. No jogo de volta, o Cruzmaltino conseguiu segurar o empate e foi rumo às quartas de final. Nessa fase da competição, um velho conhecido: o Grêmio. Se na primeira fase o confronto terminou com uma vitória para cada lado, nas quartas o Vasco passou sem ser derrotado. Empate em 1 a 1 em Porto Alegre e vitória por 1 a 0 em São Januário.
A semifinal foi classificada como final antecipada. O Gigante da Colina iria encarar o poderoso River Plate, o bicho-papão da década. No Rio, um jogo duro e vitória por 1 a 0. Mas foi o jogo de volta que marcou a campanha vascaína, o dia inesquecível para todos os torcedores. Quando o placar estava 1 a 0 para os argentinos, o Vasco teve uma falta na intermediária. Juninho pegou a bola e bateu magistralmente, colocando no ângulo, sem chances para o goleiro. Surgiu ali o gol monumental, que virou música da torcida vascaína.
A final foi contra o desconhecido Barcelona Guayaquil, do Equador. Nos dois jogos, o Cruzmaltino sobrou em campo, vencendo tanto em São Januário quanto fora de casa, sendo o único clube brasileiro campeão da Libertadores no ano de seu centenário.