A Polícia Militar do Amazonas afirma que houve má gestão na venda de ingressos por parte do Nacional Futebol Clube para a partida contra o Vasco, na noite desta terça-feira (21), no Estádio Roberto Simonsen, na Zona Leste de Manaus. O comandante de policiamento metropolitano, coronel Gilberto Gouvêa, afirma que foram vendidos mais ingressos do que o estádio suportava, e que isso causou tumulto e desordem, inclusive com torcedores que tinham ingresso e não conseguiram entrar.
- Tivemos problema lá fora (do estádio) porque houve algum problema com a gestão dos ingressos, porque nós tomamos conhecimento que o Nacional vendeu 5 mil ingressos e entregou mil cortesias. O Corpo de Bombeiros contabilizou a entrada de mais de 7 mil pessoas, sem contar os não-pagantes. Isso nos causou transtorno, porque lá fora ficaram aproximadamente mil pessoas com ingresso na mão sem poder entrar. Isso precisa ser questionado. O Nacional precisa responder por isso. Os torcedores que ficaram do lado de fora irão procurar o ressarcimento, e com toda razão. O Corpo de Bombeiros estabeleceu uma capacidade de 6.050 pessoas e isso não foi respeitado pelo Nacional - disse o oficial.
Gouvêa revelou ainda que foi preciso deslocar policiamento de outras áreas da cidade para conter a confusão que houve do lado de fora do estádio, voltando a afirmar que o Nacional geriu mal a venda de ingressos para a partida, cobrando inclusive uma punição para os responsáveis pelo risco ao qual os torcedores foram expostos.
- Tive que movimentar tropas de outras unidades da cidade, desguarnecendo alguns setores para fazer frente à necessidade do Sesi. Houve má gestão de ingressos. Isso precisa ser avaliado, questionado para que não volte a ocorrer. É necessário que a responsabilidade seja imputada a quem praticou essa irresponsabilidade - cobrou.
Confusão com torcida organizada
Antes de a bola rolar, houve ainda, segundo a PM, uma confusão com uma torcida organizada do Vasco. Segundo o coronel, houve um descumprimento do acordo feito com a PM para garantir a segurança dos torcedores e por isso muitos nem entraram no estádio e causaram um tumulto, fazendo com que a Polícia usasse a força para conter a multidão, que ainda segundo a PM, tentou invadir o estádio.
- Eles combinaram um horário conosco, chegaram atrasados , quando toda a arquibancada destinada à torcida do Vasco estava ocupada. Eles prometeram pra mim fazer baderna lá fora e fizeram. A PM teve que intervir. A tropa de Choque foi empregada e utilizou os recursos necessários e proporcionais para dispersar a multidão. Lamentamos profundamente. A PM não tem nenhum prazer em usar a força contra quem quer que seja. Fizemos isso para preservar a segurança de quem estava dentro estádio, pois eles queriam invadir. Isso não é torcida organizada. O que vimos foram criminosos que depredaram um patrimônio particular - afirmou Gouvêa.
A PM esclareceu ainda que as prisões serão divulgadas em um relatório que ainda será finalizado e que coibiu a ação de cambistas com policiais fardados e à paisana na Avenida Cosme Ferreira e nos arredores do estádio.
Gouvêa disse ainda que o Roberto Simonsen tem condições de receber eventos de grande porte, mas que para isso, é preciso que sejam cumpridas as normas de segurança elaboradas pelos órgãos atuantes.
Torcedores revoltados
O torcedor do Nacional, Vanderson Leal de Oliveira, de 35 anos, discorda. Ele pagou R$ 50 em um ingresso que comprou pela internet e aos 35 minutos da primeira etapa do jogo ainda não tinha entrado no estádio. Segundo o torcedor, ele quase se feriu durante a confusão na qual a Polícia usou a força para dispersar a multidão.
- Sou amazonense e estou com vergonha. Nunca passei por uma situação como essa. Os Policiais deram tiro de bala de borracha na gente, que está com ingresso na mão e não consegue entrar. É uma falta de respeito. Nunca mais eu venho pra um estádio. Foi a maior decepção da minha vida - disse o torcedor.
Quem queria ver a partida teve que usar do jogo de cintura para conseguir entrar. Foi o caso do vascaíno César Romero, que quase aderiu ao naturalismo para poder assistir ao jogo. Ele estava com a namorada, também vascaína.
- É revoltante você comprar o ingresso e chegar aqui você não conseguir entrar. Eu entrei pela entrada da torcida do Vasco, com o uniforme do clube e o um policial chegou e disse que não entraria mais vascaíno porque não havia mais espaço. Chamei minha namorada para entrarmos pelo lado do Nacional. Chegamos lá e o policial disse que não poderia entrar por ali com a camisa do Vasco. Eu e ela tiramos as camisas pra poder entrar, como se a gente fosse marginal. Disseram que venderam 6 mil ingressos mas tem muito mais gente aqui - reclamou.
Do lado de fora do estádio, torcedores usaram o improviso para acompanhar a partida, subindo em árvores e até mesmo na placa onde fica o nome do Estádio. Muitos torcedores com ingresso na mão só conseguiram adentrar o campo no segundo tempo.
Nacional vai ressarcir torcedores
A diretoria do Nacional informou que os torcedores que não conseguiram entrar no estádio Roberto Simonsen (Sesi) para o jogo entre Nacional e Vasco, nesta terça-feira (20) e ainda possuem os ingressos serão ressarcidos. Os torcedores poderão procurar a secretaria do clube, localizada na Rua São Luiz, Adrianópolis, na segunda-feira (26), a partir das 9h (10h de Brasília) para receber o dinheiro de volta.
A Ingresse.com, empresa que vendeu ingressos pela internet divulgou nota também sobre os transtornos com os ingressos para a partida entre Nacional e Vasco. Veja o que diz a nota:
Aqueles que compraram os ingressos pela Ingresse.com e não conseguiram entrar no jogo, naturalmente terão seus ingressos ressarcidos. A Ingresse garante a devolução daqueles que compraram no nosso site e não entraram. Todos os ingressos que entraram na arena foram validados na entrada. A Ingresse não realizou venda de lotes extras e nem administrou a venda de ingressos nos pontos de venda.
Fonte: GloboEsporte.com