Não é fácil sustentar uma paixão a milhares de quilômetros de distância. Em Manaus, vascaínos que nunca viram o time jogar de perto aguardam ansiosamente a bola rolar às 20h50 (horário da cidade). Agrupados como filiais das torcidas organizadas do time carioca, eles preparam uma grande festa no jogo desta noite no estádio do Sesi. Os torcedores, que devem dividir os seis mil lugares com os nacionalistas, vão levar até três bandeirões e 15 quilos de papel picado para a partida.
A ideia é reproduzir um pedacinho da casa do Vasco no Amazonas. Mais ou menos como acontecia na Arena São Januário, inaugurada há quatro anos por Reginaldo Barros, um vascaíno fanático de 48 anos, que herdou do avô a paixão pelo clube – o que é comum entre os torcedores do Vasco na cidade. Incomum é a estrutura que Reginaldo montou para assistir ao time. Em área de quase 100 m², com quatro telões, ele chegava a fagurar R$ 30 mil por jogo do Vasco, com vendas de até 600 caixas de cerveja. Mas a conversão à religião evangélica o fez diminuir o apetite econômico e maneirar os hábitos no seu empreendimento, onde também administra uma loja licenciada do Vasco – a Gigante da Colina.
- Nunca houve confusão, mas acontecia de ter droga uma vez ou outra e não queria mais isso – explica Reginaldo, que recebeu Geovani, Sorato e outros ex-jogadores do Vasco num cenário cheio de pôsteres, lembranças e cruz de malta espalhadas por todo lado.
A “causa” vascaína mobiliza outros tantos amazonenses, que invertem horários de trabalho e adaptam à rotina para acompanhar o clube. O veterinário Rodrigo Dias de certa forma substituiu a Arena com uma solução caseira. Para abrigar as cerca de 500 pessoas de sua organizada, na Zona Norte de Manaus, ele convoca os vascaínos a arrecadarem brinquedos para distribuição para comunidades carentes e também doações de sangue. Junto com o amigo Jonathan Bezerra, eles prometem uma grande festa na partida desta noite em Manaus.
- Estamos trabalhando dia e noite para a festa. Fizemos várias cruzes de malta, igualzinhas as que têm em São Januário nos jogos do Vasco, viramos noites picando papel A4 – diz Rodrigo Dias, que morou no Rio em 2009, quando o time disputou a Série B.