A batalha é longa. Desde janeiro são reuniões atrás de reuniões, viagens a Brasília, idas e vindas à Procuradoria Regional da Fazenda, somadas a promessas de que tudo se resolveria no meio do ano. Mas onze dias já se passaram em agosto e nada de oficializar o acordo de renegociação das dívidas com a Fazenda e da obtenção da última certidão para a assinatura oficial com a Caixa Econômica Federal. Isso significa que recursos de patrocinadores seguem bloqueados e que salários de funcionários e jogadores ainda atrasam.
Diferentemente do que bradou o presidente Roberto Dinamite no dia 22 de julho, quando apresentou o lateral-direito Fagner em coletiva de imprensa. A demora já causa mal-estar e muito desconforto entre funcionários e também no departamento de futebol do clube.
Após mais uma semana sem solução definitiva, a nova esperança da diretoria do Vasco é de que na próxima quarta-feira tudo seja, enfim, resolvido. Novamente, uma comitiva vascaína vai a Brasília para se reunir com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. O diretor jurídico do Vasco, Gustavo Pinheiro, admite que a demora é maior do que era esperado.
- É uma negociação que não é simples, porque sempre tem um detalhezinho ou outro para resolvermos e conversarmos - disse o dirigente do Vasco.
No futebol, o técnico Dorival Júnior, que completa um mês no clube neste domingo, tenta de todas as formas blindar o vestiário dos problemas que a diretoria batalha para resolver.
- A nossa obrigação é dentro de campo. Os jogadores estão entendendo tudo que está acontecendo. Está sendo tudo administrado internamente e a gente sabe que a diretoria está trabalhando como ninguém para que tudo se resolva e que o Vasco consiga ter vida própria. Mas dentro do vestiário isso não pode chegar - afirmou, com firmeza, o treinador do Vasco.
Ao lado de Dorival, o diretor executivo Ricardo Gomes também administra a expectativa para que as soluções do clube sejam definitivas. Nos bastidores, porém, ele também já não demonstra a mesma compreensão de outras oportunidades, embora reconheça todo o esforço feito. No início de julho, o técnico Paulo Autuori, seu amigo pessoal, deixou o clube por ter visto uma quebra de promessa da diretoria vascaína quanto ao acerto dos vencimentos na virada do semestre.
Diretor geral do clube, Cristiano Koehler espera que esta semana seja a defintiva para o presente e o futuro do Vasco. A reunião de quarta foi pedida pela Fazenda para últimos e derradeiros ajustes no acordo. O clube vai dar de entrada mais de R$ 20 milhões de um total de R$ 103 milhões que estão em execução da dívida tributária vascaína. Em cinco anos, o Vasco vai pagar cerca de R$ 70 milhões em dívidas atrasadas ao governo, em parcelas que variam de R$ 500 mil a $ 2 milhões, em aumento progressivo. Questionado a respeito dos focos de insatisfação e desconforto com a demora do acordo e da entrada de recursos do Vasco, o dirigente negou um problema e disse que tudo está sendo administrado.
- Se há insatisfação eu desconheço. Incômodo é normal, ninguém está confortável com salário atrasado. Não queremos deixar a chegar a dois meses e vamos conseguir resolver tudo até o fim da próxima semana. A reunião de quarta-feira vai vai bater o martelo do acordo - disse o diretor geral do Vasco.
Os salários de junho e julho do Vasco estão em atraso, sem falar em direitos de imagem de alguns jogadores do elenco. Por acordo com funcionários, o clube tem como data de pagamento o dia 20, portanto estaria há alguns dias de completar os dois meses de atraso. Com o acordo com a Fazenda, o Vasco consegue a última certidão que falta para assinar com a Caixa e receber os R$ 15 milhões do patrocinador. As CNDs também vão liberar a outra parte do pagamento da Nissan, além de outros recursos bloqueados, como de patrocinadores que até já deixaram o clube (BFG e Ale), mais as cotas de transmissão de TV.
Fonte: GloboEsporte.com