Volante do Nacional-AM se chama Roberto Dinamite e é vascaíno

Carlos Roberto de Oliveira vai conhecer em dois jogos pela Copa do Brasil o seu xará Carlos Roberto Santos da Silva. Um virou Dinamite ao explodir as redes do Internacional e ganhar o apelido de um jornal carioca nos anos 1970, o outro ganhou a homenagem do pai Ocival há 27 anos, quando nasceu em Manaus (AM). O Roberto Dinamite do Amazonas hoje é camisa 7 do Nacional, adversário do Vasco na Copa do Brasil. Os dois times se enfrentam nos próximos dias 20 e 28 de agosto pelas oitavas de final.

Apesar de toda idolatria - que começa dentro de casa - ao atual presidente do Vasco desde que chegou ao mundo, o cabeça de área do time manauara sonha mais alto ainda. O time já passou pelo Águia de Marabá, pelo Coritiba e pela Ponte Preta, com cinco vitórias e apenas uma derrota. Mas o Nacional quer mais.

- Somos a maior zebra da Copa do Brasil. O Coritiba veio aqui, cheio de banca, com Alex e tudo e tomou de quatro. Aqui somos muito fortes - avisou o jogador do Nacional, xará do presidente e maior ídolo da história do Vasco, Roberto Dinamite.

Como bom capitão do time do Nacional, Roberto Dinamite de Manaus faz a propaganda do seu estado e do time, que se reforçou e tem uma vantagem em relação ao Vasco. Vantagem que ele mesmo conta:

- Aqui, o salário é sagrado. Está sempre em dia! - diz, com veemência, o jogador do Nacional.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Roberto Dinamite, o meio de campo do Nacional, adversário do Vasco na Copa do Brasil.

GLOBOESPORTE.COM: Explica como é a história do seu nome e o seu apelido?

Roberto Dinamite: Meu nome é Carlos Roberto Santos da Silva. O Dinamite é Carlos Roberto de Oliveira. Meu pai queria que fosse Carlos Roberto Dinamite, mas minha mãe não deixou. Aliás, ele queria me dar nome de Dinamite antes, quando minha mãe nem sonhava em ter filho. O Roberto Dinamite é o maior ídolo da vida do meu pai. Tanto é que ele queria que eu nascesse na mesma data que ele, que nasceu dia 13 de abril. Mas nasci dia 4 de abril. Foi no mesmo mês, mas não no mesmo dia. Ele queria que nascesse certinho. Teve que me fazer na época da festa junina (risos).

E agora você vai conhecer o Dinamite, presidente do Vasco, ídolo do clube e do seu pai.

Pois é, Deus é tão bom que calhou de eu ser atleta profissional, que era o maior sonho do meu pai, e agora vamos enfrentar o Vasco.

Você é chegado a fazer gol também?

Nem tanto quanto ele fazia, mas se deixar a gente guarda um de vez em quando. Sou segundo volante, jogo mais para a defesa.

Já fez quantos?

Nunca me apeguei a números, mas fiz um bocado.

Tem uma ideia, mais de 50?

Não, não, menos de 50.

Imagino que, como seu pai, você também seja vascaíno, certo?

Sou vascaíno, claro. Aqui em casa todo mundo é vascaíno. Eu, minha mãe, minha irmã, que é casada com outro vascaíno, os sobrinhos são vascaínos. Agora, no jogo é outra coisa. Vou defender o meu clube. Mas é antes de tudo um sonho que só o futebol pode realizar. Talvez nem tanto o meu, porque o Dinamite não é muito da minha época, é mais do meu pai. Ele está impossível, sonhando com a hora do jogo. Ele está muito emocionado.

Como foi quando veio o sorteio, e saiu o confronto Vasco e Nacional?

Nossa... Eu e o grupo do Nacional estávamos pensando já nisso. Até pelo momento que o Vasco estava passando, um pouco em crise, a gente pensava: "Rapaz, tem que cair o Vasco. Se for, podemos passar pelo Vasco". E a minha vontade era enfrentar o Vasco, por causa do meu pai, para ver o Dinamite, para ver o Vasco aqui em Manaus, pela oportunidade que todos vamos ter de aparecer. No futebol a gente nunca sabe o dia de amanhã. E Deus botou esse jogo no sorteio.

Então vocês acreditam que podem passar pelo Vasco e chegar às quartas de final?

Nós somos a maior zebra da Copa do Brasil. O Coritiba veio aqui, cheio de banca, com Alex e tudo, e tomou de quatro. Foi 4 a 1 aqui em Manaus, perdemos de 1 a 0 lá, passamos. Contra a Ponte Preta, vencemos as duas por 1 a 0. Contra o Águia de Marabá ganhamos de 2 a 0 aqui e 3 a 1 lá em Marabá.

Você é de outra geração de torcedor do Vasco. Quem é seu ídolo no Vasco. E no futebol?

Eu sempre gostei de ver muito o Juninho, o Ramon, mas um um cara que gostava mesmo de ver jogar era o Raí. Um jogador clássico, muito inteligente.

Hoje o Dinamite é presidente do Vasco e recebe muitas críticas. Como você vê esse momento do Vasco?

Hoje o Vasco tem um grande problema que são os salários atrasados, né. Mas acho que o Dinamite também assumiu um rombo grande que já vinha do Eurico (Miranda, ex-presidente do Vasco). Ele não conseguiu cumprir muito as coisas, tem muita dívida também, mas não é só o Vasco, é coisa do futebol nacional, né?

A situação de vocês aí é assim também?

Não, aqui não. Aqui é sagrado o salário. Temos um apoio muito grande devido a Manaus ser sede de Copa do Mundo, tem um esforço para que o estádio que vão erguer não vire um elefante branco, então está todo mundo em dia. Mas os salários são menos, vai de R$ 9 mil a R$ 20 mil. Até por isso está uma pressão na garganta, porque foi feito um investimento muito grande. Chegaram jogadores de fora, sou o único amazonense do time. Tem o Rafael Mourisco, que foi zagueiro do Vasco, o Danilo, que passou pelo Grêmio e Atlético-MG...

E se vocês passarem do Vasco podem pegar o Flamengo, grande rival do Vasco e que enfrenta o Cruzeiro. Pensou nisso?

Já, claro. Se passar também vou dar a vida contra o Flamengo. Não ter nada melhor que vencer o Flamengo. A gente aqui em casa até brinca, como o Nacional está bem na Série C (é o segundo colocado), que se o Flamengo cair quero ir com tudo contra eles no ano que vem na Série B (risos).

(Nota da NETVASCO: O Nacional-AM disputa em 2013 a Série D do Campeonato Brasileiro. Confira aqui.)

E sobre o Vasco, no início do campeonato existia um temor geral de que o time era candidato ao rebaixamento?

Acho que não vai cair, não. Tem time muito pior lá embaixo. O Dorival Júnior é muito bom treinador, não acho que sofra risco, não.

Para fechar, o apelido de Dinamite já rendeu muita piada para te provocar?

Ah, sim. Mas eu nunca gostei da comparação, somos de posições diferentes e tudo mais. Mas quando fui para fora do país, joguei seis anos entre Croácia e Macedônia, os caras de lá descobriram quem era o jogador que deu origem ao meu nome, aí diziam: "Esse aí não explode nada". Tem narrador que fala que é "Roberto Bombinha", mas não ligo não (risos).

E sonha também em jogar em time grande do país?

Olha, eu passei muito tempo fora do país e acabei ficando só, sem empresário. O empresário que me viu jogar pediu para fazer um DVD uma vez, mas não tinha nem dinheiro para comer, quanto mais para DVD. Sou de origem muito humilde, sabe? Mas graças a Deus com o dinheiro que ganhei lá fora consegui me estabilizar, dar uma vida melhor para a minha família. Mas esse empresário acabou fazendo um DVD e depois ele sofreu um acidente grave que o impediu de trabalhar. Então hoje sou sozinho. Aqui no Brasil não tenho mercado. Tem um ano e meio que voltei e ainda bem que apareceu esse projeto do Nacional. Mas tenho vontade de jogar em outro centro, num lugar mais desenvolvido, acho que tenho condições. No Vasco, então, seria um sonho.

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