O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), estuda cancelar o contrato de concessão do Maracanã. A ação faz parte dos recuos feitos pelo peemedebista para tentar conter sua queda de popularidade após uma série de manifestações.
A drástica mudança em relação ao futuro do estádio, palco da final da Copa do Mundo, é consequência das recentes mudanças de planos do governo para o entorno do estádio.
Cabral já decidiu manter o parque aquático Julio Delamare e quer anunciar na manhã desta sexta-feira (2) uma reforma no estádio de atletismo Célio de Barros sem demoli-lo.
Enquanto a equipe do governador vê nas mudanças uma forma de responder às manifestações e conter sua queda de popularidade, o gestor do estádio calcula prejuízos por limitar a exploração comercial do espaço no entorno. No planejamento inicial, os dois equipamentos esportivos viriam abaixo para abrir espaço para a construção de estacionamentos, lojas e um heliponto. Eles seriam explorados economicamente pela concessionária.
O governador foi ferrenho defensor da demolição dos equipamentos para abrir espaço no entorno do estádio. A alegação era de que a arena não seria economicamente viável sem atividades econômicas em seu entorno. Pretendia-se aplicar no Maracanã o conceito do "dia de jogo", no qual os torcedores passariam mais tempo no local, consumindo nas lojas, bares e restaurantes.
Ao vencer a licitação, o consórcio Complexo Maracanã Entretenimento S.A. se comprometeu a realizar investimentos da ordem de R$ 594 milhões. Dentro do custo estava a demolição dos dois equipamentos e a construção de centros de treinamento num outro local para substituí-los. A guinada de Cabral surpreendeu aos empresários.
Convidado para a reunião da manhã de hoje, para definir o futuro do Célio de Barros, o presidente do consórcio Maracanã, João Borba, não confirmou sua presença. Participam do encontro além de Cabral, o presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Alberto Lancetta, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e o secretário de Esporte e Lazer, André Lazaroni.
O contrato assinado entre a concessionária e o Estado prevê seis possibilidades para término do contrato. A cláusula que deve ser usada será a de encampação, na qual o governo retoma a concessão "com a finalidade de atender o espaço público".
Fonte: Folha de S. Paulo