Rafael Vaz mostrou suas credenciais no quesito falta no último sábado, marcando um belo gol na vitória por 3 a 2 sobre o Criciúma. Entusiasta do fundamento, ele ainda tem a sorte de, agora no Vasco, poder contar com os sábios conselhos de quem conhece bem a questão: o ex-zagueiro Jorge Luiz.
Hoje, como auxiliar-técnico do Gigante da Colina, o ex-defensor se tornou um ícone para a posição no assunto cobrança de faltas.
Seja por Vasco, Corinthians, Fla, Botafogo, entre outros, ele se caracterizou pelos gols de falta batidos com extrema categoria.
– Na minha época, tinham grandes batedores de falta nos clubes que passei. Isso me ajudou bastante, pois sempre fiquei prestando atenção na maneira de bater na bola. Há os jogadores experientes, que sabem bater, e você precisa apreciar, olhar a maneira como bate, analisar a distância... – aconselha Jorge, citando Juninho como exemplo atual.
Como um aluno aplicado, Rafael Vaz comemora a possibilidade de adquirir conhecimento com referências do passado e do presente no Gigante da Colina.
– É bom saber que estamos trabalhando com profissionais que fizeram história em grandes clubes, ainda mais batendo falta. Para mim, é de suma importância trabalhar para, quem sabe, chegar no mesmo patamar um dia – destaca.
Com a experiência adquirida ao longo da carreira, Jorge Luiz faz questão de destacar, porém, o princípio básico do zagueiro:
– O Rafael tem um futuro promissor. O conselho que eu dou é que nunca perca a humildade. Uma coisa que eu sempre carreguei comigo é que quanto mais simples e mais fácil o zagueiro jogar, mais ele vai aparecer.
Aulas preciosas com Dinamite e Neto
Jorge Luiz teve mestres de se fazer inveja a qualquer batedor de falta hoje em dia. Em seus tempos de jogador, ele teve o privilégio de aprender, entre outros, com Roberto Dinamite, no Vasco, e Neto, no Corinthians.
– Minha oportunidade começou a surgir no Vasco, ao lado do Roberto. Comecei a olhar como batia e um dia ele até me deu um toque na maneira de se posicionar, pedindo para eu esperar uns dez segundos após o apito do árbitro para pegar o goleiro de surpresa, mais relaxado – recorda
Com Neto, Jorge Luiz lembrou, com humor, que o ex-corintiano, no início, não o deixava bater, mas, mesmo assim, sempre fez questão de observá-lo. Além da dupla, destacou os ex-parceiros Branco, Bebeto e Djair.
Primeira meta: não tomar gol
Embora esteja se destacando pelos gols e boa técnica, Rafael Vaz faz questão de frisar que sua primeira função é defender.
– Zagueiro tem que primeiro marcar e não tomar gol. Aí, sim, se tiver oportunidade, ajudar no ataque. Isso é o que eu vou procurar fazer: primeiro defender, não sou atacante. Enquanto não tomar gol, vou estar feliz – disse.
Bem até aqui, Vaz não esconde a felicidade pelo momento:
– Tenho que agradecer a Deus por tudo o que está acontecendo na minha vida e por estar podendo vestir a camisa do Vasco.
Bate-Bola
Rafael Vaz
Em entrevista exclusiva ao LANCE!
LANCE!: Você sempre treinou faltas?
Na base, eu treinava muito. Os treinos de falta eram mais para quem jogava do meio para frente, mas eu sempre gostava e pensava: ‘‘vai que um dia vai sobra uma oportunidade?’’. Zagueiro só vive de oportunidade, ainda mais em se tratando de bater falta. Então, sempre treinei este quesito.
LANCE!: Até você se destacar no fundamento, rolava certo preconceito por ser zagueiro?
Até hoje rola. Para pegar a bola é difícil (risos). Mas sempre treinei muito e observei os batedores para aprender cada vez mais.
LANCE!: E como foi o diálogo com Juninho na hora do seu gol de falta?
Na primeira bola que eu bati, o Juninho estava sentindo o pé. Aí, ele deixou eu bater. Na outra, que aconteceu o gol, ele falou: “essa aí é sua, pode bater”. Ter a confiança de um jogador como o Juninho, que é um grande batedor de falta, você fica bem mais seguro para a cobrança. Apesar disso, a gente sabe que o batedor é ele. Mas quando eu tiver oportunidade, vou tentar ajudar.
Ex-zagueiros goleadores do Cruz-Maltino
Dedé
O Mito é, disparado, o zagueiro com mais gols pelo Vasco. Entre 2009 e 2013, ele marcou nada menos do que 19 gols. Não à toa virou ídolo.
Jorge Luiz
Jorge Luiz também fez muitos gols pelo Vasco. Ele, que atuou no Cruz-Maltino no início da década de 1990, fez 14 gols durante a passagem pela Colina.
Mauro Galvão
Grande ídolo da torcida, Mauro Galvão fez 12 gols pelo Vasco. Ele ficou no clube entre 1997 e 2000, participando dos principais títulos.
Henrique
O zagueiro não chegou a cair nas graças da torcida, mas também fez seus golzinhos: 10 no total. Ficou na Colina até 2004.