Em tempos de 'arenas Fifa', São Januário teve festa à moda antiga

Domingo, 28/07/2013 - 15:21

Em tempos de arenas e estádios padrão Fifa, o charme de São Januário ainda faz a diferença. No reencontro do torcedor com o palco que os vascaínos ajudaram a construir nos anos 1920, a festa começou horas antes dos portões serem abertos. Ao redor do antigo estádio, próximo à Barreira do Vasco, torcedores se aglomeravam nos bares e em cada esquina bebendo cerveja da marca de sua preferência e comendo churrasquinhos e até algodão doce, artigo raro em jogos de futebol na cidade e no país que vai sediar a Copa do Mundo de 2014. A expectativa era grande e tinha um nome: Juninho. O maior público do ano em São Januário tinha a ver também com as boas novas - patrocinadores, reforços como Guiñazu, que já sentiu o carinho dos vascaínos no camarote, e até a simpatia por Dorival Junior -, mas era um encontro de três gerações para reverenciar um Reizinho.

Pais, filhos e netos compravam os últimos ingressos até quando a bola começou a rolar. A promoção no preço dos ingressos da área premium finalmente encheu o setor. De R$ 100, o ingresso caiu para R$ 60, o que favoreceu os vascaínos sem entradas, ávidos para rever Juninho e empurrar o time contra o fantasma do rebaixamento - que já virou palavra proibida em São Januário. Apesar da vitória no sufoco - depois de fazer 2 a 0, levar o empate e sair de campo com a vitória graças ao pé direito de Juninho e o peixinho de Edmilson -, o torcedor, entre o orgulho e o bom humor, cantou a plenos pulmões que “o campeão voltou”.

Coincidência ou não, era o mesmo coro da campanha da Série B, quando o torcedor vascaíno lotava o Maracanã, onde agora perdeu o seu lado tradicional, à direita das cabines de imprensa. Se a fase melhorou, coincidência ou não também, o presidente Roberto Dinamite deixou de lado a sala da presidência, onde assistiu a maioria das partidas e ficava inacessível aos protestos constantes dos vascaínos, que se revoltavam contra um dos maiores ídolos da história do clube.

Durante o jogo, a festa começou cedo, com o gol de falta de Juninho. A canção do “gol Monumental” ganhava a força das 20 mil vozes do estádio. De tão cheio em alguns setores, como nas cadeiras sociais, os vascaínos esbarravam com uma das poucas concessões de São Januário ao futebol moderno: há mais de um ano, no lugar das grades, o clube colocou um parapeito de vidro atrapalha os torcedores das primeiras fileiras de acompanhar em boa visão o jogo. Na hora dos gols, muitos se debruçaram ali para chegar o mais próximo possível de Juninho e de Edmilson, autor do gol do alívio e que ganhou música inspirada em outro ídolo.

- Ah, é Edmilson! Ah, é Edmilson! - gritavam os vascaínos, ao ritmo de “Ah, é Edmundo”, consagrado em 1997, no Brasileiro com campanha inesquecível liderado pelo ex-jogador e que tinha em Juninho um importante coadjuvante.

No apito final, o Reizinho uniu as mãos de todo o time e reverenciou a torcida, que ainda sonha com menos sufoco e mais motivos para voltar ao velho estádio para fazer uma nova festa.

Camisa antiga do ídolo, algodão doce e churrasquinhos convivem na porta do estádio


Fora de São Januário, estacionamento lotado e fila para entrar já com a bola rolando


Fonte: GloboEsporte.com