A lembrança da geral lotada no dia 27 de maio de 1984 não sai da cabeça do ex-ponta esquerda Marquinho, que naquela tarde defendia o Vasco. Já o capitão tricolor Duílio não se esquece até hoje de quando olhou para cima e viu torcedores sentados até nos refletores. Eram 128.721 pagantes e um público presente desconhecido. Afinal, não se tratava de um Fluminense x Vasco qualquer. Era a decisão do Campeonato Brasileiro, o confronto entre os dois clubes que contabilizou a maior torcida até hoje.
— Quando olhamos, tinha gente pendurada até nos refletores. Era muita gente. Todo mundo em pé. Quem viveu não esquece. A emoção de entrar e meio estádio gritar o seu nome. Chego a arrepiar de lembrar isso — recordou Duílio.
Uma emoção vivida graças à magnitude do Maracanã e de suas arquibancadas que pareciam não ter limites para quem quisesse entrar. Mas, nesse dia, a metade tricolor do estádio foi quem saiu de lá comemorando.
— O Vasco vivia um momento melhor. Mas clássico se nivela. É aquilo: se decide nos detalhes. E o Fluminense aproveitou um deles com o Romerito (autor do gol do título, marcado na primeira partida). Como era um time fechadinho, a gente não conseguiu virar o jogo — lembrou Marquinho, que, independentemente do resultado, reconhece que foi um duelo marcante.
— Todo mundo sentiu um friozinho na barriga antes de entrar. O Maracanã cheio é uma coisa incrível. Parece que tudo vai desabar em cima de você — contou o vascaíno, que teve a oportunidade de dar uma volta olímpica pelo clube de São Januário no Estadual de 1982, quando ele mesmo marcou o gol do título sobre o Flamengo. No Maracanã, é claro.
A combinação Fluminense, Vasco e Maracanã tem como resultado histórias que não saem da cabeça de seus personagens. Desde embates memoráveis aos duelos que se destacaram pelo inusitado, como no duelo pela Taça Rio de 1985.
— As duas equipes já estavam eliminadas e tivemos que jogar no Maracanã só para cumprir tabela. O jogo foi marcado para às três da tarde. Três da tarde! Imagina o calor que estava fazendo. Aí os jogadores entraram com aquele pensamento: se você não me marcar eu também não te marco — disse Duílio, que até riu ao ser perguntado do resultado. — Você acha o quê? 0 a 0.
Um marasmo que provavelmente estará longe hoje. Uma festa para dar início à nova fase do gigante. Que seja igualmente gloriosa.