O clima de despedida já estava no ar naquela noite de 22 de agosto de 2010. Tanto que 80.080 torcedores estiveram no Maracanã para assistir ao empate em 2 a 2 entre Fluminense e Vasco, pelo Brasileirão, que marcava o último clássico antes do fechamento do estádio para a ampla modernização. Na época, o Tricolor ainda sonhava com o título que não acontecia desde 1984, e o time cruz-maltino se reestruturava após a Série B disputada na temporada anterior. As mudanças em campo também foram muitas, e Gum e Eder Luis são os únicos titulares que resistem, respectivamente. De quebra, fizeram gols no duelo. (relembre o jogo no vídeo ao lado)
A partida marcava a estreia de Deco na equipe então comandada por Muricy Ramalho. Hoje, o apoiador, que entrou no segundo tempo, volta a ser titular em sua possível última competição como profissional. Do outro lado, Felipe, Zé Roberto e o próprio Eder reforçavam há pouco tempo um grupo que começara mal das pernas no retorno à elite nacional.
A saideira oficial do estádio aconteceria duas semanas depois, com o empate entre Flamengo e Santos. E só mais quatro partidas estavam marcadas para o velho palco carioca entre ambas. Por isso, Gum se lembra com carino da atmosfera daquele encontro.
- Foi um jogo marcante. O Maracanã estava lotado contra o Vasco, dividido meio a meio na arquibancada e fiz um gol logo no começo da partida. Ver a explosão da torcida naquele clássico foi algo especial. Eu guardo com muito carinho aquele jogo - revelou o zagueiro, que abriu o placar após rebote de Fernando Prass em cabeçada sua.
Entre glórias, mas sem escapar das críticas eventuais, o camisa 3 se firmou, entrou para a história do Flu com dois canecos brasileiros e um carioca, e sempre foi homem de confiança dos técnicos. Além daquele gol, destaca apenas outros inesquecíveis como o do clássico.
- Em 2009, fiz dois gols num empate com o Inter (2 a 2) e aquele ponto foi importante para a gente fugir do rebaixamento. O gol contra o Cerro Porteño no final da semifinal da Sul-Americana 2009. Contra a LDU na decisão depois, nos dois jogos o Maracanã estava lotado - citou.
As atuações naquele campeonato, somadas ao primeiro semestre de 2011 - quando marcou o gol do título da Copa do Brasil -, fizeram Eder Luis cair nas graças dos vascaínos. Veloz e habilidoso, demonstrou que seria muito útil ao clube e foi comprado ao Benfica, de Portugal, posteriormente. Hoje, apesar do voto de confiança, a fase não é boa. O atacante explica o que mudou de lá para cá e tenta se agarrar na memória daquela noite.
- Lembrar de coisas boas é bom, esquecer o negativo de vez em quando. Cheguei discreto, sem muita responsabilidade e me sentindo bem. Depois apareceram as dificuldades, mas nunca desisti. Se existe a cobrança, é porque você pode render mais. Todo treinador que chegou no Vasco me deu força e apostou em mim - ressalta o camisa 7, que dá o crédito da jogada de seu gol a Carlos Alberto, que acertou a assistência precisa num contra-ataque.
Eder espera reeditar a união com a arquibancada e enaltece a nova cara do estádio.
- A alegria, festejar com o torcedor... estamos ali para isso. Principalmente no Maracanã, que é especial. E agora voltando ao estádio, essa é uma boa memória. Merecíamos vencer aquela partida, estávamos melhor. Mesmo com o gramado menor (as dimensões foram reduzidas para o padrão Fifa) e as mudanças, é o Maraca. Todos vão se adaptar porque está bonito e com estrutura melhor. Tomara que possamos nos impor e sair com a vitória.
Com um time experiente, o Fluminense não deve estranhar o peso do palco, porque todos os seus prováveis titulares já jogaram lá pelo menos uma vez. Aliás, além de Gum e Deco, Diguinho e Leandro Euzébio, reservas na ocasião e neste domingo, também já estavam nas Laranjeiras. Já o Vasco, em processo de renovação, tem quatro estreantes: o goleiro Diogo Silva, o zagueiro Rafael Vaz, o lateral Henrique e o atacante André.
Outro detalhe curioso é que Fagner, que acaba de acertar a volta a São Januário, esteve em campo naquele clássico e marcou o segundo gol cruz-maltino da noite. Julio Cesar fecharia o 2 a 2. O Vasco, aliás, chegava a oito confrontos sem derrota para o Flu em Brasileiros, jejum que seria quebrado meses depois, no segundo turno, com o 1 a 0 no Engenhão.