A escalada de Henrique com a bola nos pés começou na década de 90. Foram anos de futsal, Olaria e empenho nas categorias de base do Vasco. Mas não adianta. O futebol impõe uma divisória que separa o brilho do ostracismo. Diante dos holofotes, o próximo passo pode ser fundamental para o caminho que o lateral-esquerdo de 19 anos vai trilhar. Sua estreia pelo time profissional acontece neste domingo, no clássico contra o Fluminense, em um Maracanã ainda com cheiro de tinta, após a ampla reforma para a Copa do Mundo. Escolhido por Dorival Júnior para acabar com a irregularidade da posição, a promessa se apoia na bênção de Felipe, ídolo criado em São Januário e que fez história com a camisa cruz-maltina.
Quando Henrique nascia, o hoje meia do Fluminense preparava sua ascensão no clube. Quis o destino que ambos fossem agenciados pelo mesmo empresário, Reinaldo Pitta. E descobriram uma coincidência. Valter, tio do lateral, atuou com o Maestro no início da carreira. Antes mesmo de se aproximarem, no entanto, seus treinadores já destacavam que o estilo se assemelhava: dribles curtos, vocação ofensiva e passes precisos.
Felipe vai estar no banco de reservas do Tricolor, assistindo Henrique ter sua chance no lugar de Wendel, que, improvisado, não rendeu contra o Flamengo. De ofício no setor, o peruano Yotún se recupera de lesão. E tentará melhor sorte do que Dieyson, que não emplacou, e de tantos outros oriundos da base, como Diego, Edu Pina, Diogo e Carlinhos na última década. Em situação parecida, o goleiro Diogo Silva fará sua segunda partida pelo Vasco. Dorival comentou a impressão que teve dos dois jogadores e quer observá-los melhor.
- Titularidade é momentânea, a oportunidade está dada. Eles têm qualidades e precisam mostrá-las. Estamos observando todos de um modo geral, para que tenhamos uma equipe mais segura, equilibrada e competitiva, dentro do padrão que buscamos e que a gente possa alcançar - afirmou o treinador, que terá o veterano Juninho em sua reeestreia.
Henrique conquistou o chefe no jogo-treino entre juniores e reservas, na terça-feira, e nos elogios passados por Sorato, técnico da categoria, em longa conversa que tiveram. Dono da vaga desde a Copa São Paulo, o lateral teve as características enumeradas por Sorato.
- Ele tem uma característica ofensiva muito boa. É veloz, bem agudo e tem cabeça boa, muito obediente taticamente - elogiou.
No juvenil, Henrique ainda era meia-esquerda. Foi deslocado por Tornado, técnico que já deixou o Vasco por necessidade da posição. E nunca mais saiu. Agora, luta para cair nas graças da torcida e renovar o contrato, que só vai até outubro. A tendência é que ele seja estendido por mais três ou quatro anos, de acordo com as primeiras conversas com o coordenador da base, Mauro Galvão.
- Ele possui muita qualidade técnica. É um jogador de velocidade e muita habilidade. Acho que ele precisa ainda ser lapidado, o que é normal por ainda ser um jogador de 19 anos. Ele tem tudo para chegar bem no profissional. Lembra muito o Felipe em seu auge no Vasco. Henrique é um tipo que sabe iludir o adversário. Por ele ter sido meia, o adversário não sabe para qual lado ele vai executar o drible - disse Tornado, ao blog "Meninos da Colina".
Amigo do meia Guilherme Costa desde a infância, Henrique escreveu em seu perfil no Facebook um texto que demonstrava sua alegria com o espaço meteórico no time:
- Ontem (quarta-feira) fiz o meu primeiro treino com o time profissional do Vasco e foi um dos dias mais felizes da minha vida, um grande sonho realizado! Mas a minha caminhada está apenas começando e vou manter sempre os pés no chão, dando um passo de cada vez, com determinação, tranquilidade, humildade e muito trabalho. Só tenho que agradecer a Deus por realizar este sonho e me abençoar nessa caminhada! - diz o post.
O Vasco adota como filosofia a blindagem dos jogadores jovens integrados ao grupo profissional, que só costumam dar entrevistas após se consolidarem.
Fonte: GloboEsporte.com