Adversários deste domingo, às 18h30m, no Maracanã, Fluminense e Vasco não largaram bem no Campeonato Brasileiro. Após sete rodadas, cada um já foi derrotado em quatro delas. Apenas o lanterna Náutico perdeu mais vezes. Em comum, têm cometido erros recorrentes. Na zona do rebaixamento, o Cruz-Maltino paga o preço pelas constantes mudanças no time titular e no comando. O Tricolor, por sua vez, mantém quase o mesmo plantel do título de 2012, mas tem vacilado justamente naquele que já foi o seu ponto forte: ataque eficiente, somado à defesa pouco vazada.
Vindo de três rodadas sem pontuar, tem sido comum a imagem de Abel Braga com as mãos na cabeça, lamentando uma oportunidade perdida. Isso ocorreu com frequência nos duelos com Botafogo e Inter, quando o Tricolor apresentou maior volume de jogo, mas não soube transformar a superioridade em vitória. Foram dois gols marcados, quatro sofridos e titulares importantes com rendimento em queda livre em comparação com outros momentos.
Em São Januário, a situação é ainda mais preocupante. Dorival Júnior, o terceiro técnico na temporada, tem a missão de dar padrão a um time em constante mutação, ainda recebendo reforços e que vinha sofrendo, como atenuante, com grave crise financeira, aos poucos contornada pela entrada de novos patrocinadores e de acordos para dívidas trabalhistas e fiscais.
O GLOBOESPORTE.COM listou, analisou e repercutiu os principais erros dos rivais. Confira:
FLUMINENSE
De arma letal, ataque sucumbe
Na vitoriosa campanha do Fluminense no Brasileiro de 2012, o time era considerado mortal. Muitas foram as partidas em que jogou mal, levou sufoco, viu o adversário bombardear a meta de Cavalieri e, mesmo assim, venceu os jogos. Bastava um ataque bem armado para assegurar mais três pontos. No atual nacional, no entanto, a história tem sido diferente. O Tricolor tem apresentado volume de jogo e finalizado mais que os adversários. Porém, a bola parou de entrar.
O Tricolor é o sexto time que mais chuta a gol no Brasileiro e o quarto que mais cria chances claras. Mesmo assim, perdeu mais que venceu. As duas últimas derrotas retratam o quadro. Foram 36 finalizações, somando os duelos contra Botafogo e Inter, mas apenas dois gols. Em contrapartida, sofreu somente 14 arremates contra sua meta e foi vazado quatro vezes.
- São coisas do futebol. No ano passado, muitas vezes jogamos mal e vencemos. Agora estamos jogando bem e não vencemos. Criamos as oportunidades, e a bola não entra. Acho que é falta de sorte, daqui a pouco isso muda - analisou o lateral-direito Bruno.
Selecionáveis apagados
A má fase também pode ser atribuída a queda de rendimento de jogadores importantes. O goleiro Cavalieri, destaque em 2012, falhou nos dois últimos jogos e assumiu os erros. Foram apenas duas defesas difíceis realizadas. O artilheiro Fred não balançou a rede depois da brilhante participação na Copa das Confederações. Rhayner, xodó da torcida e que será barrado contra o Vasco, não repetiu contra Alvinegro e Colorado as boas atuações de maio.
Nas rodadas em que foi titular no começo e destaque do time, o meia-atacante teve média de 4,6 roubadas de bola por jogo e recebia quatro faltas por partida. Depois da pausa da competição, roubou só 1,5 bola por duelo e sofreu somente uma falta em dois confrontos.
- O Rhayner chegou ao Fluminense e passou por uma fase de adaptação. Jogou muito bem e fez grandes partidas pela equipe, mas depois teve uma queda leve, o que é normal - analisou Abel Braga.
Apagão no fim dos jogos
Os dez gols que o Flu sofreu no Brasileiro foram das formas mais variadas, o que não evidencia uma fragilidade específica da defesa. O que mais chama a atenção é que, das quatro derrotas, três ocorreram com gols nos minutos finais da partida. Foi assim diante do Coritiba (2 x 1), Portuguesa (2 x 1) e do Botafogo (1 x 0), quando o time perdeu ao menos três pontos por desatenção no fim.
- Acho este fato uma coincidência. Mas sempre no futebol o gol sai de algum erro, seja individual ou de posicionamento. Contra o Botafogo teve ambas as coisas - disse Abel.
VASCO
Bolas nas costas são fantasma
O vascaíno menos atento pode não ter reparado ainda, mas a pior defesa do Brasileirão (ao lado de Náutico e Atlético-PR) tem um ponto fraco mais evidente: as jogadas pelas pontas. Foram pelos lados do campo que surgiram nove dos 14 gols sofridos. Lances em que a marcação afrouxou, foi envolvida ou simplesmente não existiu são corriqueiros.
Laterais e pontas adversários exploraram o corredor deixado por Nei, Elsinho, Yotún ou Wendel frequentemente e se deram bem. A goleada por 5 a 1 aplicada pelo São Paulo e o revés por 5 a 3 para o Inter são exemplos claros, assim como o lançamento longo do Vitória para abrir o placar, que caiu nas costas de Yotún e não teve cobertura (veja o vídeo). O Vasco não levou gols de falta ou oriundos de escanteio. De pênalti, só um. E poderia ter sido mais grave: outras 12 chances claras, parecidas, foram desperdiçadas.
- O Dorival chegou e logo tocou num ponto chave: não devemos deixar o adversário vir tão livre. Precisamos aumentar nossa pegada, como até fizemos um pouco mais no segundo tempo do último jogo (contra o Flamengo). Temos que continuar assim. Tivemos momentos bons de marcação e mais frouxos, mas não conseguimos em momento algum jogar. O conjunto todo tem que funcionar. Nós levamos dez gols em dois jogos (contra São Paulo e Inter). São números muito altos. Temos que diminuir - constatou o zagueiro Renato Silva.
Metamorfose ambulante
A repetição da escalação é algo raro na Colina. Muito por conta das mudanças de técnico. Paulo Autuori começou o Brasileirão quando não tinha nem dois meses de trabalho e deixou a nau, incomodado com promessas não cumpridas. Antes, Gaúcho orientou um grupo que ainda não tinha oito nomes que desembarcaram recentemente. Entre quatro ocasiões, houve de quatro a seis alterações de um jogo para o outro. O mínimo foram duas trocas - não por acaso, após os únicos triunfos, sobre Portuguesa e Atlético-MG.
Como consequência, a falta de entrosamento é um vilão que persegue o Vasco. Foram 25 jogadores utilizados. Há nove opções para o ataque, e três delas - Leonardo, Robinho e Reginaldo - ainda sequer entraram em campo. O reflexo, além dos erros no sistema defensivo, é um alto número de passes errados. Em seis das sete rodadas, a equipe cruz-maltina entregou mais bolas do que o adversário, mesmo com posse de bola bem menor em quatro deles.
A falta de um camisa 10
Juninho e Montoya foram contratados com a incumbência de resolver outro problema crônico: não há um armador de ofício, alguém cuja cabeça e os pés definam as jogadas com qualidade. Dakson, Alisson, Pedro Ken, Carlos Alberto, todos passaram pelo setor e contribuíram para que, especialmente como visitante, o Vasco não fosse efetivo. Tanto que o clube ocupa a lanterna do ranking em chances de gol criadas. Foram 17, média de 2,4 por jogo. O Cruzeiro lidera esse dado com 51 oportunidades, média de 7,2 a cada rodada.
Em finalizações e roubadas de bola, o Cruz-Maltino também se aproxima da zona de rebaixamento. Ciente destes índices, Dorival pede calma e tempo para melhorar.
- É muito pouco tempo para ter uma assimilação completa do trabalho. Vai ser necessário um tempo maior. Com o Paulo (Autuori) estava em processo de formação, é natural que leve mais um tempo. É mais que necessária essa boa transição de bola, e com dois meias deve melhorar. As características do Juninho, que retém mais a bola, que dá um timing para a equipe, serão importantes - avaliou o treinador, nesta sexta-feira.
Fonte: GloboEsporte.com