A irritação do Vasco com o Fluminense antes do clássico de domingo, às 18h30, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, continua. O Tricolor assinou contrato de 35 anos com o consórcio que administra a arena e teve a prioridade para escolher fixar sua torcida e instalações no lado historicamente utilizado pelos cruzmaltinos. Com isso, os dirigentes do clube de São Januário iniciaram um boicote com o objetivo de render um prejuízo de pelo menos R$ 500 mil ao rival.
Como não conseguiu limitar a carga de sua torcida a 10% após ofício protocolado na Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), o Vasco mantém a convocação em cima das palavras do presidente Roberto Dinamite para que os torcedores não compareçam ao clássico, ou que comprem ingressos do setor destinado ao consórcio. Até a noite da última quinta-feira, 6 mil vascaínos haviam adquirido bilhetes - mais do que os 10% pertencentes ao Fluminense no Maracanã.
O Cruzmaltino tem direito a 21.500 ingressos localizados atrás do gol de acesso pela rampa do Bellini. A expectativa dos cartolas vascaínos responsáveis pela operação do jogo é que a torcida compre pouco mais de 10 mil entradas. Desta forma, 11.500 bilhetes não seriam vendidos. Como a estimativa é de que metade desses ingressos sejam comercializados pelo valor de meia-entrada (R$ 30), o Flu pode amargar um prejuízo de R$ 517.500,00, já que é detentor de 100% da renda das cadeiras atrás dos gols.
As torcidas organizadas do Vasco avisaram sobre o protesto do lado externo do Maracanã no domingo. Inclusive, elas terão o apoio da Frente Nacional de Torcedores no processo. A ideia é questionar os gastos com as obras do estádio e a quebra da tradição de mais de 60 anos. Além da iniciativa de não comprar ingressos, os dirigentes vascaínos orientam os torcedores a adquirir apenas bilhetes do setor misto, cuja renda é destinada ao consórcio e sem participação do Fluminense.
“As organizadas estão fazendo a parte delas para não entrar no Maracanã. Elas não podem impedir quem comprou ingresso de entrar e já foram avisadas pelo Gepe [Grupamento Especial de Policiamento em Estádios]. Mas a nossa orientação é para que os torcedores comprem o ingresso de arquibancada mista. Essa renda vai apenas para o consórcio. O lado do Vasco é que não deve encher”, afirmou o vice-presidente de patrimônio do Vasco, Manuel Barbosa.
Questionado sobre um possível boicote vascaíno, o presidente do Fluminense amenizou o discurso em coletiva na última quarta-feira e declarou que a prioridade é garantir segurança e conforto para as duas torcidas. “Cada um cuida da sua vida. Nosso papel é cuidar da nossa torcida e garantir segurança para que os vascaínos sejam muito bem recebidos. Vamos tratar com carinho os dois torcedores. Se eles não quiserem, por algum motivo, ir ao clássico, vida que segue”, disse Peter Siemsen.
Apesar do boicote anunciado, a Polícia Militar mantém o esquema de segurança destinado para o clássico e pretende redobrar a atenção com confrontos na parte externa do estádio e protestos. Serão 250 policiais na parte interna, 400 pelas ruas de acesso, 600 seguranças particulares, além de 30 viaturas e agentes de batalhões especiais.
A guerra entre os clubes começou em razão da inversão dos lados no estádio. O Fluminense assinou contrato de 35 anos com o consórcio que administra a arena e optou pelo acesso da rampa da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). O setor era utilizado pelos vascaínos desde a década de 50. A quebra de tradição foi criticada pelos cruzmaltinos e recebeu o apoio da Ferj. Entretanto, o Tricolor mostrou-se irredutível e colaborou para o fim da boa relação entre as diretorias.
Fonte: UOL