A venda de Dedé para o Cruzeiro, em abril, representou o ponto final na lista de ídolos que deixaram o Vasco nos últimos meses e também na geração campeã da Copa do Brasil e vice do Brasileirão, ambos em 2011. De lá para cá, a diretoria tentou driblar a grave crise financeira para repatriar um jogador de renome que afagasse o torcedor. O goleiro Hélton virou alvo, mas foi a inesperada volta de Juninho que mexeu com o clube. No dia a dia, até a presença de público nos treinos em São Januário vem crescendo novamente em função do camisa 8.
A má fase do time no Campeonato Brasileiro não parece ser suficiente, por enquanto, para fazer com que o clima de protesto seja mais intenso do que o assédio particular ao Reizinho, a grande atração de um elenco recheado de apostas e atletas em busca da volta por cima. Na quarta-feira, cerca 40 pessoas não descolaram do vidro que separa arquibancada do campo à espera da aproximação de Juninho, que retribuiu com acenos e, depois, com autógrafos.
A postura do meia, regularizado na CBF, é de discrição. Ainda sem reestrear, evitou festejos ao se apresentar e convive com a própria expectativa sobre se vai ser capaz de render no mesmo nível de 2012, após um semestre ruim no New York RB, dos Estados Unidos. No elenco, porém, o status de referência e exemplo pela identificação com o Vasco, pela qualidade com a bola no pé e pelos títulos conquistados na carreira mexe com a confiança dos mais jovens.
- Ele é uma referência, tem história no clube, isso já é um bom começo para nos ajudar. E ainda mais o que ele pode fazer em campo. Por tudo o que fez, dá confiança ter ele aqui. Todos pensam: poxa, estou jogando ao lado do Juninho, um grande ídolo do Vasco e do futebol. É muito legal - revelou o zagueiro Rafael Vaz, de 24 anos, em sua primeira chance na Série A.
A longevidade somada à decisão de retornar sem receber salários chamou a atenção também de jornalistas franceses. O repórter Zinedine e o cinegrafista Olivier têm acompanhado de perto as atividades do camisa 8, venerado no Lyon pelo heptacampeonato obtido, e preparam uma reportagem para negociar com uma TV local, na qual também incluirão a história de superação de Ricardo Gomes, outro destaque no país por sua passagem por PSG, Bordeaux e Monaco. Hoje diretor de futebol, foi jogador e treinador na França, onde se tornou muito respeitado.
Apesar de serem apenas cinco meses de contrato, o departamento de marketing do Vasco já se movimenta para criar ações que utilizem a imagem do meia, assim como a sua despedida oficial, antes incerta, em evento que deverá ser do nível ao oferecido a Edmundo - e, em escala menor, a Pedrinho. Promessas da base, como Luan, Jhon Cley e Guilherme, têm sido o alvo do setor, ao lado de Tenorio, um dos únicos que sobraram a causar frisson por onde passa. A linha de produtos personalizados deve começar a sair da gaveta mais uma vez.
Em breve, Juninho deve assumir a posição de armador da equipe, logo em um setor que sofre com a pouca eficiência. Terá a seu lado o colombiano Montoya, e não mais Felipe e Diego Souza, dois dos medalhões que o ajudavam a atrair o apoio e a esperança da torcida. Outro papel que cabe ao Reizinho é o de cobrador de faltas, sua especialidade. Fellipe Bastos e Rafael Vaz eram as opções - e já marcaram gols de longe. Mas o zagueiro já passou o posto:
- Vamos continuar treinando, mas tem um especialista na área agora. Se ele quiser bater, é dele (risos). Minha parte é mais defender. Vou aprender. Se tiver chance, vou arriscar, mas a preferência é toda dele - comentou Vaz, em absoluto tom de humildade.
Fonte: GloboEsporte.com