Fazer com que o Complexo Maracanã dê lucro tanto para a empresa que representa quanto para os clubes cariocas é apenas um dos desafios de João Borba. Segurança, alimentação, comportamento da torcida, shows, além de outros temas passaram a integrar o dia a dia deste profissional.
Nesta entrevista ao LANCE!Net, Borba tirou as principais dúvidas que têm atormentado os torcedores. Dentre elas, como estão as negociações para Flamengo e Botafogo atuarem no Maracanã.
O senhor já celebrou uma parceria com o Fluminense e, agora, tenta o Flamengo. Se não acertar com o Rubro-Negro, a Maracanã S.A. desiste de administrar o estádio?
Diria que não estou considerando, hoje, que a gente não chegue a uma negociação final com o Flamengo, porque é muito bom para os dois lados. Então não ter o Flamengo é uma coisa que eu não queria considerar agora no meu plano de negócios.
O Flamengo está fazendo jogo duro?
O Flamengo é o seguinte: precisamos ter uma receita que não seja só do futebol. Então, como elaboramos essa engenharia financeira? Venderemos um pacote corporativo para garantirmos esses recursos através de longo prazo. Vender camarotes por três, cinco anos. Cadeiras premium, se vende o máximo possível para grupos corporativos por uma temporada inteira. Nesse sentido, eu digo para o clube: 'não reparto camarote com você'. E o Flamengo disse: 'preciso também destes camarotes'. Este é um ponto que a gente está ajustando. Então, a gente precisa chegar em um bom termo. O segundo ponto: o Flamengo reclama muito dos 35 anos. É um longo prazo? É. Mas este negócio é um negócio de longo prazo. Apesar de os interesses serem diferentes, acredito que vamos chegar a uma negociação final e estamos bem perto disso
E o Botafogo?
O Botafogo não é questão de um prazo menor, é uma necessidade. Ele precisa fazer X jogos por dois anos, que é o tempo de o Engenhão ficar pronto. Só que depois ele diz para mim: 'eu quero jogar os meus clássicos no Maracanã'. Por que? Porque quer colocar mais que 45 mil lugares do que ele tem lá, quer botar 70 mil. Então, é uma negociação que a gente vai ter para o longo prazo. Vamos fazer o seguinte: um contrato de longo prazo que não vai ter prejuízo nenhum para ele. Se o Fluminense fará um mínimo de 30 jogos, o Botafogo pode ser até 15 jogos. Por isso, pode perfeitamente ser 35 anos.
E como será tratada a questão entre o futebol e a realização de shows no Maracanã?
Vamos priorizar o futebol e pretendemos trocar o gramado somente no fim do ano. Por isso, terminou nossa temporada esportiva, realizarei dois mega shows, durante o período das férias dos jogos. Aí, dá tempo de remover toda a grama e coloco uma nova para a próxima temporada. Queremos realizar um mínimo de 60 jogos e dois shows por ano.
Os stewards (seguranças privados) serão mantidos nos jogos no Maracanã?
Sim. Os stewards vão ser os orientadores de público. E zelar pela instalação como um todo: cadeiras, banheiros, invasão ao gramado.
E como será a atuação da polícia militar?
Estamos conversando com a polícia militar porque não a queremos de forma ostensiva, dentro do campo. Em conjunto, preparamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que tratará de todos os detalhes. Dirá, por exemplo, onde os policiais vão ficar, como irão agir.
O lugar marcado também será mantido?
Vai ser mantido. Em um primeiro movimento, será como na Copa das Confederações. O torcedor compra o ingresso para um setor e o sistema define a posição de seu assento. Mas já estamos trabalhando para implantar um sistema idêntico ao do cinema, em que a pessoa escolhe o setor e o seu próprio assento. Para o dia 21, no clássico entre Fluminense e Vasco, por questão de tempo, será como foi na Copa das Confederações.
Não há mais separação entre a arquibancada e o campo. Haverá alguma barreira para separar esses setores?
Não. E vou correr este risco. Mas irei dar ênfase a invasão no TAC que estamos escrevendo. Pelo Estatuto do Torcedor, a pessoa que invadir o campo é presa. Então, correrei este risco e vou usar o que está no Estatuto do Torcedor para punir.
E na arquibancada haverá divisão?
Vai. Vou fazer porque este risco não dá para correr.
Quanto ao comportamento do torcedor, haverá algum código de conduta?
Não, nada será proibido. Teremos espaço para as charangas, para quem quiser levar bandeira, torcer sem camisa. Mas vamos tentar implantar educacionalmente uma nova filosofia, até para que as família voltem.
E a questão da derrubada do estádio de atletismo e o parque aquático?
Esperamos pela decisão da justiça. Mas se eles permanecerem complica, porque perdemos o conceito de complexo. Ficamos impedidos de criar uma atmosfera familiar. Muito mais do que valor, você perde o conceito.
O senhor já tem um valor mínimo de custo da realização de jogos no novo Maracanã?
No mínimo, vamos gastar R$ 350 mil por partida.
Fonte: Lancenet