Eurico, sobre eleições do Vasco: 'Serão em junho e eu vou voltar e vou ganhar'

Sexta-feira, 12/07/2013 - 07:20

Eurico solta o verbo, detona o Dinamite, a CBF, a Dilma e o Flamengo e anuncia sua candidatura à Presidência do Vasco

Biri: O prazer de ganhar do Flamengo era o que mais te motivava no seu tempo de cartola?

Eurico: Sempre tive esse prazer do ganhar do Flamengo. Sempre provoquei muito e é claro que é uma faca de dois gumes. Quando você perde o troço vai pra cima de você. No meu tempo de dirigente ganhei mais que perdi. Criei aquela coisa de campeonato à parto. Cada vez que você joga com o Flamengo é um campeonato à parte.

Biri: Você falou que o IBOPE, no futebol, não fornece informações muito confiáveis.

Eurico: Claro! Toda pesquisa do IBOPE em matéria de futebol é fajuta! Eu respondo com uma pergunta: você conhece alguém que já foi entrevistado pelo IBOPE? Você tem algum amigo que tem um amigo que foi entrevistado pelo IBOPE?

Biri: Não, mas por que na política eles acertam?

Eurico: Não sei se eles acertam ou erram na política. Vou te dizer como acontece a pesquisa no Flamengo. A pesquisa é uma questão de estatística. E uma ciência e depende de como você aplica. Sabe como é que eles fazem? O entrevistador passa no ponto do ônibus o aborda, de preferência, mulher, e pergunta: que time você torce? Ela vai dizer logo: Flamengo. Mas o pesquisador não valida a pergunta perguntando se ela já foi a um campo de futebol. Essa tal chamada maioria esmagadora, é feita por eles [pesquisadores].

Biri: Então você quer dizer que o Flamengo é aquela última opção, tipo "qualquer um. Escolhe aí"?

Eurico: Não. É a maneira como você formula a questão. A forma que você induz a isso. Isso é a mesma coisa que a pesquisa da Globo. A Globo tá dando traço (fazendo barulho de TV fora do ar], mas o cara fica na Globo! Mesma coisa é o Flamengo. A pessoa diz que é Flamengo, mas não sabe a formação do time, nunca foi a um estádio.

Biri: E as próximas eleições no Vasco?

Eurico: Serão em junho e eu vou voltar e vou ganhar!

Biri: Você já falou isso pra alguém ou é a primeira vez?

Eurico: Todo mundo fica na dúvida e vão ficar até a hora em que eu lançar mesmo.

Biri: Qual o jogador que mais te deu trabalho?

Eurico: O Elton não me deu muito trabalho não... Os caras vieram aqui e roubaram. Barrei o Carlos Germano - na decisão do Mundial - pra botar o Elton. Por que eu barrei o Carlos Germano? Porque ele veio dizendo que tinha negociado com o Santos. "Então você tá fora!'". Igual o Luisão uma vez: "ah, minha cabeça não tá boa, tô pensando lá na Espanha...". Ah, não tá boa? Então vai com Deus, meu filho!

Biri: O Luisão tava no auge. Foi uma coisa inteligente dispensar numa véspera de decisão?

Eurico: Isso é uma questão política. Os caras são contra o Vasco. Aquilo ali se resume no voto. Se eu tivesse os clubes pequenos comigo eu ganhava deles sempre e a coisa seguiria como a gente queria...

Biri: É interessante pro campeonato ter os times pequenos?

Eurico: Claro! O pequeno é que dá graça! Isso vem lá de trás. Eu chamava os clubes pequenos de "respiradouro". A gente vinha de um clássico, perdia. A torcida ficava muito queimada, mas a gente respirava. Aí pegava dois times pequenos a seguir e ganhava! Já levantava de novo. Aquilo era o respirador. Além disso, os clubes pequenos eram sempre o manancial de onde você ia buscar os jogadores! Eu entendo isso. Ajudava eles todos. Ajudava mesmo!

Biri: O que você acha de pessoas como o Romário, Jean Willis e Tiririca? Pessoas que, como você, vieram de fora e se introduziram na política?

Eurico: Eu acho o seguinte: uma coisa é você pegar um Tiririca, por exemplo. Ele foi mais ou menos como um voto de protesto. E evidente que o Tiririca não estava preparado para aquele meio. Outra coisa é você pegar o Romário, que, aliás, está se saindo muito bem! Ali você tem que saber. Se você quiser ser político no geral, você tem que se dar com eles. Tem que saber conviver ali. Agora, no meu caso especial, fui 8 anos deputado, No primeiro dia que eu cheguei lá falei: "eu sou deputado do Vasco. Sou representante do Vasco. Foi quem me elegeu. Então, devagar com o andor. Não venham fazer alguma coisa que vá prejudicar o Vasco porque eu vou chiar. Outras a gente pode até fingir que não está vendo"'.

Biri: O Romário declarou que entrou na carreira política devido a você...

Eurico: Sim, falei que ele ia dar um bom cara se ele chegasse lá. E ele tá fazendo. É independente, tá indo bem.

Biri: O Romário está soltando o verbo sobre a Copa do Mundo no Brasil. Sobre a CBF e sobre o Marin. O que você acha que vai acontecer nesta Copa? Em relação à Seleção e em relação à organização do evento?

Eurico: A mídia de uma maneira geral fala muito que você tem de copiar o modelo europeu. 0 Brasil não precisa aprender futebol com ninguém. O problema não é com quem joga. E a organização do futebol. Eles [os europeus] é que vieram meter tentáculos aqui, criando um problema seríssimo em nosso meio. Culturalmente nosso futebol é composto de entidades sem fins lucrativos. Quando você vai pro futebol e começa a ter como prioridade o lucro, a coisa já fica fora! Nossa visão do futebol é a conquista e criar receita pra investir no próprio time. É tudo uma questão de visão. A Fifa tem as suas normas e o pessoal abre as pernas pra ela. A Fifa diz "não pode ter isso, não pode ter aquilo...". Assinam tudo e depois vão ver o que fizeram. E outra coisa: alguém sempre se beneficia nisso, né? O Ricardo Teixeira levou muito! Sumiu, sumiu!

Biri: Comandar a CBF está em seus planos?

Eurico: Já tive minha passagem na CBF. O [João] Havelange pediu pra mim: "O Ricardo Teixeira assumiu, ele não tem experiência e tal, queria que você ajudasse". Aí eu falei: "Mas eu não saio do Vasco". A minha passagem na CBF foi hesitosa! A Seleção ganhou uma Copa América que não ganhava há 40 anos. Classifiquei o Brasil pra Copa do Mundo e criei a Copa do Brasil. Minha passagem lá foi essa. Um dia o Ricardo Teixeira virou pra mim e disse: "ah, tá uma situação complicada ficar aqui e no Vasco, você tem que fazer uma opção...". Nem continuou. Pulei fora!

Biri: Você se identifica com o André Sanchez, que dá a vida pelo Corinthians? Se envolve em polêmicas, dá declarações pesadas...

Eurico: Mas o estilo dele não é igual ao meu. Ele faz o que o Lula manda. Vou te contar uma passagem: o Lula lá no Palácio do Planalto, na frente de alguns, eu falei: "brasileiro troca de mulher, troca de partido, troca o que você imaginar, mas não troca de time. Você para com esse negócio de dizer que é Corinthians porque lá em Garanhuns você nem sabia o que era isso. Você era Vasco, porra!" Agora, politicamente, é interessante pra ele dizer que é Corinthians. Então ele é Corinthians.

Biri: Quando você saiu do Vasco o time estava sendo vítima de boicote por sua causa?

Eurico: Não! O Vasco não tinha patrocínio porque eu não queria. Daquele jeito eu não quero! Eu tinha sempre comparação: "quanto você paga ao Flamengo?". "Eu pago tanto". "Então me paga o que paga pra eles", "ah, mas eu tenho tanto...". "Então não paga, a camisa é minha! O preço é esse!".

Biri: Diz a lenda que o Fluminense tem muito a agradecer ao senhor...

Eurico: Não é lenda não! Tem mesmo! (RISOS!)

Biri: Como é que eles te agradeceram?

Eurico: Não fiz nada pra me agradecerem. Tirei o Fluminense da 3a [divisão] e trouxe pra 1a porque prefiro jogar contra o Fluminense do que jogar contra o Asa de Arapiraca. Essa é a minha visão.

Biri: Mas você fez tudo isso pela Lei?

Eurico: Mas o que era a lei?

Biri: A gente quer saber qual foi o mecanismo que você usou.

Eurico: Eles têm mania de aplicar lei. Não fiz nada contra a Lei. Não tinha nada na lei que impedisse isso. A lei não foi violada, violentada. Se tivesse sido não acontecia. O que violentou foi a opinião dos setores da mídia, que eu sempre gostei de contrariar. Não são eles que ditam as normas! Exemplo: você escreve no jornal. Aí você tem a pretensão de fazer uma crítica sobre uma administração de futebol. Não tô dizendo que vocês façam isso, to falando sobre a maneira como eles procedem e da maneira como eles deveriam fazer. Aí, a primeira pergunta que você tem que fazer a eles é: "vocês já estiveram do outro lado do balcão?'"... Sabem a que vocês estão habituados? Estão habituados a chegar lá na conta no final do mês e ver o contracheque. Vocês só vêem se aumentou ou diminuiu! Vocês nunca correram atrás pra pagar contracheque de ninguém. Vocês nunca estiveram do outro Lado do balcão! Como é que vocês vão dizer que essa administração está certa ou errada? Agora, baseado nisso: uns pretensiosos foram pro Vasco fazer a merda que vocês estão vendo! A pessoa não pode ter a pretensão de ser presidente do Vasco sem nunca ter ocupado um cargo na diretoria.

Biri: Você parece mais light nas declarações. Virou um Eurico "Paz e Amor"?

Eurico: Light? Sempre sou light, mas se você me provocar já era. Não sou agressivo, não sou valente... Não sou porra nenhuma disso. Pelo contrário: quem me conhece sabe. Sou pai de quatro filhos, avô de oito netos. Gosto de criança como poucos. Você acha que um cara como eu pode ser agressivo? Agora, não vem pra cima de mim provocar, ofender a instituição. Sempre defendi porque era uma obrigação minha. Não me arrependo de nada! Eu sempre fui muito mais que presidente, diretor ou qualquer outra coisa. Fui representante do Vasco. Então, como representante, eu tinha a obrigação de representar condignamente àquela intituição e mais nada. Então, não podem denegrir o Vasco. O Vasco é uma instiuição centenária, que tem uma história e eles precisam respeitar!

Biri: Você prepararia seu neto para ser dirigente do Vasco utilizando os mesmos métodos que você usou?

Eurico: E difícil! Você não consegue. Tenho frases minhas, na verdade não são frases, é a verdade. O pessoal nunca me viu com uma camisa do Vasco, quer dizer que eu não preciso de camisa do Vasco. O Vasco é a minha pele! 0 cara olha pra mim e identifica logo. Isso é meu! Eu não posso exigir que os meus filhos, meus netos, sejam iguais. Eu, de certa forma, fiquei de tal maneira envolvido com isso, que eu realmente botava o Vasco acima de todas as coisas. E aí era um negócio que não só incomodava os adversários, cansei de ouvir de caras de outros times, com raiva de mim, mas que gostariam que eu fosse dirigente do time deles.

Biri: O que você acha do governo Dilma?

Eurico: Você sabe que eu não gosto de dar muita opinião sobre esse negócio não, porque eu sou muito fechado no Vasco, mas eu vou ser contra o negócio da Dilma, porque ela não ajuda em porra nenhuma o Vasco!

Biri: Você disse que não é muito chegado a beber, mas você tem um bar favorito?

Eurico: Eu sou um homem comum, um homem de família, gosto de estar com meus amigos, mas eu perdi muito da minha privacidade, então não dá pra curtir muito. Ando no meio do povo, mas pra curtir boteco não dá. Tem uma coisa que as pessoas lutam muito, pra sair do anonimato, mas não há nada melhor que, na maioria das vezes, você ser anônimo. Eu não consigo ser anônimo! Não dá pra prevaricar, se não eu tô fodido. Tem 300 olhos em cima de mim! Não é que eu queira fazer, mas não adianta ter tentação porque eu não posso fazer. É uma vigilância naquilo que você faz, no teu espaço, que não tem como. Eu saía com a minha família pra viajar, ia pra Disney, praticamente não ia a nenhum brinquedo.

Biri: A CBF lançou um uniforme preto. É pro velório do futebol brasileiro ou ainda temos condições de produzir uma safra melhor?

Eurico: O jogador de futebol no Brasil surge igual capim, de forma natural, mas está havendo hoje - é que com esse negócio dos empresários - os jogadores não estão mais sendo formados como se deve formar. Você não está mais formando jogadores. O jogador nasce com aquilo e o que você faz? Na divisão de base você faz lapidação do jogador. O jogador hoje não é do clube. O empresário quer faturar logo, ganhar dinheiro. Pega no nosso período, lá no Vasco, vê quantos jogadores formados na base jogaram no time principal do Vasco. E uma quantidade enorme! Hoje o clube deixou do ser uma entidade sem fins lucrativos. Eu passava uma coisa pra minha divisão de base: não tô preocupado se o Vasco vai ser campeão de juvenil ou infantil. Tô preocupado em quantos jogadores vão subir.

Biri: Você já interferiu na escalação do time por questões técnicas?

Eurico: O cara tem que me prestar contas e eu falo. Falo antes e depois ele escala, senão vou eu pra lá.

Biri: Você disse que o Scolari poderia no máximo ser seu funcionário.

Eurico: Lógico!

Biri: Por quê?

Eurico: Por que é perfeito pra prestar contas.





Fonte: Biricotico