O São Paulo quer Paulo Autuori. Segundo o UOL Esporte apurou, uma reunião no último fim de semana, em que estiveram presentes o presidente, Juvenal Juvêncio, o diretor de futebol, Adalberto Baptista, e o vice-presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, definiu que o atual treinador do Vasco é o nome de consenso para substituir Ney Franco, demitido na última sexta-feira. Os são-paulinos trabalham, também, com a informação de que Autuori vê com bons olhos voltar ao Morumbi.
O prazo dado pelos diretores é que terça-feira tudo seja acertado, ao menos, verbalmente. O anúncio aconteceria, no máximo, na quarta-feira, no mesmo dia em que Milton Cruz se despediria do cargo de interino ao comandar a equipe diante do Bahia, no jogo que vale pela 11ª rodada do Brasileirão e foi adiantado por causa da excursão são-paulina ao exterior.
O principal motivo que afastou o pedido da torcida, Muricy Ramalho, foi o salário. Segundo diretores informaram, o tricampeão brasileiro pelo São Paulo enfrentou resistência pelo o que ganhava no Santos: R$ 700 mil. É mais que o dobro do que o limite tricolor para gastos com treinador. Autuori, por sua vez, ganha R$ 250 mil no contrato “modesto” que assinou recentemente com o Cruzmaltino.
Os são-paulinos adotam o discurso de que sabem que o vascaíno quer voltar ao Morumbi e que o convite oficial será feito apenas na segunda-feira, após ele oficializar a saída de São Januário. Pelo lado carioca, a decisão pegaria muito mal com os dirigentes. Segundo os cruzmaltinos, os discursos de profissionalismo iriam ralo abaixo com a saída de quem se dizia fiel ao compromisso assumido. Ao mesmo tempo, Autuori já sinalizou que deve deixar o clube pelo fato da diretoria não cumprir com as promessas, especialmente envolvendo os salários atrasados.
Ricardo Gomes é a esperança para a permanência de Autuori em São Januário
O técnico tem uma reunião agendada com a cúpula cruzmaltina para reafirmar o posicionamento contrário aos métodos da diretoria e oficializar a provável saída nesta segunda-feira. No entanto, o presidente Roberto Dinamite e o diretor geral Cristiano Koehler ainda possuem uma esperança para a manutenção do treinador. Trata-se da participação do diretor executivo Ricardo Gomes na conversa entre as partes.
O dirigente é amigo de Paulo Autuori e afirmou na última quinta que não existia risco de o profissional deixar o clube. Inclusive, Gomes brincou com a possibilidade de renovação contratual. Por outro lado, o técnico mostrou convicção sobre a possível saída na entrevista coletiva que aconteceu após a derrota para o Internacional por 5 a 3, domingo, em Caxias do Sul.
A esperança da administração Roberto Dinamite é que Ricardo Gomes convença o amigo a permanecer no Vasco durante a reunião decisiva. Os dois sempre manifestaram a vontade de trabalhar juntos, mas só realizaram o desejo em São Januário. O diretor executivo está convicto da melhora financeira e vai tentar passar a atualização do projeto da diretoria na evolução das condições de trabalho.
Mesmo com o importante papel de Ricardo Gomes, os cartolas estão descrentes quanto ao acordo. Autuori deixou claro ter chegado ao limite por conta dos atrasados e vê interferência direta no trabalho. Recentemente, dois treinos foram cancelados por faltas de estrutura e pagamentos. Ao que parece, o desligamento do Cruzmaltino é apenas questão de tempo. Na noite do último domingo, a opção do profissional pela permanência no Vasco já era tratada como improvável e surpreendente.
Desde a chegada ao clube, Paulo Autuori foi informado pela administração Roberto Dinamite que o mês de julho era o prazo para colocar as finanças em ordem. O profissional afirmou em algumas ocasiões que deixaria o comando do time caso as promessas não fossem cumpridas.
Antes da viagem para Caxias do Sul, o clima era de apreensão nos bastidores. Paulo Autuori se manteve discreto, mas funcionários e jogadores reconheceram o momento delicado. Em alguns pontos da entrevista coletiva após a partida, o treinador mostrou o descontentamento com a situação, não confirmou a saída, mas indicou o caminho que pode ser oficializado no decorrer do dia.
“Reconheço o esforço, mas me sinto impotente para trabalhar quando minimamente não cumprimos as situações. A decisão já foi passada para a diretoria. Eles vão falar. Sabiam que não seria mais um a empurrar as coisas com a barriga. Isso está no meu contrato. Vou agir, não gosto de papo e de palavras. É uma coisa frustrante para todos e não vou compactuar com isso. Vai contra o que penso de futebol. Não vou perder a minha credibilidade que tentei construir ao longo da carreira prometendo as coisas para quem trabalho e sem cumprir”, encerrou Autuori.
Fonte: UOL