Depois de um segundo semestre ruim em 2012, tanto dentro quanto fora de campo - de candidato ao título do Brasileiro à quinta posição, depois que perdeu a base do time campeão da Copa do Brasil e que ainda viu uma debandada de vice-presidentes -, o Vasco ainda segue seu processo de reestruturação em 2013. O clube recebe nesta segunda-feira, dia 1º de julho, seu quarto novo executivo: Jorge Almeida será o diretor financeiro do time de São Januário. Gerente administrativo e financeiro da Rio Negócios, agência de promoção de investimentos que tem o influente empresário vascaíno Olavo Monteiro de Carvalho como presidente do Conselho, Almeida chega para ajudar na organização do fluxo de caixa do clube, para fazer novos acordos com credores e buscar cortes de despesas, além de captar investidores para o Vasco.
Depois do diretor geral Cristiano Koehler, do diretor administrativo e de planejamento, Miguel Gomes, e do diretor jurídico, Gustavo Pinheiro - os três chegaram no início do ano ao clube -, Jorge inicia esta semana uma nova etapa na carreira. No currículo, passagens pela PepsiCo e pelas consultorias Trade Quality e Arthur Andersen. Em São Januário, o novo diretor financeiro vai encontrar um clube com dívidas da ordem de R$ 500 milhões, com filas de processos trabalhistas e tributários, mas também encontrando um novo modelo de gestão do presidente Roberto Dinamite. Os três executivos gaúchos - com Koehler, que trabalhou no Vasco em 2010, à frente de toda gestão -, mais o carioca Almeida, são as vozes de comando hoje do clube.
A área de finanças, onde Almeida ocupa a partir desta segunda, não tem um vice-presidente desde julho do ano passado. Nelson Rocha pediu demissão do cargo - mais tarde também da vice-presidência geral do clube - e alegou desgaste, divergências de ideias e interferência de Roberto Dinamite. Por um breve período, o advogado Nelson Almeida, que havia sido vice-jurídico na primeira gestão de Dinamite, assumiu a pasta de finanças, mas logo se afastou, devido a problemas de saúde. Antes de Rocha, José Hamilton Mandarino já havia largado a vice-presidência de futebol - hoje ainda acumulada por Roberto Dinamite e com Ricardo Gomes como diretor geral. Em efeito cascata, ainda no segundo semestre de 2012, deixaram o clube Frederico Lopes (vice de patrimônio) e José Pinto Monteiro (vice de Esportes Olímpicos e de Responsabilidade Social).
O fim da queda de vices-presidentes foi no início desse ano. Aníbal Rouxinol e Eduardo Machado, vices jurídico e de marketing, respectivamente, pediram demissão do cargo. Nesse caso, porém, a alegação era de desgaste na relação com os novos executivos do clube. Rouxinol chegou a dizer que não seria a "Rainha da Inglaterra" do Vasco, em referência à falta de poder de decisão em sua pasta. Para a vice jurídica o clube já tem um nome escolhido: Roberto Duque Estrada. O próprio presidente confirmou em abril o nome em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, porém, mais de dois meses depois, Duque Estrada ainda não assumiu sua função na diretoria. Na gestão Dinamite, aliás, as trocas de vice-presidentes bateram recorde: foram mais de 15 pedidos de demissões ou trocas. Em março deste ano, o Vasco anunciou alguns substitutos. Com desmembramento de algumas vice-presidências - e a extinção da vice de responsabilidade social -, Jorge Luiz Raggio Carneiro assumiu a VP de departamento de desportos terrestres, Tadeu Correia da Silva (infanto juvenil), Salvador Velloso Perrela (desportos aquáticos) e Ricardo Luiz Murça Leon Haddad (desportos de quadra). Na vice de patrimônio Manuel Barbosa é responsável pela operação e manutenção, enquanto Manuel Santos ficou com a área de engenharia e obras.
O diretor geral do clube, Cristiano Koehler, explica que alguns nomes ainda estão sendo escolhidos pelo presidente Roberto Dinamite. Duque Estrada, lembra Koehler, está mesmo garantido. Para a pasta de marketing, ainda vaga, o nome seria do próprio Olavo Monteiro de Carvalho, que, porém, declinou do convite.
- Ainda não foi anunciado, mas vai ser o Roberto Duque Estrada. Vamos anunciar junto com as boas notícias que esperamos divulgar em breve. Para a pasta de finanças, há necessidade, conforme estatuto, de ser conselheiro. O presidente ainda está procurando um nome - afirma Koehler.
Questionado sobre o modelo de gestão do clube, que já virou tendência no futebol brasileiro - clubes como Flamengo, Grêmio, Internacional, Cruzeiro e Santos já funcionam dessa maneira -, Cristiano Koehler ressaltou a importância dos vice-presidentes dentro do Vasco. A hierarquia de postos, porém, é notória e justificável com a linha de produção da nova era da gestão Dinamite: gestão executiva à frente da direção supostamente amadora.
- São pessoas com quem podemos dividir uma avaliação de trabalho, uma tomada de decisão e as responsabilidades. Trazem suas experiências profissionais e pessoais para o trabalho do nosso dia a dia - diz o diretor geral do Vasco.
No dia a dia, porém, ainda há mágoas e queixas pela ingerência de vice-presidentes em suas pastas. Qualquer projeto, obra ou intervenção que chega a eles precisa ser aprovado pelos diretores executivos do clube - que também são responsáveis pela liberação de verbas e gestão de novos contratos. Mesmo as reuniões de diretoria, que eram realizadas com frequência anteriormente, ficaram mais de dois meses sem acontecer. O intervalo de encontros foi quebrado na última segunda-feira do dia 24 de junho.
Fonte: GloboEsporte.com