A comissão técnica da seleção brasileira ignorou qualquer superstição ao marcar o treinamento de ontem à tarde para São Januário.
O estádio do Vasco ficou marcado 53 anos atrás como pé-frio na derrota do Brasil na final da Copa de 1950, para o Uruguai, por 2 a 1.
Foi em São Januário que o Brasil fez os jogos preparatórios para o Mundial (o Maracanã só seria inaugurado às vésperas do torneio) e onde treinou para o quadrangular que decidiu aquela Copa.
Após perder a final, a pior derrota da história da seleção, houve críticas, inclusive de jogadores, de a CBD (a CBF da época) ter trocado o local de concentração no Rio.
Antes de São Januário, os atletas ficavam em uma casa em Joá, na zona oeste, na época com difícil acesso ao centro da cidade.
Em ano de eleição, eles foram paparicados por políticos, participaram de eventos e perderam a concentração, segundo relatos dos atletas.
"Estávamos no céu e nos colocaram no inferno. Saímos do Joá, que era uma tranquilidade danada, uma paz, para São Januário", declarou o goleiro Barbosa, em entrevista à TV Cultura.
Ele morreu em 2000, aos 79 anos, magoado por ter sido considerado o grande culpado pela virada uruguaia no Maracanã --Friaça abriu o placar e Schiaffino e Gigghia deram o título aos rivais.
O alojamento que servia para os jogadores da seleção descansarem em São Januário em 1950 não existe mais. Bem embaixo da arquibancada, hoje o local serve de escritórios para setores administrativos do Vasco. Parte das dependências está vazia.
"Tem oito anos que foi construído novo alojamento, do outro lado, onde os jogadores do time profissional comem e descansam quando há treino em período integral [manhã e tarde]", disse Manuel Barbosa, vice-presidente de patrimônio do Vasco.
Em 1950, a seleção disputou a final com cinco jogadores do Vasco, quase metade do time (Barbosa, Augusto, Danilo Alvim, Ademir Menezes e Chico). A seleção de Felipão não tem atletas vascaínos.
Fonte: Folha de S. Paulo