Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, no Maracanã, juntamente com o secretário-geral da Fifa, Jér^me Valcke, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, admitiu que pode ter havido, por parte do governo brasileiro, erros de comunicação em não mostrar à população os benefícios que a Copa do Mundo trará ao país, no que diz respeito à economia. Mas argumentou também que a imprensa só olhou para os aspectos negativos.
Rebelo lembrou que a Copa do Mundo não foi uma oferta da Fifa, mas que o país se candidatou a sediar o evento, ainda no governo Lula, e que R$ 112 bilhões estão circulando na economia brasileira entre 2010 e 2014, gerando 3,6 milhões de empregos. Segundo ele, para cada R$ 1 aplicado pelo setor público, R$ 3,4 foram aplicados pela iniciativa pivada, e a renda para a população entre 2010 e 2014 será de R$ 63,48 milhões.
Para Rebelo, bastou a divulgação de especulações de que a Fifa poderia mudar a sede da Copa do Mundo, para países como EUA, Inglaterra, Alemanha e Japão se apresentarem como possíveis substitutos. Ele recordou que a Alemanha, sede de 2006, usou o evento para mostrar-se ao mundo como um país reunificado após a Segunda Guerra Mundial, e a África do Sul, sede de 2010, viu na Copa a oportunidade de demonstrar que não queria conviver com o Apartheid no futuro. Disse ainda que o Brasil já foi procurado pelos governos da China, Argentina e Uruguai, interessados no apoio do país para futuras candidaturas.
— Para nós, um país que procura conciliar desenvolvimento com justiça social, o Brasil está no contrafluxo dos preconceitos e do ódio racial e religioso — disse Rebelo, apresentando argumentos contra quem acusa o governo de ter desviado recursos de setores básicos para investir no evento. — O orçamento da União destina R$ 177 bilhão para saúde e educação. Entre 2007 e 2013, o orçamento da União destinado a educação e saúde é de R$ 477 bilhões. Não há nenhum desvio de recursos destinados à saúde e à educação para obras da Copa ou estádios. Estes recursos para estádios são dos proprietários, ou governos estaduais — declarou, explicando que algumas cidades-sede pegaram empréstimos junto ao BNDES da ordem de R$ 400 milhões, cada, ou no caso de Inter-RS e Atlético-PR, cerca da metade disso.
Perguntado se o futebol não seria uma espécie de ópio ou entorpecente para o povo brasileiro, diante de suas necessidades básicas não atendidas, o ministro Rebelo fez um pequeno histórico da modalidade no país, para afirmar perante a mídia estrangeira, que no Brasil, o futebol é mais que um esporte.
— O futebol no Brasil foi uma grande plataforma de inclusão social em um país marcado por desigualdades, em especial para pobres e negros. O futebol ofereceu esta janela, e os primeiros negros admirados e respeitados no Brasil e no mundo alcançaram este status pelo futebol — declarou. — O futebol foi esta plataforma no Rio, quando o Vasco da Gama foi expulso da liga por ter acolhido negros e trabalhadores. E o futebol se consolidou graças ao povo, à margem do Estado. O futebol projeta a fantasia e esperança de que regras que valem para todos, e todos dependem do talento individual e coletivo.
Fonte: Globo Online