Lugar de goleador é no Vasco. Terreno fértil para artilheiros, São Januário já testemunhou o nascimento de gênios como Roberto Dinamite, Romário, Edmundo e Ademir - este formado no Sport, mas consagrado na Colina. E no início de 2013 foi jogada mais uma semente naquela gloriosa grama: o paranaense Renato Kayser, de 17 anos. No Carioca Sub-17 é disparado o jogador que mais fez gols, com assombrosos 16 marcados em dez jogos. Apesar de humilde, como o próprio se autodefine, o início espetacular já o motiva a repetir um dos maiores feitos do Baixinho.
- Venho fazendo uma contagem já. Pelo Desportivo Brasil, fiz 52 gols em um ano e meio. Fui campeão paulista e da Copa do Brasil. Agora são 24 pelo Vasco (16 pelo Carioca e 8 na Copa Rio Sub-17). Pretendo chegar aos 1000. Busco inspiração dentro de mim mesmo, nos treinos de finalização - disse o paranaense da cidade de Jotaesse, que entra em campo na manhã deste sábado, às 11h, para enfrentar o Botafogo, em Itaguaí.
Embora pense em números grandiosos, Kayser se revela um garoto muito simples. Seus gostos, como o fato de ser adorador de sorvete, demonstram isso. Ele garante não ser fã de noitadas e, mesmo diante das tentações provocadas pelas belas mulheres cariocas, sonha com uma reconciliação: reatar o namoro com a também paranaense Gabrielle.
- No início, chego tímido (nos times que defende), mas sou bem extrovertido, sabe? Gosto de brincar bastante, mas graças a Deus sou humilde. Não gosto de desfazer dos outros. Gosto bastante de ir ao shopping com os amigos, tomar sorvete, ir ao cinema. Tem bastante mulher aqui no Rio, estou solteiro, mas gostaria muito de voltar com a minha ex, que está no Paraná. Gostaria muito de voltar com a Gabrielle - prosseguiu.
Com o coração ainda no Paraná quando o assunto é vida sentimental, o peito dele se encontra completamente preenchido no Rio na esfera esportiva. O garoto está se apaixonando pelo Vasco, clube que escolheu mesmo quando teve a oportunidade de ir para o Grêmio, um dos grandes amores da maioria de seus familiares.
- Está sendo maravilhoso jogar aqui no Vasco, a torcida me recebeu muito bem. Me entrosei bem com o grupo nos primeiros jogos e cheguei fazendo gols. Minha família é toda gaúcha, quase todos são gremistas. Coloquei nas mãos de Deus e ele tocou no meu coração. Rapidamente liguei para minha mãe e disse: "Mãe, quero ir para o Vasco. Lá eu vou ser feliz" - decretou.
Vinculado ao Desportivo Brasil, clube ligado à empresa de marketing esportivo Traffic, Kayser está emprestado ao Vasco até o fim do ano. Mas assinar um longo contrato com o Cruz-Maltino é o desejo dele e de seus empresários, Alexis Malavolta, Tadeu Cruz e Bosco Leite.
- O Renato tem interesse em ficar no Vasco. É interessante para ele, que se encaixou bem no elenco do Vasco. O grupo o recebeu muito bem também, e ele conquistou rapidamente as artilharias. Está numa crescente muito legal e muito feliz no Vasco. Só estamos aguardando o Vasco nos chamar (para acertar a venda) - disse Malavolta.
Conheça mais Renato Kayser, que revela seus ídolos, sua trajetória e uma impressionante história de superação.
Quem é sua grande inspiração no futebol?
Me inspiro muito no Cristiano Ronaldo, gosto das arrancadas dele, das faltas que ele bate e da velocidade.
Como é seu estilo de jogo e com qual perna chuta?
Graças a Deus, sou ambidestro. Jogo mais pelas pontas, mas quando o professor precisa de mim dentro da área, também posso jogar como centroavante.
Você fala em tentar os 1000 gols que o Romário conseguiu. Tem algo parecido com ele?
Sou diferente do Romário, ele tem outras características, jogava mais dentro da área, onde o Baixinho fazia muitos gols (risos). Tento me inspirar no jeito que ele deslocava os goleiros, tenho vídeos dele no meu computador.
Como foram seus gols pelo Vasco?
Foram gols que saíram mais de tabela, com velocidade e arrancadas, alguns de fora da área. Fiz também de cabeça, driblando o goleiro. Todas as quartas-feiras o Cássio (técnico do Sub-17 cruz-maltino e ex-lateral do clube) me coloca para finalizar com o Serginho (ex-Vasco), ex-atacante. Fico treinando com ele, o que é muito bom para mim. (Confira na tabela abaixo com os gols no Carioca)
Por onde passou antes de chegar ao Vasco?
Fui para o Santos aos 10 anos. Fiquei cinco anos e meio lá, não tive muitas oportunidades e aí apareceu a chance no Desportivo Brasil. Consegui ganhar títulos, fazer muitos gols e me destacar bastante. O Mauro Galvão (diretor da base do Vasco) já estava me olhando há muito tempo e, graças a Deus, apareceu o Vasco. Espero me profissionalizar e dar muitas alegrias para a torcida vascaína.
Quando ainda era um bebê você quase morreu. O que aconteceu?
Aos 2 meses, tive uma parada cardiorrespiratória. Os médicos diziam que não tinha mais solução para mim. Minha mãe colocou nas mãos de Deus e o disse para Ele provar que eu era realmente filho Dele. Para os médicos, eu estava morto já e de repente eu tinha ressuscitado. Impressionante, não é?
Isso lhe inspira a vencer derrotas comuns à carreira de um jogador? Como no caso do pênalti que você perdeu na semifinal da Copa Rio Sub-17, contra o Inter, e acabou sendo decisivo para a eliminação do Vasco na semifinal?
Vou sempre lembrar disso. Lembrei nos momentos de lesão no Santos, numa lesão grave que tive no Desportivo e quase fiquei paraplégico, quase quebrando minha coluna. Também lembrei no pênalti.
Adversário - Placar - Gols
D. de Caxias - 5 a 0 - 1
Resende - 8 a 1 - 5
Bangu - 4 a 1 - 1
Boavista - 2 a 1 - 1
Friburguense - 9 a 0 - 5
Nova Iguaçu - 4 a 1 - 3