Imagina na Copa. A frase que virou muleta e alerta para (quase) todos os problemas estruturais do Brasil nos últimos anos não se aplicou ao Maracanã neste domingo. Tudo bem que a Copa do Mundo só começará em 2014, mas a vitória por 2 a 1 da Itália sobre o México pôs à prova a capacidade de sediar grandes eventos no remodelado estádio e, para a maioria dos 73.123 presentes, o resultado foi satisfatório.
Rapidez na chegada e na saída, respeito ao lugar marcado e proatividade dos voluntários e funcionários destacaram-se como pontos positivos. As longas filas nos bares e os preços elevados encabeçaram a lista de problemas.
- Foi excelente. Tudo fantástico. Lógico que os preços poderiam ser mais baratos, mas em todos os grandes eventos acabam cobrando acima do que devem – disse o mexicano Mario Araújo, que viajou de Los Angeles ao Rio de Janeiro para assistir à partida.
Desde a abertura dos portões, pouco antes de 13h, as filas mantiveram um padrão aceitável. O bloqueio no trânsito facilitou a circulação dos torcedores pelas largas avenidas Maracanã, Radial Oeste e Eurico Rabello. A instalação de cadeiras altas – estilo salva-vidas - com voluntários utilizando alto-falantes para indicar os portões de acesso funcionou. Alguns deles, porém, limitavam-se a comunicar-se em português.
No portão E, apenas dois dos quatro pontos de acesso funcionaram e os funcionários remanejaram as pessoas para a entrada F. Por volta de 15h30m, quando o movimento era mais intenso na entrada D, um torcedor demorava cerca de dez minutos desde a entrada na fila até passar o ingresso na catraca. Os seguranças adotaram o detector de metais manual para agilizar. Apenas quem portava bolsas e mochilas precisou passar pela esteira de raio X.
O deslocamento do portão de acesso na arquibancada ao assento foi lento, mas ordeiro. Voluntários conferiam os ingressos e indicavam o caminho até o lugar impresso no bilhete. Quem chegou cedo ao nível 1 – setor mais caro das arquibancadas – sofreu com o sol, que só parou de incomodar aos dez minutos do primeiro tempo, quando se escondeu atrás da cobertura.
- Potencializa o calor e incomoda, sim. Mas a proximidade do campo compensa tudo. Olha ali a expressão facial do Pirlo – disse Ricardo Abertan, apontando para o italiano no gramado.
Intervalo. Quinze minutos de pico em banheiros e bares. O curto espaço entre os tempos do duelo transformaram o combo “ida ao banheiro + compra de comida/bebida” em uma corrida para não perder lances de Balotelli e Chicharito. No teste contra o relógio, a reportagem do GLOBOESPORTE.COM demorou cinco minutos na fila do toalete e outros dez para conseguir comprar um refrigerante. Somado ao tempo para deslocar-se até assento, foram perdidos três minutos de bola rolando na etapa final.
- De bares o Rio está bem servido. Principalmente, na Lapa... Mas no Maracanã deixaram a desejar. Fiquei quinze minutos no intervalo para conseguir um refrigerante. Foi um problema sério – queixou-se o mexicano Luiz Manteoni.
As filas nos banheiros, apesar de visualmente longas, não demoraram e a limpeza no interior deles foi eficaz, com reposição de papel-toalha e sabão. Nos bares, a cerveja a R$ 12 assustou.
No segundo tempo, após o gol de Balotelli, houve um pequeno tumulto entre um torcedor do Vasco e outro do Flamengo. Eles levaram a rivalidade clubística à frente e tiveram que ser apartados por seguranças. Um deles foi expulso do local.
Manifestações na entrada e saída
Os protestos que aconteceram no entorno do estádio atrapalharam moderadamente o fluxo dos torcedores na entrada, principalmente no viaduto que liga a estação de São Cristóvão ao estádio. Policiais usaram spray de pimenta para conter o deslocamento dos participantes do movimento contra a realização da Copa do Mundo no Brasil e impedir que eles se aproximassem dos portões principais do Maracanã.
Na parte final, posicionados quase em frente à escada que dava acesso à estação de metrô do Maracanã, os manifestantes congestionaram a passagem, mas não houve tumulto.
Depois do custo de mais de R$ 1 bilhão na reforma, a nova casa foi aprovada por brasileiros e estrangeiros.
- Está maravilhoso. Basta dizer isso, mais nada – disse italiano Stephano Brordi.