"O Charles foi o salvador de Bernardo. Não fosse a intervenção dele, o jogador teria sofrido uma violência maior e mais grave. Ele tem o respeito do Menor P", disse o delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso) José Pedro Costa da Silva, após depoimento de Charles Fernando da Silva, jogador do Palmeiras, nesta sexta-feira. O atacante do Vasco, Bernardo Vieira de Souza, foi sequestrado e torturado, junto com Dayana Rodrigues, no dia 21 de abril, pelo traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, chefão do tráfico no Complexo da Maré. O depoimento durou cerca de uma hora e meia.
De acordo com o delegado, ao dizer que tem família na comunidade, o traficante viu Charles como exemplo. José Pedro afirmou que o depoimento do jogador do Palmeiras confirmou o que todos já sabiam. Charles estava na Vila de Pinheiros, no dia do ocorrido, de folga. Ele foi até a comunidade, onde tem parentes e encontrou Bernardo conversando com Menor P.
"O charles viu o traficante conversando e depois saiu com o Bernardo do local, mas continuou na comunidade. Ele teve conhecimento da situação e, para evitar o pior, usou o prestígio de ser nascido e criado na localidade e pediu para que Menor P soltasse o jogador", relatou o José Pedro.
Segundo o delegado, o traficante será indiciado pelo crime de tortura, sequestro e cárcere privado, em relação ao Bernardo; e tentativa de homicídio no caso de Dayana Rodrigues, de 22 anos, que seria uma das namoradas do chefão do pó, baleada sete vezes, sendo cinco em uma das pernas e dois no pé esquerdo. Somado todos os crimes, caso seja condenado, Menor P pode pegar até 15 anos de prisão.
Motivo de sequestro teria sido uma das namoradas de Menor P
Em depoimento, Bernardo disse que sofreu tortura psicológica por parte do bandido, mas negou ter sido agredido. Ele afirma ter sido amordaçado, amarrado e obrigado a tirar a roupa.
O jogador do Vasco contou ainda que foi colocado dentro de um carro e que os criminosos ficaram andando com ele pela favela. Parte desses momentos de terror aconteceu diante de Dayana Rodrigues. O bandido acusou Bernardo de ter saído com ela. No entanto, na delegacia, ele negou conhecê-la.
Dayana foi levada para onde o jogador era torturado. Ainda segundo o depoimento de Bernardo, Menor P obrigou por várias vezes o jogador a confessar que saiu com ela, mas ele continuou negando. No entanto, a mulher não foi poupada: levou sete tiros, além de ter sido espancada na Vila do João.
O jogador foi tirado da favela pelos amigos e também jogadores de futebol Wellington Silva, do Fluminense, e Charles, do Palmeiras, que também estavam na favela.
Fonte: O Dia Online