A categoria mirim do Vasco vive um bom momento desde o ano passado. Além de conquistar o Campeonato Carioca no final de 2012, o time sub-13 conseguiu alcançar no início da atual temporada seu terceiro título da Espírito Santo Cup, competição que o cruzmaltino já havia vencido em 2009 e na última temporada.
O comandante da equipe nos últimos dois títulos foi Adriano Barreto, que assumiu o comando do plantel no último mês de setembro. Com o novo treinador, o Mirim passou a sofrer poucos gols e a ter um sistema de marcação moderno, onde os atacantes e meias auxiliam no preenchimento de espaços defensivos.
Na última quarta-feira (05/06), o treinador participou do programa "Só dá Base", do grupo Só dá Vasco", e falou um pouco sobre o desempenho da equipe na ESCUP. Segundo ele, o Gigante da Colina evoluiu bastante em relação à Copa Cidade Verde, torneio nacional que o cruzmaltino terminou na quinta colocação.
Barreto revelou ainda qual é a sua expectativa para as próximas duas competições que a categoria irá disputar na temporada. Uma delas, a Ibercup, será realizada em Portugal. Na outra, o Campeonato Carioca, o Vasco buscará o bicampeonato.
Confira a transcrição da entrevista:
Qual avaliação você faz da equipe do Vasco após a conquista da ESCUP?
"A avaliação que eu tenho da equipe hoje é boa, mas sou bem pé no chão e digo que ainda falta alguma coisa para eu dizer que estou com um grupo bem fechado para tentar a conquista do bicampeonato carioca. Antes disso, porém, a gente deve disputar a Ibercup em Portugal. Já voltamos ao trabalho para poder remontar alguma coisa que seja necessária. Eu assumi a equipe mirim em setembro do ano passado e eu tinha nas minhas mãos as equipes 99 e 2000. Como estava próximo do final da competição, foquei o trabalho em cima da 99 e o 2000 ficou em segundo plano. A partir do final do Campeonato Carioca nós demos um mês de férias e a gente só teve oito dias após o retorno para trabalhar com o grupo 2000, que disputaria um torneio no sul. Eu tinha uma análise muito vaga da equipe. Vi que era uma equipe muito técnica, mas que não possuía uma característica de competitividade. Tivemos alguns problemas lá no Sul, apesar da gente ter conquistado o quinto lugar e retornar para o Rio até invicto. Tivemos dificuldade para conquistar esses resultados. Depois do Rio Grande do Sul tivemos que focar no 2001, que foi para o Mundialito, e só voltei a pegar o 2000 de frente a partir do mês de abril. Trabalhamos durante todo o mês de abril e até o dia da viagem para o Espírito Santos tivemos que reformular essa equipe. Foi uma equipe praticamente nova que viajou. Nove jogadores que foram para a ESCUP não havia ido para a Copa Cidade Verde. A equipe era uma interrogação para a gente. Não sabíamos como eles iam se comportar, não falo apenas das partes técnica e tática, mas também da parte psicológica. Eu acho que foi positivo, até mesmo por conta da pressão que eles receberam. Nós tivemos a torcida contra porque jogamos contra times do Espírito Santo. Tivemos complicações com arbitragens, que costumam sempre apitar para o time da casa. Mas no final das contas o grupo se saiu bem e conquistou o título. Agora é continuar o trabalho e reforçar ainda mais a equipe para a Ibercup e o Carioca".
A desistência do Bahia foi ruim? O que poderia falar sobre as equipes que participaram do torneio?
"É sempre bom ter um teste mais forte, mas a gente compreendia que a competição era pequena, tinha apenas duas chaves de quatro. É uma competição que não tem muito time grande disputando, mas que é feita para poder revelar jogado. Para o Vasco é bom trazer jogadores do Espírito Santo. Posso citar aqui o Geovani e o Carlos Germano. Inclusive nós fomos disputar essa competição em Domingos Martins, que é a cidade do Carlos Germano. O pai dele esteve lá com a gente e o nome do troféu é o do Carlos Germano em homenagem a ele. Por ser um local que não tem clube de expressão, mas que possui sempre bons jogadores, eles fazem essa competição para que a gente possa ir lá ver. Eles querem mostrar o que possuem e para isso convidam outras equipes reveladoras, como é o caso da Ubaense. Apesar disso, a gente queria um teste mais forte. Tínhamos a ideia de que o Bahia iria participar, mas quando chegamos lá ficamos sabendo que não. Ficamos tristes, mas tínhamos que tocar o barco e continuar trabalhando para enfrentar as equipes de lá. Tínhamos uma responsabilidade muito grande e até passei isso para os jogadores, que receberam uma pressão psicológica. Mas isso foi bom para que eu observasse como os jogadores receberam a notícia e se comportavam dentro de campo. Não seria muito vantajoso para a gente retornar o Espírito Santo derrotado numa competição que não tinha nenhum time de camisa. Nessa competição conseguimos observar bons jogadores. Dois jogadores do Esporte Clube Campinhos, que é da cidade de Domingos Martins, devem chegar nessa semana para fazer testes com a gente. É um zagueiro e um meia-atacante que deram trabalho para gente. Tivemos também a equipe de Santa Cruz, que é de Vitória e usa muita a força. A Ubaense trabalha até o juvenil com o foco de revelar jogadores, principalmente para os dois grandes clubes de Minas Gerais. Foi um jogo tático, estudado, pois eles têm uma qualidade boa de trabalho de bola. Eles deram bastante trabalho para a gente, mas graças a Deus conseguimos o principal objetivo".
Em que a equipe evoluiu em relação ao início?
"Antes da nossa ida para o Espírito Santo nosso preparador físico Daniel Alegria fez os testes para fazer um comparativo com os realizados no início do ano. Os resultados mostraram que houve uma evolução na parte física e que alguns jogadores que chegaram depois do teste ainda precisam trabalhar. Eles fizeram os testes quando chegaram, mas ainda possuem um tempo de atraso em relação aos demais. Muitos jogadores chegaram para o time no final de março, o que os levou a iniciar o trabalho com um pouco de atraso em relação aos outros que estavam desde janeiro. Apesar disso, o nível da equipe está bom. Essa competição foi importante também para os atletas. Não havia times de tradição e de camisa, mas foi um estágio importante para a preparação. Jogamos dois tempos de 25 minutos, o mesmo período que iremos enfrentar na Ibercup. Tivemos jogos todo dia e em Portugal também teremos jogos todo dia. Observamos o nível físico da equipe e os jogadores corresponderam bem. É preciso manter o trabalho físico, pois é verão na Europa e o desgaste nessa época do ano é muito maior. Como os jogos acontecem na maioria das vezes debaixo de um sol forte, nós temos a preocupação de melhorar essa parte física para não sermos pegos de surpresa. Ainda precisamos aprimorar algumas coisas na parte técnica, mas o primordial mesmo é a parte tática. Eu sou um pouco ligado a parte tática, pois na minha visão futebol é como jogo de xadrez. Se um mexe um peça, o outro treinador precisa mexer outra. A partir do momento que você não consegue mais mexer, provavelmente você vai perder. Você precisa ter na mente diversas situações, pois são apenas dois tempos de 25 minutos. A partir do momento que você faz ou toma um gol, você precisa ter planejamento tático para manter ou reverter. É hora da gente corrigir algumas coisas que vimos para chegar lá com a possibilidade de jogar para igual com as equipes de lá. A gente já vinha fazendo isso, mas agora iremos trabalhar em cima dos erros apresentados no Espírito Santo. A parte psicológica é importante e por isso temos recebido a ajuda da Amanda. Ela tem sido muito importante. Ela não viajou com a gente, mas eu fui para o Espírito Santo com todas as orientações passadas por ela. Ela iniciou o trabalho em Itaguaí e eu dei prosseguimento lá. Acho isso importante porque você precisa ter cabeça para reverter o resultado num tempo de 25 minutos, o que é muito complicado".
Gostaria de agradecer e dedicar esse título para alguém?
"Agradeço primeiramente ao pessoal do Espírito Santo, com destaque para o Secretário de Esportes e ao Paulo César, que é o organizador da competição. Eles deram todo o suporte e um bom alojamento. Nós ficamos num seminário muito limpinho, com bastante espaço, com quartos bem arrumados e comida excelente. Tudo que a gente solicitava eles atendiam. Isso é bom, pois é importante as pessoas te ajudarem num local que você não conhece. Agradecemos aos torcedores também. Apesar da gente ter descoberto que lá possui muito flamenguista, nós descobrimos vários vascaínos. Eles saíram de casa e foram torcer para gente. Teve um menininho que saiu cedo de casa com a irmã dele para assistir o nosso jogo. No final da partida ele queria uma camisa, uma lembrança nossa. Nós fomos bem atendidos e atendemos a todos dentro das possibilidade. É importante que somos sempre é bem recebido em todos os lugares por vascaínos. Além do pessoal da organização, existem sempre vascaínos nos apoiando. Em Portugal encontramos portugueses vascaínos que estavam sempre do nosso lado. Isso é importante. Agradeço aos pais que estiveram lá, que torcedor e ficaram do nosso lado apoiando. Agradeço aos meninos que atenderam a tudo que se pediu dentro e fora do campo. Eles viram a importância de conquistar o título e manter o nome do Vasco no alto. Isso acontece porque o grupo está em formação e eles querem o espaço dele. Esse fato foi positivo para manter o grupo forte. Agradecemos a todos que ficaram no Rio de Janeiro e torceram por nós. Além, é claro, da minha comissão técnica. Ela é sempre nota 10. Tem o Ricardo no comando como coordenador, o Daniel Alegria, o Guilherme, o Jacó e o Papel, que é nosso massagista e já chegou sendo campeão".
Com informações do Programa "Só dá Base/Só Dá Vasco".
Fonte: Blog Meninos da Colina - Supervasco