São Januário terá novo banco de reservas ao ceder estádio para a Fifa

Cedido à Fifa e ao Comitê Organizado Local desde o último dia 26 de maio, São Januário já passa por pequenas mudanças desde a definição de que o histórico campo do Vasco abrigaria treinos de seleções e um amistoso para a Copa das Confederações. Como de praxe, a entidade máxima do futebol vai fazer algumas intervenções no estádio. Ao mesmo tempo que vai levar alguns equipamentos novos ao clube - balizas e barreiras móveis novinhas, por exemplo -, a Fifa, através de suas comitivas, chegou a fazer pedidos considerados inusitados para o velho estádio vascaíno. Mas uma das exigências deve agradar em cheio ao técnico Paulo Autuori: o clube vai ter, provisoriamente, dois bancos de reservas - com cerca de 20 lugares cada um - no meio do gramado.

Para essa adaptação, motivo de reclamação do treinador cruz-maltino na estreia do time no Brasileiro contra a Portuguesa, o Vasco vai ter que desembolsar um dinheiro que ainda não tem previsão de reeembolso. Segundo cálculos da vice-presidência de Patrimônio, o Vasco vai gastar R$ 57 mil para atender aos pedidos da Fifa. Entre esses pedidos, o clube vai colocar cinco funcionários para cuidar do gramado, que deve ficar bem mais rente do que o costume na casa do Vasco.

Vista de prédio vizinho incomoda

Além das exigências da Fifa, que também vai trocar toda a programação visual do estádio - com patrocinadores próprios de suas competições -, funcionários e até dirigentes do alto escalão da Colina sofriam com a desinformação poucos dias antes de receber as seleções da Espanha e do México, que vão se revezar nos treinamentos em São Januário nas próximas semanas até o fim da Copa das Confederações. O vice-presidente geral do Vasco, Antônio Peralta, era um dos que pediam informação sobre o aluguel para a Fifa. Porém, a Fifa nada vai pagar ao Vasco para usufruir das dependências do clube por quase um mês.

- A indicação dos COTs (centros oficiais de treinamento, como denomina a linguagem Fifa) é uma responsabilidade de cada cidade sede. O COL fornecerá equipamentos esportivos para utilização nos treinamentos que, posteriormente, serão cedidos ao proprietário do COT - respondeu, por e-mail, o COL ao questionamento do GLOBOESPORTE.COM a respeito da possível compensação financeira ao Vasco pela cessão do seu campo.

Ainda sobre o assunto, o órgão responsável pela organização da Copa de 2014 diz que não fez nenhum pedido de "mudança estrutural" no estádio.

- O COL está sugerindo que a manutenção do gramado seja feita conforme sua orientação. Quanto ao banco de reservas, será fornecido um modelo padrão, que poderá ser posicionado conforme a necessidade de cada Delegação - explicou o COL.

O modo Fifa e COL de operar em São Januário também provocou outras reações. Entre as benfeitorias cedidas ao clube está uma máquina de fazer gelo, que precisa de tomadas com voltagem suficiente para seu funcionamento. Mas o que chamou mesmo a atenção dos funcionários vascaínos que recebiam as delegações da Fifa, do COL e das seleções foi a observação da vista lateral de um prédio de cinco andares para o campo. Profissionais da segurança da Fifa chegaram a sugerir que fosse colocada uma enorme tela para cobrir a visão dos vizinhos do "Caldeirão". O caso foi encarado com humor entre os funcionários vascaínos, que mostraram ser impossível a ideia ser executada.

Nos últimos dias também havia uma preocupação sobre quem poderia entrar e quem poderia sair do estádio, já que estaria a serviço da Fifa. Não havia uma resposta conclusiva por parte dos dirigentes do Vasco. Por e-mail também, o diretor geral do Vasco, Cristiano Koehler, respondeu que "não há definição clara nesse sentido (se os funcionários teriam a entrada vedada no estádio). Deve ser ajustado com o COL", que, por sua vez, não respondeu diretamente à questão, embora dê a entender que haverá sim restrições de acesso.

- A utilização dos Campos Oficiais de Treinamento (COT) é exclusiva da Delegação, não podendo haver circulação de pessoas no período em que a mesma esteja utilizando as instalações. A operação dos COTs é responsabilidade de cada Seleção - disseram, por e-mail, os porta-vozes do COL.

Venda de ingressos e prova da Marinha

No dia 11 de junho, Itália e Haiti se enfrentam em São Januário. Está definido que vai haver venda de ingressos e que a renda será doada para o país da América Central. Segundo o COL, "a operação do amistoso está a cargo da Federação Italiana e o Comitê Organizador Local (COL) não tem nenhum envolvimento ou mais detalhes". No último jogo do Vasco em São Januário, na estreia do time no Brasileiro, contra a Portuguesa, profissionais da segurança da Fifa acompanharam a movimentação no estádio e mapearam as necessidades para o amistoso e para o treino.

Apesar de fechado para acesso até de funcionários, o clube vai receber cerca de 10 mil candidatos para exame da Marinha, em prova que será realizada a partir das 7h30 do próximo dia 4. A direção do Vasco conseguiu a liberação para utilização de um pedaço das arquibancadas e das cadeiras sociais para o concurso. Como fornecedora do Vasco, que treina no Cefan quando poupa São Januário ou em momentos sem o seu estádio, como nesse período, o clube combinou um abatimento dos R$ 25 mil da mensalidade no campo da Marinha na Avenida Brasil. Como cobrou R$ 35 mil para a prova militar, o Vasco fica com R$ 10 mil de crédito para o próximo mês. O valor pode não ser dos maiores, mas não difere muito do que, por exemplo, o Fluminense pagou ao Vasco durante o Campeonato Carioca. O clube das Laranjeiras pagava R$ 45 mil por partida no Estadual, mas o preço encarecia na Libertadores, que custava R$ 100 mil cada jogo. Como o Vasco tem despesas de cerca de R$ 20 mil, a cada jogo, lucrava cerca de R$ 80 mil com o rival em seu estádio.