Da viagem de volta para o Rio marcada por um silêncio mórbido ao tumulto no saguão do aeroporto do Galeão. Ainda digerindo a eliminação na Libertadores da América para o Olimpia, os jogadores do Fluminense se depararam com um grupo de cerca de 10 jovens, torcedores de clubes rivais, que gritaram "Eliminado" e provocaram um por um na manhã desta quinta-feira.
Os maiores alvos foram Fred e Abel. Assim que chegou, o capitão tricolor ouviu xingamentos e músicas provocativas. Fechou a cara e não falou com a imprensa nem mesmo sobre seleção brasileira (ele se apresenta nesta quinta ao lado do goleiro Diego Cavalieri e do volante Jean para a Copa das Confederações).
Já Abel não resistiu às provocações e reagiu. O técnico tricolor chamou os toredores de babacas ao ouvir comentários sobre a queda do Fluminense para a Série C, em 1998. E, sob gritos de “Ão, Ão, Ão, Abel é mengão”, o treinador segurou o órgao genital e disparou:
- Olha o mengão aqui, ó!
Wagner tenta dar entrevista, mas é provocado por trás Foto: Rafael Oliveira
Ninguém foi poupado pelo grupo, cuja maioria dos integrantes estava visilvelmente alcoolizado. Eles carregavam garrafas de vodka, energético e latas de cerveja. Entre as músicas cantadas com tom de deboche, estavam o funk “Show das poderosas”, da MC Anitta.
Ao passar pelo saguão, o goleiro Diego Cavalieri teve que ouvir o coro "Ão, Ão, Ão, tem frangueiro na seleção!". Nem o diretor de futebol Rodrigo Caetano escapou.
- O nosso Vasco não precisa de você! - gritaram alguns dos torcedores, que também o chamaram de mercenário.
A segurança do aeroporto nada fez para impedir o encontro entre o grupo e os jogadores. A polícia foi chamada, mas só chegou ao aeroporto quando os últimos jogadores passavam pelo saguão. Apesar do risco, não houve brigas.
Diante da inoperância dos seguranças do aeroporto, policiais foram chamados Foto: Rafael Oliveira
Por ironia, o desembarque do Fluminense não foi o motivo que levou o grupo a fazer plantão no saguão do aeroporto. Eles esperavam por um amigo, jogador de futsal na Europa, que só chegou após a delegação tricolor.
Mas se a manifestação no aeroporto foi apenas para provocar, outro ato nas Laranjeiras tinha um objetivo claro: protestar. O muro da sede foi pichado durante a madrugada com frases como "Fora, Abel" e "Time sem vergonha". Assim que o clube abriu as portas, por volta das 7h da manhã, funcionários trataram de pintar as paredes para remover os dizeres.
Os jogadores estão liberados e só voltam a treinar na sexta-feira pela manhã. Com a eliminação, o foco se volta para o Campeonato Brasileiro. No domingo, o Tricolor recebe o Criciúma, em Macaé. Nenhum membro da diretoria quis falar com a imprensa sobre o revés na Libertadores e o planejamento para o restante da temporada.
Fonte: Extra Online