Atletismo: Aldemir Gomes fala sobre saída: 'O Vasco não me dava suporte'

Segunda-feira, 27/05/2013 - 16:57

A interdição da pista do estádio Célio de Barros, no começo do ano, fez mais um órfão do atletismo carioca ter que defender um clube de outro estado. Sem estrutura e lugar para treinar, Aldemir Gomes, que representou o Brasil na prova dos 200m nos Jogos Olímpicos de Londres, trocou o Vasco da Gama pelo Orcamp, de São Paulo. O velocista, que chegou a ser elogiado por Usain Bolt, reclamou das condições precárias de treinamento na Cidade Maravilhosa e reivindicou ajuda do governo para que o esporte possa se desenvolver de forma mais profissional antes das Olimpíadas do Rio, em 2016.

Apesar da mudança de clube, o velocista continua a treinar do Rio de Janeiro, na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), já que o principal palco da modalidade, o estádio Célio de Barros, está interditado e vive uma briga judicial para evitar demolição, assim como o Parque Aquático Júlio Delamare.

- Na verdade foi uma decisão conjunta com a minha treinadora. Eu precisava de uma estrutura maior e melhor. O Vasco não me dava suporte. Os clubes de São Paulo são mais desenvolvidos, mas gosto muito do Rio de Janeiro. Tenho muito apreço pela cidade.

Antes de trocar de clube, Aldemir chegou a receber uma proposta de uma universidade carioca, mas o acordo não vingou. Treinando na EsEFEx com mais três atletas do Orcamp, o velocista tem acesso a uma estrutura mais moderna e intensificou sua rotina de treinamentos. Segundo o corredor, o Vasco compreendeu a decisão.

- A Solange Chagas, coordenadora do atletismo do Vasco, é como uma mãe para mim. Ela ajudou a equipe a se mater e entendeu que a decisão era acertada e que eu conseguiria progredir.

Homem mais rápido do Brasil em 2012 nos 100m, Aldemir chegou à semifinal na prova dos 200m rasos nos Jogos Olímpicos de Londres. Não conseguiu a classificação para a final, vencida pelo jamaicano Usain Bolt, mas recebeu elogios do bicampeão olímpico dos 100m, 200m e 4x100m e um tapinha nas costas em reconhecimento pelo bom trabalho nas pistas londrinas.

Como meta para este ano, Aldemir espera chegar à final do Mundial, que acontece em Moscou, entre os dias 10 e 18 de agosto, mas a demolição do Célio de Barros acabou prejudicando o atleta na preparação para a competição na Rússia.

- Quando comecei a treinar para o Mundial, achei que nada fosse me atrapalhar, mas fiquei um mês parado por causa da interdição do Célio de Barros. Fiquei sem treinar e sem lugar para fazer nada. Até agora não recuperei o tempo perdido e não vai ter como recuperar. Tive que intensificar meus treinos para conseguir chegar bem na Rússia.

Com apenas 20 anos e considerado uma promessa para as Olimpíadas de 2016, Aldemir se mostrou pessimista diante da situação do atletismo na cidade sede dos Jogos. O velocista afirmou que a responsabilidade não pode ficar apenas nas mãos dos atletas.

- Eu vejo que a situação do atletismo no Rio de Janeiro está indo de mal a pior. Eu achava que com o anúncio da cidade como sede das Olimpíadas iria ser melhor, mas quem já tinha pouco, agora não tem nada. Precisamos de estrutura e que o governo do estado dê mais valor ao esporte olímpico em geral, não somente ao atletismo. O esporte está na degola. Só a gente não tem jeito, não temos forças para nos mantermos. Precisamos de recursos e de estrutura. Descansar bem, comer bem e treinar bem, nada além disso.

O velocista Aldemir Gomes competindo pelo Vasco


Aldemir Gomes com Bolt em uma das visitas do jamaicano ao Rio


Fonte: GloboEsporte.com