Em pesquisa com jogadores, nenhum citou São Januário como melhor estádio para se jogar

Quarta-feira, 22/05/2013 - 22:29

Estádios construídos, reformados e readaptados para os padrões Fifa serão um dos legados deixados pela Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Mas as 12 novas arenas só agora começam a entrar na realidade nacional - e apenas seis estão prontas. A maioria dos jogadores não as conhece. Assim, nenhuma delas conseguiu superar o Morumbi na preferência dos boleiros. O estádio do São Paulo, descartado para o Mundial, foi eleito o melhor do país pelo segundo ano consecutivo em pesquisa feita pelo GLOBOESPORTE.COM e pela revista “Monet” com 343 atletas de 23 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Do tradicional Serra Dourada ao novo Maracanã, nenhum dos outros 22 estádios lembrados na pesquisa foi páreo para o Morumbi. Com gramado e instalações como objetos de análise dos jogadores, o campo tricolor foi disparado a preferência nacional, com 84 votos (24,6%). Quase o dobro do segundo colocado, o reformado Maracanã, lembrado 46 vezes (13,5%), e mais que o quádruplo do que a recém-inaugurada Arena Grêmio, o transformado Mineirão e o Pacaembu, por exemplo. A arena gaúcha ganhou 19 votos, contra 18 dos palcos de Minas Gerais e de São Paulo. Quarenta e nove entrevistados (14,3%) não responderam a pergunta.

Enquanto outros estádios passam por mudanças que afetam diretamente os jogadores, como redução das dimensões de campo para atender exigências da Fifa e a modernização dos vestiários, as últimas novidades do Morumbi são exclusivamente para atender os torcedores. Assentos mais confortáveis para arquibancada e cadeiras cativas, reforma do anel inferior e abertura de estabelecimentos comerciais, além do projeto para a construção de uma cobertura para a arena - ainda sem data para início das obras. Para os atletas, a estrutura já dispõe de vestiários do mesmo tamanho do mandante, acesso rápido na chegada ao local, corredor privativo, entre outras regalias. E como não tem o hábito de treinar no local, o São Paulo preserva o estado do gramado.

- A gente tenta fazer com que os jogadores se sintam em casa. Esse é o nosso diferencial. Temos corredores independentes para não cruzar com ninguém, vestiários amplos, com frutas para jogadores. Atendimento, gramado em ordem, manutenção dos setores, isso tudo faz com que os jogadores se sintam seguros em todos os aspectos - explicou Roberto Natel, vice-presidente social e de esportes amadores.

Outro fator que pode ter sido levado em consideração pelos boleiros na hora do voto foi a dimensão do terreno. Fora da Copa do Mundo, o Morumbi não precisou reduzir suas medidas para entrar no padrão Fifa. Com 108,3m de comprimento e 72,7m de largura, o campo do estádio se tornou um dos maiores do país. Entre as arenas citadas na pesquisa, só fica atrás de três: Pituaçu, na Bahia (com 110x68); Vila Capanema, no Paraná (com 110x72); e Serra Dourada, em Goiás (com 110x75). Na teoria, melhor para times técnicos, pior para equipes que jogam na retranca.

- O Morumbi tem um campo grande e muito bom. O sistema de drenagem é excelente, não alaga, e para os jogadores o que conta mesmo é o gramado. É um estádio muito bonito e bom de se jogar - opinou o meia Jadson, do São Paulo.

Estádio evita efeito caldeirão

Um elemento que também pode ter contribuído para que o Morumbi recebesse mais votos é a pressão menor que os atletas sentem durante os jogos. A distância entre campo e arquibancada, contando ainda com uma pista de atletismo, evita que a torcida do São Paulo consiga transformar o estádio, mesmo lotado, num caldeirão. Fator que se tornou uma das maiores reclamações da torcida tricolor. O São Paulo admite o problema, mas não o encara como uma desvantagem significativa para o time.

- O Morumbi não se torna um caldeirão, hoje os estádios da Copa do Mundo estão com a torcida bem em cima do gramado. Isso pesa para o clima, o adversário pode jogar com tranquilidade (no Morumbi). Acaba favorecendo o adversário, mas o São Paulo já está acostumado, isso não influencia - afirmou Natel.

Couto Pereira, São Januário... Palcos tradicionais ficam fora

Entre os 23 estádios citados na pesquisa, foram incluídos palcos pouco conhecidos nacionalmente e deixados fora outros já tradicionais do país. Couto Pereira, no Paraná, São Januário, no Rio de Janeiro, Ilha do Retiro e Aflitos, em Pernambuco, e Orlando Scarpelli, em Santa Catarina, são alguns dos exemplos que sequer foram lembrados pelos jogadores. Já o Estádio José Maria de Campos Maia, em Mirassol (SP), recebeu um voto (0,3%), ao lado de Arena Jacaré (MG), Frasqueirão (RN), Serra Dourada (GO) e Vila Capanema (PR).

Ao todo, o estado de São Paulo teve maior número de representantes na votação, com seis estádios: além do Morumbi, do Pacaembu e do José Maria de Campos Maia, foram lembrados a Vila Belmiro (com 17 votos, equivalente a 5%), a Arena Barueri (com três votos, igual a 0,9%) e o Canindé (com dois votos, correspondente a 0,6%).

Dos seis estádios já inaugurados para a Copa das Confederações, que será realizada no mês de junho, apenas o Mané Garrincha, palco da final do Campeonato Brasiliense, não recebeu votos. O Maracanã (segundo mais votado na pesquisa) e a Arena Pernambuco (que será inaugurada nesta quarta-feira e foi citada três vezes) são os únicos palcos preparados para a competição entre seleções que ainda não receberam jogos oficiais.

- Estamos ansiosos para reencontrar o Maracanã, os torcedores também. Vamos ter que esperar um pouquinho. Está na mão da Fifa ainda o estádio - lamentou o volante Elias, do Flamengo.

Outros seis estádios para a Copa do Mundo ainda estão sendo construídos. São eles: Arena Pantanal (Cuiabá), Arena da Baixada (Curitiba), Arena Amazônia (Manaus), Estádio das Dunas (Natal), Beira-Rio (Porto Alegre) e Arena de São Paulo (São Paulo).



Fonte: GloboEsporte.com