O Futebol Feminino é um dos esportes que mais conquistou títulos para o Vasco da Gama nos últimos tempos. A prova maior disso é que no ano passado as Meninas do sub-17 foram até Portugal, bateram o favorito Atlético de Madrid e conquistaram o primeiro título Mundial de um clube brasileiro. A atual temporada começou muito boa, porém após a eliminação na Copa do Brasil algumas mudanças ocorreram. Apoiado por uma empresa, o Botafogo tirou diversas jogadoras do clube de São Januário, dentre elas Brena Carolina e Gabrielly Soares, que estiveram na última Copa do Mundo sub-17.
A saída de algumas atletas obrigou o Vasco a fazer uma reformulação em seus elencos. As mudanças surtiram efeito e fizeram com que o Gigante da Colina chegasse muito bem para a Taça Cidade de Nova Iguaçu. Atualmente, o cruzmaltino lidera a competição sub-17 e está muito próximo de ultrapassar o Botafogo, que lidera a categoria adulta.
Na última segunda-feira (13/05), o Diretor do Futebol Feminino, Tadeu Correia, participou do programa "Só dá Vasco". Na oportunidade, o dirigente discorreu sobre assuntos referentes à modalidade e parabenizou os profissinais que hoje trabalham dentro do clube. O também vice-presidente infanto e juvenil do Vasco falou sobre o fato do Botafogo ter tirado algumas atletas importante do Gigante da Colina.
Confira a transcrição da entrevista:
Qual avaliação o senhor faz da participação do Vasco na Taça Cidade de Nova Iguaçu? Alguma novidade em relação a esse esporte?
"O Vasco está disputando a Taça Cidade de Nova Iguaçu na categoria adulta, na categoria sub-17 e a nossa equipe sub-15 está disputando a competição sub-17 como Lusitânia. A equipe sub-15 no ano passado foi campeã desse campeonato sub-17. A equipe sub-15 do Vasco é muito boa. Colocamos a sub-15 para disputar pelo fato dela não ter campeonato. Essas três equipes estão indo bem, mas o nosso maior objetivo é ter uma quantidade maior de meninas e familiares frequentando o Vasco. O título é consequência do trabalho. Estamos preparando as equipes sub-17 e sub-15 para serem avaliadas pela CBF, que está sempre formando a Seleção Brasileira. Nós iremos disputar no meio do ano o Campeonato Carioca da categoria adulta. Atualmente nós temos essas três equipes em atividade. Nós vamos disputar em São Paulo um campeonato de futebol social. O futebol social só pode ser praticado por equipes não-federadas, equipes que possuem um trabalho social. O Lusitânia é a parte social do futebol feminino do Vasco. Ele já foi convidado para participara desse campeonato e possivelmente vai disputar de um campeonato de futebol social na Polônia. O lado social do futebol feminino do Vasco está começando a se estruturar. Nós descobrimos no Rio de Janeiro que o Team Chicago, uma equipe tradicional, também tem um trabalho social. Estamos vendo a possibilidade de fechar uma parceria com o Team Chicago. Essa parceria visa ampliar o lado social do futebol feminino do Vasco".
No início do ano o Botafogo tirou algumas jogadoras do Vasco. O que o senhor poderia falar sobre esse assunto?
"Eu gostaria de deixar bem claro que não é Botafogo. São as mesmas pessoas que usam a camisa do Botafogo hoje e que no ano passado usaram a camisa do Bangu. Em 2011 eles também usaram a camisa do Bangu, em 2010 a camisa do América e em 2009 a camisa do Flamengo. São pessoas que não são ligadas a clube. Gostaria de ressaltar que no Brasil hoje só tem um clube que possui futebol feminino e que os funcionários estão ligados ao clube. Esse time é o Vasco, que possui todas as categorias de base. O que aconteceu é que o Vasco atravessa uma situação financeira difícil e essas pessoas chegaram oferecendo algumas coisas para essas meninas. O nosso objetivo quando formamos essa estrutura era o de ajudar no sonho dessas meninas. Se o sonho delas é crescer fora do Vasco, nós participamos desse sonho ajudando elas. A única coisa que nós somos contra é a forma não profissional e anti-ética de comportamento dessas pessoas ligadas ao Botafogo. Eles não deveriam ter aliciado essas garotas, mas sim procurado o Vasco pedir e ver a possibilidade. Nós do futebol feminino do Vasco passamos para todos os profissionais que é proibido contratar qualquer menina de qualquer clube do Brasil. Qual o critério que nós usamos? Se a garota interessa e ela quer vir para o Vasco, ela vai falar com o dirigente do clube dela, o dirigente do clube dela vai entrar em contato com o Vasco e aí se resolve o problema. O futebol feminino é um esporte que ainda cresce muito pouco, pois a sociedade tem uma resistência muito grande. A par disso ainda vem algumas pessoas querendo tirar proveito de algumas situações. Eles tiveram uma atitude anti-ética e que acaba manchando mais ainda o perfil do futebol feminino. Mas isso faz parte da aprendizagem. Essas pessoas não fizeram isso porque são ruins não, fizeram porque não são do meio do futebol e não vislumbram algo mais do que aquela situação momentânea".
Quem é o responsável pelo bom momento do futebol feminino do Vasco?
"O bom momento do Vasco no futebol feminino é fruto dos profissionais que trabalham lá. O futebol feminino do Vasco, diferentemente de outros, não possui profissionais que vão lá dar um treino e depois vão embora. Os profissionais dão o treino, ficam para estudar, discutir e planejar. Nós temos no futebol feminino do Vasco um grupo de estudo que faz pesquisa na área de futebol feminino e que está começando a escrever alguns artigos sobre futebol feminino. Estamos procurando parceria com universidades para viabilizar isso de uma forma cabível e acadêmica. O Vasco na figura do presidente sempre apoio o futebol feminino, mas temos que dar os créditos para os outros profissionais que estão lá. Todos eles vestem a camisa, são responsáveis e querem dar algo mais pelo Vasco. Se você for toda quinta-feira de tarde em São Januário, vai encontrar todos eles reunidos e discutindo sobre assuntos relacionados ao futebol feminino".
Vocês conseguiram patrocínio? Existem alguma novidade?
"Nenhuma novidade. Nós não temos patrocínio desde o primeiro dia. Ainda não conseguimos patrocínio. Não sei como vai ficar essa situação, mas eu gostaria de pedir que podem ajudar que não tenham medo. Falo isso porque o trabalho do futebol feminino não é voltado só para o futebol, mas sim também para o social. Ele é voltado para o bem-estar daquelas crianças que estão ali e dos seus familiares também. Todo mundo sabe que a situação ideal é que cada esporte tenha seu próprio patrocínio e uma vida financeira independente do futebol. Não são os esportes que vivem às custas do futebol. O dinheiro gasto nesses esportes é muito pouco perto do futebol. Significa menos de um por cento dependendo do que o futebol consegue adquirir com um patrocínio master. Eu acho que a gente tem que inverter a situação. O futebol quando tira o pouquinho que entrar para esses esportes olímpicos, ele destroi o esporte olímpico. Se o dinheiro entra para o futebol e você tirar o mínimo para esses esportes, não vai fazer diferença nenhuma. É uma falácia muito grande as pessoas quererem colocar culpa nos esportes olímpicos pelo problema que o futebol passa. Isso não é só no Vasco, mas nos outros clubes também. Isso é muito bonito, é muito oportuno, mas eu pergunto: quem precisa conseguir o patrocínio? Não é o esporte. O esporte faz o esporte. Quem precisa conseguir o patrocínio é a área de marketing do Vasco. Se eu for criar uma área de marketing dentro do futebol feminino, eu vou criar um mini Vasco dentro do Vasco. A realidade não é essa. O Vasco precisa se modernizar nesse sentido. O tamanho do Vasco é muito grande para ele não ter hoje um escritório de projetos".
O que o senhor poderia falar sobre o Mundialito conquistado pelas Meninas do Sub-17 em 2012?
"Nós conseguimos ir para Portugal com a ajuda do Vasco, foi tudo custeado pelo Vasco. Chegamos em Portugal como mais um. Tinha uma equipe espanhola lá que se sentia melhor que a gente e nem olhava para a gente. Os outros países todos se comunicavam normalmente. Nós fomos para lá com uma estrutura mínima. Dentro da própria competição existiam equipes da Europa riquíssimas e com uma rede por trás apoiando. Apesar disso, conseguimos chegar às finais e os nossos três últimos jogos foram televisionados para a Europa inteira ao vivo. Quando nós passávamos na rua todo mundo conhecia o Vasco e a Marinha do Brasil. Naquela época ainda tínhamos uma parceria com a Marinha do Brasil. É bom dizer também que não foi a Marinha do Brasil que ajudou o Vasco, mas sim o contrário. Quem criou a equipe de futebol feminino da Marinha do Brasil, que é das Forças Armadas, foi o Vasco. O Vasco foi quem fez o projeto, que foi muito vencedor, pois foi campeão nos V Jogos Mundiais Militares. Nós não somos só campeões mundiais no sub-17, nós também fomos campeões mundiais em 2009 com esse time adulto Vasco-Marinha. Fomos campeões mundiais em 2010 na França e fomos campeões mundiais no V Jogos Mundiais Militares em São Januário. Era uma equipe do Vasco que representava o Vasco. Essa vitória do sub-17 foi muito boa, pois foi uma vitória em cima de uma equipe espanhola que joga com a mesma escola masculina, que atualmente é muito elogiada. Foi um jogo difícil e nós vencemos com um gol da Ana Clara. Mas a maior emoção foi ter sido procurado o tempo todo por várias pessoas e saber que todas elas conheciam o Vasco e a Marinha do Brasil. Lá ninguém conhecia a Eletrobrás. Nós divulgamos a Eletrobrás e não recebemos um tostão da Eletrobrás. Não sei se por força de contrato ou não, mas isso é um incoerência. Você divulga e não recebe nada. Isso acontece o tempo todo com os esportes olímpicos. A sensação foi muito boa, pois essas meninas cresceram muito. A ausência de patrocínio fez com que um terço dessas meninas que foram para Portugal e estão desde de pequenininha com a gente se transferissem para o Botafogo. Foram atrás de uma promessa e que possivelmente não terá um resultado com sucesso como esse. Isso é culpa de quem? Culpa nossa, culpa do Vasco. Temos que melhorar essa situação".
Com informações do Programa Só Dá Vasco.
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco