O ano era 2000. O Vasco possuía um esquadrão. Quem não lembra do time que foi campeão Brasileiro e da Mercosul com astros como Hélton, Mauro Galvão, Júnior Baiano, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Pedrinho, Romário, Euller? No meio de tantos craques, um garoto subia como grande promessa para o time profissional. Com 19 anos, Diogo Siston era uma das maiores apostas do Vasco para se manter no topo do futebol brasileiro.
Junto com Ricardo Bóvio, Raphael Botti, João Carlos e Alberoni, ele despontou dentro de uma geração que ganhou todas as competições possíveis na base. Porém, o Vasco pouco aproveitou suas revelações. Em 2001, o clube entrou em crise financeira, se desfez de seus principais jogadores e, obrigatoriamente, colocou em campo suas promessas, queimando etapas.
Agora com 32 anos, o meia está no Rio Claro, clube do interior de São Paulo que disputa a final da Série A2 do Paulista - às 10h deste domingo, visita a Portuguesa, após perder o primeiro jogo por 2 a 1. No Galo Azul, Siston chegou em fevereiro para comandar o meio de campo da equipe, mas uma contusão o impediu de ter uma sequência como titular. Ao todo, participou de dez jogos na competição. Ainda não fez gol, mas tem ajudado o jovem time na fase decisiva e frequentemente é utilizado pelo técnico Paulo Roberto no decorrer das partidas. Mais experiente, ele relembra o passado e afirma que seguiria um rumo diferente do que tomou em seu início de carreira, quando foi negociado com o futebol do exterior.
- Eu era muito novo, e o Vasco precisava de dinheiro. Foram 13 anos nas categorias de base do clube, tenho uma história muito bonita lá. Mas precisaram me vender. Se fosse hoje, eu não teria ido. Não teria tomado aquela decisão, seguiria por mais tempo e me consagraria aqui no Brasil antes de sair. Mas na época eu fui para o exterior. Não reclamo da minha escolha e da vida que tive até agora, mas atualmente tomaria outro caminho - contou Siston.
Considerado um meia habilidoso na base, Siston lembra que chegou a ter chances no time principal do Vasco apenas como lateral-esquerdo. Na época, o Gigante da Colina era dirigido por Antonio Lopes.
- Em 2000, era muito fechado o elenco, muita gente boa, era impossível sair da base e atingir uma condição de titular. Quando iria ter uma sequência no time na minha posição de origem, o meio de campo, fui vendido.
Foi nesta época que uma proposta do clube israelense Hapoel Be'er Sheva chegou, e o jovem jogador foi para o exterior. Neste momento, começou sua aventura fora do Brasil em clubes pequenos da Europa - e muitas vezes sem receber salário.
- Era um time bom (o Hapoel Be'er Sheva), mas não pagava direito, então, depois de um ano, fui para Portugual, onde fiquei três anos atuando no Santa Clara, time da Ilha dos Açores. Foi um período bom, mas precisava ir para um lugar maior, para poder ser visto no futebol. Acertei para jogar na Grécia, onde tive minha melhor época, disputando até a Copa da Uefa (atual Liga Europa) por dois anos seguidos. Passei por três clubes. Mas novamente tive problemas para receber. Era um bom momento para crescer, mas com família e filho é preciso salário, manter uma estabilidade. Por isso, voltei ao Brasil.
No retorno, Siston defendeu Macaé, Olaria e depois o Brasília, antes de chegar ao Rio Claro. Entretanto, a sua maior paixão continua sendo o Vasco. O jogador ainda sonha um dia poder retornar ao clube que o projetou para o futebol.
- Quando passo em frente de São Januário, vem um filme na minha cabeça. De tudo que eu vivi lá dentro. Ainda acompanho e sonho em, quem sabe um dia, voltar. Foi muito bonito o que passei ali. Agradeço muito por tudo o que aprendi e não tem como esquecer um time e uma torcida como a vascaína - concluiu.