As equipes infantil e juvenil do Vasco da Gama disputaram entre o mês de abril e o início de maio duas competições na Europa. O time sub-15 disputou o Torneio Memorial Stefano Gusella, enquanto o sub-17 o Torneio Internacional Città di San Bonifácio. Ambos os campeonatos foram realizados na Itália e o cruzmaltino conseguiu terminá-los entre os cinco primeiros colocados.
Um dos profissionais que esteve presente nas duas excursões foi João Mário Reigota, Gerente de Área Técnica das categorias de base do Vasco. O profissional, que já morou no país sede do torneio, ajudou na comunicação do Gigante da Colina com organizadores e participantes.
Em entrevista ao programa "Só dá Base", do grupo Só dá Vasco, na última quarta-feira (08/05), o dirigente fez uma análise da participação do Vasco nas duas competições. Segundo ele, o desempenho vascaíno foi muito bom, pois perdeu apenas duas partidas das onze que disputou com as duas categorias e terminou à frente de grandes equipes do futebol europeu, como Juventus, Real Madrid, Milan e Arsenal.
Reigota também destacou a internacionalização da marca Vasco da Gama. De acordo com um dos gerentes da base, o povo italiano acolheu muito bem o clube de São Januário e se encantou com a história e o futebol apresentado pelos "Meninos da Colina".
Confira o bate-papo sobre o desempenho vascaíno na Itália:
Qual avaliação o senhor da participação do Vasco no Torneio Internacional Memorial Stefano Gusella e no Torneio Internacional Città di San Bonifácio?
"A nossa participação nesses torneios foi extremamente proveitosa. Posso dizer que fomos muito bem tratados nos dois torneios pela organização do clube e pelo povo italiano de maneira geral. Tivemos um problema no torneio Città di San Bonifácio, onde houveram algumas agressões verbais de cunho racista. Mas no geral nós fomos sempre bem tratados. Participamos de duas competições fortíssimas e acho que para as nossas equipes, nosso treinadores e nossos atletas, foi uma experiência muito enriquecedora. Eles ganharam uma bagagem muito grande, sobretudo na parte tática por terem tido a oportunidade de duelar contra uma escola diferente da nossa. Podemos fazer uma comparação com clubes de altíssimo nível, como o Milan, a Juventus, a Inter de Milão e o Barcelona. As lições que vieram com os nossos jogadores e os membros da comissão técnica serão importantes para o desenrolar da temporada. Não existe nada mais gratificante do que dar esse tipo de condição aos nossos atletas".
O fato do senhor ter morado na Itália e falar muito bem a língua italiana ajudou na adaptação dos garotos?
"Eu acompanhei o Edmundo na Itália, morei por um período e trabalhei em alguns clubes lá. Tenho um bom conhecimento dentro do mercado italiano e eu tenho um italiano fluente, tanto falado quando escrito. Isso é realmente um fator facilitador muito grande nessas excursões que a gente faz. O fato da gente ter alguém que domina a língua, entende e faz essa interlocução com as pessoas que fazem o torneio é muito importante".
O senhor acreditar que o Vasco poderia ter terminado o Torneio Internacional Città di San Bonifácio numa posição superior ao quarto lugar?
"Poderia sim. Na realidade a gente ficou em quarto nessa última competição por força do regulamento, que dizia que o terceiro seria aquele que perdeu para o campeão. Sendo que o time que perdeu para o Barcelona e segundo o regulamento ficou terceiro, teve uma derrota a mais que nós. Nossa equipe foi a que mais gols marcou na competição. Numa contagem normal e natural a gente teria terminado em terceiro lugar. Mas acho que isso não é o mais importante. Perdemos para uma equipe altamente qualificada, que foi a Inter de Milão. Eles fizeram uma partida perfeita contra nós. Eles foram superiores a nossa equipe, que não conseguiu repetir o rendimento das três partidas anteriores. A gente tem que destacar também que no Brasil não estamos acostumados a jogar diariamente e a ter esse desgaste emocional e físico do tamanho que nós tivemos lá. Todos esses fatores que engradece muito a bagagem tática e técnica dos nossos atletas. Esse é o ponto mais importante. Torneio é partida seca. Tu vai ali joga uma partida, pode ganhar e avançar ou perder e voltar para casa. Várias coisas podem acontecer. A final foi entre Inter e Barcelona e no meu entender a equipe da Inter era superior ao Barcelona. Naquele jogo a coisa não aconteceu. Foram para os pênaltis e perderam nos pênaltis. Poderiam até ter perdido no tempo normal, pois naquele jogo o Barcelona foi melhor que a Inter. Se eu tivesse que fazer um comparativo técnico entre as equipes, eu escolheria a Inter de Milão".
Como foi a recepção do povo italiano ao Vasco? Essas duas viagens foram importantes para a internacionalização da marca Vasco da Gama?
"É muito importante essa internacionalização do Club de Regatas Vasco da Gama. Ela é importantíssima A gente sabe do carinho que o povo italiano, que o povo europeu, tem em relação ao povo brasileiro, até mesmo por conta do nosso futebol e da nossa supremacia a nível mundial. A história de atletas que saíram daqui e foram para lá deixar uma marca também ajuda. A gente sabe do carinho que esses povos têm em relação ao brasileiro. Chegamos lá jogando um futebol diferente do deles. Ele era muito menos tático, mas muito mais técnico e com muito mais alegria. Isso é uma coisa que está perdida no futebol europeu. Da mesma maneira que eles são exageradamente táticos, a gente tem essa alegria. Ela pode nos prejudicar algumas vezes talvez, até porque acho que o equilíbrio é a melhor coisa. Então nós temos coisas para aprender com eles e eles para aprender com a gente. A impressão que ficou lá foi a melhor possível. Nós tivemos vários jogadores como destaque, não cabe aqui citar nome, mas num todo a nossa equipe muito bem vista, assim como já havia sido na anterior disputada pelo Infantil. Até a gente era o favorito de ambas as competições até a eliminação. Para a maioria a gente seria campeão das duas competições. É bom lembrar que na outra competição (Memorial Stefano Gusella) nós fizemos sete jogos, perdemos um e ficamos fora. Dessa vez nós ganhamos três jogos, tivemos o melhor ataque e perdemos na semifinal. Essa partida da semifinal entre Vasco e Inter eles esperavam ver na final".
O cansaço prejudicou ambas as equipes? Pergunto porque ambas as categorias não costumam jogar no Brasil duas ou três partidas num curto espaço de tempo.
"Com certeza. O desgaste não apenas físico, mas também emocional. A partir de um determinado momento todas as partidas são decisivas. Você tem que ganhar, ganhar e ganhar para chegar até a final. Não tem muito como ser diferente. Isso cria uma pressão psicológica em cima do atleta e da comissão técnica. É inevitável. Mas isso é importante e serve como aprendizado. Os times mais importantes da Europa disputaram essas competições e por isso elas são importantes. Você tinha o Arsenal, o Real Madrid, o Barcelona, a Inter de Milão, o Milan, a Juventus e o próprio Atalanta. Apesar de não ser um clube com a mesma expressões dos outros três da Itália citados, eu posso afirmar que dentro do cenário do futebol italiano o Atalanta é o melhor dentro do cenário de clube formador. Não achem que é a Juventus, a Inter ou Milan. Clube formador e que tem sucesso de formar atletas para as categorias profissionais é o Atalanta. Eles participam de todos os torneios e chegam sempre nas semifinais de todos. É um regularidade muito grande que esse clube tem. No torneio que disputamos no Infantil o campeão foi o Atalanta e no juvenil eles chegaram na semifinal e perderam para o Barcelona. Se você for pegar o retrospecto desse clube nas competições, vai ver que ele sempre está chegando".
Com informações do Programa "Só dá Base/ Só Dá Vasco".
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco