Às vésperas de viajar para Sorocaba, onde ficará por uma semana ao lado da família, Bernardo quebrou o silêncio e conversou com a reportagem do LANCE!Net. Apesar de aparentar tranquilidade, ele ainda evita falar do fatídico caso de sequestro que sofreu no mês passado. Quer virar logo a chave, sair das páginas policiais e pensar somente em futebol. E pede um pouquinho de paz.
Os passos ainda são lentos, com auxílio de muletas, mas Bernardo se esforça para caminhar para bem longe da crise. Refaz planos. Ainda quer dar um algo a mais para o Vasco. E diz que já começou a fazer mudanças no dia a dia para que, desta fez, consiga atingir os objetivos dele.
- Já passou o susto. Foi uma coisa que aconteceu e os advogados já resolveram. Agora é uma página virada. Quando a imprensa divulgou o acontecimento, minha família ficou muito preocupada. Quando acontece uma desgraça dessa, a família pensa logo no ser humano, no filho, e quer estar junto. Mas depois viajei, fui para casa ver os filhos, meus pais vieram para o Rio. O foco agora é só na recuperação. O que eu mais quero no mundo é recuperar o joelho para voltar a jogar futebol - disse.
Agora seus pais ficarão com você no Rio. Faz falta ter um lar? Afinal, está morando em um apart-hotel...
- Faz muita falta. Eu voltei ao Rio e fiquei num apart-hotel, mas foi por um planejamento que, vou ser sincero, lá na frente, no meio do ano, poderia sair para a Europa por algo que fosse bom para todo mundo. Agora, pedi para que meus pais ficassem aqui comigo e vou procurar um lugar bacana para ficar com eles. Todo garoto da minha idade tem seu momento de querer sair, ficar com os amigos, ficar com a namorada. Mas sente a falta da família.
Tinha planejado ir para o futebol europeu?
- Era esse tipo de planejamento. Cheguei a ouvir antes da lesão que estava com proposta para sair no meio do ano (para a Europa). A idade chega e eu tenho família, filhos, pessoas que dependem de mim. Era esse meu planejamento.
Mas, desta vez, pensa em sair por cima, não é?
- Acho que estou em débito porque falei, na minha volta, que ia mostrar vontade e determinação, que ia vibrar mesmo ao fazer gols. E o torcedor do Vasco gosta disso. Minha forma é essa, não gosto de perder. Naquele jogo contra o Botafogo... Queria muito ser campeão, mas não deu. Depois sofri a lesão. Acho que ainda estou devendo à torcida do Vasco. Mas jamais sairia como no ano passado, foi uma coisa chata, que me deixou muito magoado. Alguns entenderam, outros não. Se for para sair, quero sair por cima, bem com todo mundo. O Fagner saiu, O Allan, o Diego Souza... Muitos que se valorizaram no Vasco. Enfim, agora é focar e dar a volta por cima com meus companheiros.
Vai voltar ao Vasco? Lembro que, quando foi fazer a cirurgia, você evitou falar sobre futuro...
- No dia da cirurgia ainda estava recente e já fui logo cedo querendo fazer a cirurgia. É isso. Mas quero voltar a vestir a camisa do Vasco, que me deu todo apoio nessa fatalidade que aconteceu. Tenho uma grande família dentro do clube. Todos me apoiaram, dos fucionários, aos jogadores e presidente.
Ficou com o psicológico abalado? Em algum momento pensou em largar tudo por conta dessa turbulência?
- Em momento algum pensei em largar tudo. Saiu até na imprensa que falei em suicídio. Aconteceu uma coisa chata comigo, mas tenho na minha cabeça que serviu como lição. Tenho filhos e uma carreira. Estou focado. Darei a volta por cima. Antes de voltar falei muito com meu empresário, com meu pai e falei que o Vasco é um lugar em que eu adoro jogar. Vocês (imprensa) viram no início do ano como eu estava, fazendo gol, tudo certo.
Imagino que queira um pouco de paz agora...
- Nossa Senhora, preciso de paz, ficar tranquilo. Por exemplo, gosto muito de funk, mas quero umas músicas mais relax. Minha namorada puxa umas músicas tipo Bruno Mars, musiquinha que toca na novela também, do Zyah, da Turquia. Música internacional. Essas musiquinhas que a minha namorada gosta. Mas aí vai do momento também, vou começar a mudar um pouquinho agora.
Você vai voltar somente na reta final do Brasileirão. Tem acompanhado a busca do clube por reforços?
- O René é um excelente profissional. O Cristiano, o Ricardo, o Paulo, uma pessoa maravilhosa que veio para dar muita força e alegria ao Vasco. Confiou e está confiando no vasco e nos jogadores. A diretoria está fazendo trabalho de trazer outros jogadores para somar, ajudar o grupo a conquitstar os objetivos. É difícil o momento, mas tenho na minha cabeça que as coisas vao começar a dar certo no clube. Tem sua camisa, sua tradição. Vamos fazer um Brasileiro muito legal, quem sabe conseguir vaga na Libertadores ou até o título.
O clube trouxe o Alisson recentemente, que, assim como você, veio do Cruzeiro. O que pode falar desse atleta?
- No Vasco eu tive contato com ele quando já tinha sofrido a lesão. Ele estava para chegar e foi no departamento médico. E o cumprimentei. O Alisson... Não lembro muito dele na minha época do Cruzeiro porque eu subi em 2009 e, aí, fica um pouco distante da base. Mas pelo que eu ouvi falar é um bom jogador, um excelente meia armador, como a função que eu faço. Desejo a melhor sorte do mundo na chegada ao Vasco e espero que ele cresça aqui e o clube possa comprá-lo no final do ano.
Fonte: Lancenet