O duelo entre René Simões, diretor-executivo do Vasco, e Adalberto Baptista, diretor de futebol do São Paulo, vem agitando os bastidores das categorias de base do futebol brasileiro. Revoltado com o fato do tricolor estar contratando promessas de outros clubes, o dirigente cruzmaltino é um dos líderes do movimento que visa excluir o time paulista das principais competições de futebol amador do país.A discussão se tornou maior quando Adalberto criticou o Centro de Treinamento de Itaguaí e disse que o Vasco tem perdido atletas por não oferecer higiene para as categorias de base.
Ao tomar ciência das declarações, René lamentou bastante e garantiu que as afirmações do dirigente do São Paulo eram mentirosas. Para provar a veracidade de sua fala, o diretor-executivo do Gigante da Colina convidou Adalberto para visitar o CT das categorias da base que ele tanto criticou, mas até o presente momento não obteve resposta.
Na última sexta-feira (03/05), René Simões participou do programa "Só dá Vasco" e na oportunidade revelou o motivo que o faz apoiar o movimento de boicote ao São Paulo. Segundo ele , foi feito um acordo de cavalheiros entre os principais clubes do futebol brasileiro com objetivo de evitar o aliciamento de atletas:
- No início de 2012 o Ney Franco, que por acaso é treinador do São Paulo hoje, e eu, que o diretor-técnico do Sao Paulo, fizemos uma reunião com quarenta clubes, os vinte da primeira divisão e os vinte das segunda divisão, para discutir e a formação da base para o futebol brasileiro. Embora eu não fosse o coordenador da base, eu integrava a base ao profissional. Estive na reunião e diante de vários temas pertinentes, um que surgiu foi referente a ética. Discutimos o que seria feita para evitar o aliciamento de jogadores e essa troca de clubes. Naquele momento eu estava num clube riquíssimo e podia ter ficado absolutamente calado, mas foi um dos que lutei por esse fim. Me tornei até diretor dessa associação, mas agora não sou mais. Mas sigo frequentando as reuniões. Existe um acordo de cavalheiros que diz que ninguém pode pegar jogador do outro. Por exemplo: O Mosquito foi pego e foi levado para o São Paulo. Eu disse que era ele ou eu. Era ilegal o Mosquito ir para o São Paulo? Não, pois o Vasco não cumpriu com seus compromissos e o jogador estava livre, mas eu entendia que o Vasco da Gama tinha gasto dinheiro e era responsável pela formação do jogador. Por isso não aceitamos o jogador e fizemos pressão. O Atlético Paranaense, clube para onde o jogador se transferiu, não foi autorizado a participar de nenhuma competição. Havia o convite e todos diziam que não iriam disputar se o Atlético Paranaense estivesse. O Mosquito, depois de um ano e meio sem jogar nenhuma competição, teve sua situação regularizada. Os empresários deles vieram procurar o Vasco e fizemos um acerto. Embora o Vasco legalmente não tivesse direito a nada, moralmente o Vasco recuperou um pouquinho de dinheiro. A mesma coisa esperamos fazer com o Foguete e outros jogadores de clubes do Brasil que foram aliciados - afirmou.
De acordo com René Simões, o Vasco não é o único clube do futebol brasileiro que está insatisfeito com as atitudes tomadas pelo São Paulo. Tais atitudes, segundo o diretor vascaíno, farão com que alguns clubes abandonem as competições de base que o tricolor estiver:
- O São Paulo está com problema com a Ponte Preta, com o Corinthians, com o Coritiba, com o Vasco e essa semana foram pegar dois jogadores da Portuguesa também. Os clubes por conta disso se retiraram da Copa 2 de julho e disseram que não iriam participar junto com o São Paulo. Inclusive Vitória e Bahia, algo que surpreende pelo fato da competição ser realizada lá. Os clubes de Minas, o Fluminense e o Botafogo falaram a mesma coisa. Lamento apenas que o Flamengo, que lutou junto durante tanto tempo, se afastou desse movimento. É lamentável. Os clubes do Rio não pegam jogadores de ninguém. Não é só o Vasco que ameaça não participar da Taça BH não, muitos clubes já responderam que se São Paulo for convidado os clubes não irão participar - declarou.
Ao ser questionado sobre o fato de Adalberto Baptista não ter respondido seu convite de visitar Itaguaí, René afirmou o seguinte:
- Hoje eu estou no Vasco e vou brigar por esse clube. Acho que o Adalberto não esperava que eu reagisse da forma como eu reagi. Ele foi absolutamente vulgar nas coisas que ele falou. Ele também foi indelicado e mentiroso. Nós temos um CT hoje que se não é tão luxuoso como é o do São Paulo, ele é absolutamente funcional. Tudo funciona lá. A cozinha funciona lá, a psicologia funciona, a sala de musculação, os dormitórios, os campos, os vestiários. Tudo está funcionando lá. Eu bati forte neles com um detalhe que num curto espaço de tempo nós iremos divulgar - disse.
Com informações do Programa Só Dá Vasco.