Roberto Dinamite desabotoa uma parte da camisa social, mexe em três canetas à sua frente, ajeita um bloco de papéis e leva a mão ao bolso da blusa social. Tenta evitar qualquer sinal de incômodo com perguntas na entrevista, não se nega a dar sua versão, por mais que demore longos segundos em determinados intervalos de frases. É preciso falar de política e da relação arranhada com a torcida do Vasco. Entre uma pergunta e outra, o clima fica mais descontraído exatamente por causa dos torcedores. O celular toca, e o presidente olha. Uma risada, um apontar do dedo para a tela do aparelho e pronto.
- Alguém descobriu meu telefone (um desconhecido). Manda (mensagem) aqui para o meu telefone. Não é sacanagem, não. Putz! Os caras são f... Eles ligam. Aí vou responder ao cara, a situação é essa? Com um até conversei, mandei mensagem. E as pessoas começam a entender um pouco mais. Algumas até mandam: "Acredita em Deus", "estamos juntos", "vamos sair deste momento", "você não merece isso". Se mereço ou não, não sei. Mas estou aqui e tenho que ver os dois momentos: o bom e o ruim.
Os ataques são diários. Dinamite é capaz até de perder alguns minutos lendo comentários de vascaínos em matérias publicadas na internet. Lê todo tipo de opinião. Quando preciso, se apega a Deus. Na sala da presidência, guarda com carinho imagens de santos. Católico, tem fé que um dia o jogo vai virar. Priva-se de atacar adversários políticos veementemente. Evita rebater as bombas lançadas via imprensa, por mais que as pessoas ao seu redor tentem acender o sinal de alerta. Franze a testa. Deixa escapar.
- Não posso falar tudo, senão...
Os dias de ídolo incontestável ficaram em junho de 2008, quando assumiu o clube para o primeiro mandato - foi reeleito em 2011. Ali virou vidraça. Pedras são lançadas, mas Dinamite evita conflitos públicos. Introvertido, sofre calado.
- Ele é uma pessoa que não gosta de falar mal de ninguém. Eu fico louca com isso. Ele é assim. Às vezes eu falo: “Você tem que falar”. Isso também é dele, até em casa. Até quando vai brigar com os filhos, ele escolhe a melhor forma de falar. Ele se preocupa muito em não ferir as pessoas - contou Liliane, com quem é casado há 26 anos.
Dinamite diz acreditar nas pessoas sempre. Guarda mágoas consigo para não externá-las. Na década de 70, namorou e casou com Jurema - que morreu em 1984 por complicações durante hemodiálise. O relacionamento teve momentos complicados. No início, a família dele não era a favor, a ponto de seu pai, José Maia de Oliveira, discutir com o irmão de Jurema durante um treino em 1975. Segundo matéria da revista "Placar", Roberto, com 20 anos, chegou a tomar uma dose considerável (20 comprimidos de Librium e Gadernal) de calmantes que a primeira esposa, seis anos mais velha do que ele, deixava sobre o criado-mudo.
- Eu vinha guardando aquela angústia só para mim. E tomei uma dose reforçada de calmante, mas não tinha a intenção de me suicidar, como andaram dizendo. Eu queria dormir uns dois dias seguidos para me desligar do mundo - declarou à "Placar" em 1984.
O tempo passou. Carlos Roberto de Oliveira, 59 anos completados no último dia 13, nascido em Duque de Caxias, gosta da simplicidade. Ainda prefere degustar um prato de arroz com feijão a comer um caviar. Divide seu tempo entre ficar cerca de seis horas em São Januário resolvendo problemas do clube, suando para fechar as contas, além de frequentar as reuniões na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) - é deputado estadual desde 1994. Quando está em casa, costuma se refugiar em frente à televisão, preferencialmente assistindo a canais esportivos. Recentemente, teve de conviver com mais uma dura batalha. Acompanha a esposa Liliane na ida ao médico - ela passou por cirurgia por conta de um câncer na tireoide e faz tratamento.
Roberto é pai de quatro filhos: Tatiana e Luciana, do casamento de 12 anos com Jurema - criou ainda Alexandre após a morte da mãe -, e Roberta e Rodrigo, do relacionamento com Liliane. O caçula Rodrigo Dinamite, é jogador do Duque de Caxias e segue seus passos. Mas o pai vive um momento que não é compatível com aquele ídolo do futebol acostumado a ganhar títulos com a camisa 10 do Vasco e ser venerado.
- Tudo mudou. O Roberto não tinha problema de saúde. Não é uma pessoa nervosa. Ele é calmo, tranquilo. Não tomava remédio. Hoje, toma remédio para o coração, para a pressão, está sempre mais cansado quando chega em casa. Mal o vejo em casa. Quando vejo, ele já chega cansado - disse Liliane.
A esposa, por sinal, foi contra a decisão de concorrer à presidência do clube.
- Fui contra ele se candidatar, pois sabia que ninguém ia deixar barato. E quem sofreria seria ele. Mas a gente também sofre. E aí eu sempre falo: “Roberto, sai”. Ele fala: “Mas é amor, eu gosto, amo aquilo.” Por mim, não teria entrado.
E olha que foi no mandato de Roberto que o Vasco saiu de uma fila de dez anos sem um título nacional de expressão, com a conquista da Copa do Brasil em 2011. "Espero que seja o primeiro de muitos", disse ele ainda no gramado do Couto Pereira, emocionado (relembre no vídeo ao lado). Ganhou também a Série B em 2009 depois de cair em 2008. E repatriou ídolos do quilate de Felipe e Juninho Pernambucano. O rosto mais envelhecido com o passar do tempo se desgasta na mesma proporção em que os problemas aparecem, e um exemplo é a venda de Dedé, único ídolo do elenco, para sanar dívidas. Viu de perto o caso de polícia envolvendo o meia Bernardo. Assuntos que insistem em perseguir o presidente. E ele precisa responder.
No meio de uma entrevista de mais de duas horas na sala da presidência, com a voz branda, porém rouca por causa de uma gripe, Roberto usa e abusa do gerúndio. Costuma soltar um “mais do que nunca” antes de iniciar um pensamento. A memória chega a falhar.
- Tem o Leonardo (cunhado) aqui (na secretaria da presidência), o Vitor (sobrinho) no futebol da base e tem o Gerson (genro) que, que... - respondeu, sobre o questionamento de ter empregado parentes no clube.
Ele olha para o lado esquerdo, e o assessor de imprensa lembra: “Presta serviço” (a agência que tem Gerson como sócio é responsável pela logística das viagens do Vasco). Dinamite prossegue na resposta. O lapso de memória não muda o sentido da frase. Nem quer dizer que ele não saiba a função do seu genro. Mas os lapsos de memória viraram outro motivo para críticas.
- Tem uma coisa emblemática no comportamento dele. Ele anda com uma pasta. Você leva um assunto para ele em um documento qualquer. Ele põe naquela pasta e nunca mais vai sair dali. Fica um negócio no ar. Não tem seguimento - relatou o ex-vice-presidente de futebol José Hamilton Mandarino, que deixou o cargo em 2012.
- As pessoas falam que tenho dificuldade para tomar decisão. Não é dificuldade de tomar decisão. Acho que a decisão tem que ser coletiva em prol do Vasco. E não decisão pessoal - ressalvou Dinamite.
Decisões difíceis
Lá pela década de 70 e 80, ele já encontrava certo obstáculo. Sempre teve ajuda de pessoas próximas. Sem empresário, Roberto recorria a Jurema, que intervia em assuntos relacionados à renovação de contrato com o Vasco.
- Era tudo com a Jurema. Era ela que fazia. Cuidava da situação toda. Quando ele foi para a Europa, ela participou diretamente, como ele também participou. Depois que casou com a Jurema, foi bastante policiado por ela, em todas as coisas que tinha que fazer. Mas, como jogador, era um peixe no aquário. Como administrador, é um peixe fora d’água - contou o ex-presidente e atual mandatário do Conselho de Beneméritos Eurico Miranda, que era o homem forte do futebol nos últimos anos do período de Dinamite como jogador do clube e foi sucedido por Roberto na presidência.
Dentro de São Januário, ele também recorre ao auxílio de pessoas afeitas ao seu trabalho. Trata o presidente da Assembleia Geral cruz-maltina, Olavo Monteiro de Carvalho, como o “cara que mais ajuda diretamente”. Olavo reconhece certas dificuldades do ex-jogador, pouco íntimo na gestão de um clube. E faz ponderações, seguidas de elogios.
- Eu acredito que, em função da pouca experiência e vivência que tinha de gestor, administração, ele demorava mais para se certificar e se assegurar da situação do que um administrador. Mas não vejo nenhuma decisão atrasada a ponto de prejudicar o Vasco. Não tinha velocidade de decisão necessária, mas nenhuma que tivesse prejudicado. Ele é um homem corretíssimo, de um perfil bom, preocupado em ajudar os outros - explicou Olavo Monteiro de Carvalho.
Dificuldade para tomar decisões parece lugar comum quando o assunto é abordado com dirigentes que passaram pelo clube. Mas qual foi o motivo para tantos pedidos de demissão de vice-presidentes de seus cargos? Entre uma pitada de veneno político e momentos de sinceridade, boa parte dos dirigentes que debandaram dos seus cargos desde 2012 cai em um ponto crucial.
- Um dos motivos que me fizeram sair bate muito com o dos outros (dirigentes). O Roberto, no primeiro mandato, me deu toda a autonomia para trabalhar. Fizemos várias obras. Depois ele mudou a postura, e passei a não concordar com a forma como geriu e gere hoje. Uma vez teve um problema no vestiário, ele chamou o administrador e falou que quem mandava era ele, me desautorizando. Reuniu um dos encarregados pela obra e disse que quem mandava no clube era ele. Como não tem experiência (em administrar), se torna uma pessoa insegura, começa a ouvir as pessoas erradas - garantiu o ex-vice-presidente de patrimônio e agora opositor Fred Lopes.
- As pessoas pediram para sair. Algumas delas entregaram algumas cartas, documentos. Diziam o porquê, alegando que as pessoas tinham perdido um pouco da autonomia. E acho que não. Acho que tinham autonomia para tocar (os projetos), mas ao mesmo tempo eu estava querendo participar mais, estar dentro - respondeu Dinamite.
Agregar pessoas em um jogo de interesses é diferente de uma partida de futebol. Ser idolatrado por milhares de vascaínos dentro de um estádio não passava por assinar papeladas, atender a todos os tipos de solicitações sem deixar ninguém na mão, unir personalidades diferentes. Quando o vendedor de biscoito abraçava um empresário milionário em um abarrotado Maracanã no domingo de sol, era pura e simplesmente porque nas quatro linhas, utilizando toda a potência do chute, Dinamite fazia florescer alegria com a camisa 10 em faixa diagonal. Parecia tão íntimo dos fãs que não precisava falar nem um “oi” para habitar pôsteres na casa de desconhecidos, apaixonados pelo sentimento que lhes era proporcionado.
Sem média
Mas o Vasco é o time da virada. E o jogo virou. A cobrança para ser mais sociável mexeu com um traço da personalidade dele. Não conversar com todos que pedem um minuto de atenção por motivos diversos incomodou.
- Ele passa por pessoas e não fala (cumprimenta). Acho que é ridículo - reclamou o conselheiro e opositor Leonardo Gonçalves.
Agir politicamente se tornou o calcanhar de Aquiles de Dinamite em determinadas ocasiões. Dar atenção a todos dentro de São Januário foi uma delas. Na mesma proporção com que faz questão de parar para tirar fotos e dar autógrafos aos torcedores com prazer, ele se recusa a conviver com as obrigações de relacionamentos do cargo que ocupa.
- Eu sei com quem tenho que conviver, mas não sei ser vaselina (expressão usada para pessoas que fazem média). Às vezes acho que isso aconteceu (não ser muito político no clube) - argumentou o presidente.
Mas os mesmos que põem em xeque a competência de administrar, de se relacionar, ainda carregam na memória aquele cara inquestionável em campo. Antes de qualquer declaração, é comum escutar: “Em campo era meu ídolo, mas...”. Só que Dinamite não tem mais o poder de decidir com os pés. O corpo, aliás, ainda sofre o desgaste de anos dedicados ao futebol. A caminhada lenta é resquício de uma cirurgia no tornozelo direito feita em janeiro. Uma muleta serve de apoio.
- Eu teria que estar fazendo fisioterapia todos os dias, mas não consigo. Os amigos falam: “Você tem que tirar uma hora para você.”
A pressão arterial é outra que não anda boa das pernas. Nada que um remédio toda manhã não resolva. À noite, outro medicamento, este para dormir.
- Fisicamente, a gente já percebe que existe o desgaste. O engraçado é que eu não o vejo reclamando. Mas você percebe em momentos de estresse maior que isso mexe com ele bastante - contou a filha Tatiana.
Profissionalização na gestão do clube
Atualmente, na administração do clube, Dinamite também recorre a um apoio. Ele tem nome: Cristiano Koehler. O diretor geral, recontratado em janeiro depois de uma passagem que durou de 2010 até 2011, é um braço direito na luta para gerir um clube coberto por dívidas, saída de jogadores, clima político efervescente e resultados contestados em forma de protestos pela torcida. Soa como um sopro de alívio quando o presidente fala de profissionalização e cita o nome do diretor geral.
Durante a entrevista, como uma prévia para o encerramento de um longo bate-papo com a reportagem, a porta da sala é aberta. Cristiano Koehler entra - uma reunião estava marcada para a parte da tarde. Dinamite sorri.
- Está acabando - avisou.
O sorriso, aliás, é um ponto marcante na fisionomia do presidente. Foi tratado como sarcasmo pelo próprio certa vez.
- Eu tinha um jeito sarcástico de sorrir na hora de bater uma falta - contou ao SporTV ao se referir às diferenças com Junior, que na época jogava pelo Flamengo e hoje é seu amigo.
Sarcasmo é apenas uma das definições impostas ao quase inseparável riso solto. Foi motivo de ironias por opositores, tratado com deboche pela torcida e, não há como negar, esconde um certo nervosismo que contrapõe a soberba no mostrar dos dentes quando jogador.
Em meio ao questionário imposto, seu cunhado e secretário do clube Leonardo Marins entra na sala e informa que precisa ir ao cardiologista. Leonardo, o mesmo que já enfartou no clube, salvo pelos médicos cruz-maltinos. Com a cabeça baixa, Dinamite ri de uma situação que causou certa preocupação.
- É uma característica dele (Roberto) em situações adversas, seja de cunho familiar ou de cunho geral. Quando ele estava operando (o tornozelo), na hora de tomar o pré-anestésico estava falando: “Como vai ser, Rômulo?”. E rindo. Você vê que ele está nervoso, estressado - contou o coronel médico dos bombeiros Rômulo Teixeira, que tem ligações familiares com Dinamite há 40 anos, é amigo íntimo e presta assessoria ao departamento médico do clube.
Outra explicação possível para o sorriso fácil é a timidez. E aí não há um que não cite essa característica tão vinculada ao quase sessentão. Ex-treinadores, ex-companheiros de quarto nas concentrações, ex-jogadores, técnicos, amigos, familiares...
- Ele sempre foi uma pessoa de observar mais do que falar. Sempre foi mais tímido, mas tinha uma personalidade forte - lembra Ana Lúcia, irmã de Dinamite.
Com personalidade forte ou não, já foi na contramão de pessoas do Movimento Unido Vascaíno (MUV) que entraram com ele no clube. A escolha de Roberto como candidato à presidência se deveu mais à figura de ídolo do que à competência administrativa. Os até então aliados queriam demitir as três secretárias que trabalhavam para Eurico Miranda meses antes de a Justiça determinar nova eleição no meio de 2008, após processo por fraude no pleito de 2006. Assim que assumiu, bancou as funcionárias.
- Era constrangedor. Elas nos incomodavam, e interrompíamos conversas quando se aproximavam. Falávamos de futebol, chope, outros assuntos - contou José Henrique Coelho, presidente do MUV e vice-presidente de marketing no início do primeiro mandato de Dinamite (2008 a 2011).
Críticas internas, no entanto, não arranharam tanto a imagem do ex-jogador quanto os frequentes protestos dos torcedores que fizeram Dinamite voltar a ser simplesmente Carlos Roberto de Oliveira, mais um no meio de um ambiente político conturbado, que torce para a bola entrar e não mais tem a função de fazê-la cruzar a linha do gol.
Na rua General Almério de Moura, bem em frente à entrada principal de São Januário, um bar sintetiza sutilmente o atual momento. Acima da entrada de um dos banheiros, um pequeno adesivo chama a atenção: “Operação Renuncie, Dinamite. Eu apoio.” Essa citação, coberta de um logotipo alusivo ao da Lei Seca, cresceu. Contra o Friburguense, ganhou proporções maiores após o gol de empate dos visitantes - o Vasco venceu por 2 a 1. O apelo virou uma faixa. Ele, que levava milhares, viu cerca de 250 torcedores se recusarem a entrar no estádio. Até tablet um vascaíno usou para passar sua mensagem em frente à câmera da TV.
- Neste jogo eu estava vendo um cara com o cabelinho todo não sei o que escrever: “Fora, presidente. Renuncia, Roberto”. Você vai fazer o quê? Vai proibir o torcedor de entrar no estádio? Hoje, se fizer isso, está indo contra a história do clube - disse Roberto, barrado certa vez na tribuna de honra de São Januário durante a gestão de Eurico Miranda.
Quando fala dessa relação com os vascaínos, volta a citar Deus. Dividindo o espaço com imagens de santos, a sala em que trabalha é coberta por recordações da época de jogador, como a foto de um time campeão, uma faixa pendurada por cima do quadro e reproduções de lances. Aquele gol de placa, quando deu a matada no peito e o balão em Osmar antes de fuzilar a bola no gol do Botafogo - que, recordam as más línguas, era seu time na infância - ficou no longínquo ano de 1976. A imagem habita uma parede da sua sala em São Januário. Sente saudade do tempo de atleta. Chega a sussurrar para amigos: “Queria estar em campo.”
- Líder, o Roberto nunca foi. Mas ele sempre foi uma pessoa bastante respeitável como jogador. Eu posso dizer que, primeiro, agradeço pelos grandes passes que ele me deu para muitos gols que fiz. Dos 1.002, ele participou de bastante. E foi um jogador, de 1 a 10, nota 7 ou 8. E, infelizmente, esse 7 como jogador, ele não chega perto como presidente do Vasco - criticou o deputado Romário, que se desentendeu com Dinamite após o filho Romarinho deixar as categorias de base cruz-maltinas e recentemente entrou em acordo na Justiça para o pagamento de uma dívida do clube.
Como não existe mais a possibilidade de descarregar a vontade de ajudar dentro das quatro linhas, agora basta a Dinamite tomar as decisões dentro de sua sala, ainda que conviva com as doces imagens de lances marcantes. Os quadros da época de jogador já se confundem com outro, pendurado bem ao lado de um registro de título. Neste, aparece de terno, com pose de dirigente, semblante fechado. Hoje é nesse campo que ele pode decidir. Afinal, resta apenas pouco mais de um ano para nova eleição para presidente.
- O que tenho de mostrar para as pessoas é o seguinte: sou um ser humano, tenho qualidades e defeitos. Mas, se falarem que o Roberto um dia prejudicou alguém aqui dentro do clube, teve uma atitude de sacanear alguém aqui, isso não.
Fim de entrevista, Cristiano Koehler entra na sala, seguido do diretor executivo René Simões. Fora dela, o diretor técnico Ricardo Gomes e o treinador Paulo Autuori se preparam para participar do encontro da cúpula do futebol. Com um sorriso, aperto de mão e um “vê lá o que vocês vão escrever, hein” de brincadeira, Dinamite se despede. Ele sabe a responsabilidade que tem.
- Eu sabia que iria encontrar uma situação em que seria vidraça e não dependeria só de mim.
A reunião continua com o pessoal do departamento mais visado do clube: o de futebol. E agora com camisa social, caneta e muitos papéis para assinar.