Apresentado no dia 25 de janeiro com pompa de "presidente remunerado", o diretor geral do Vasco Cristiano Koehler pediu 90 dias para montar um plano emergencial para o clube se reorganizar e também se mobilizar em torno de um projeto de reestruturação. O passivo de mais de R$ 500 milhões surpreendeu até o novo executivo do clube, que estimou em R$ 100 milhões a menos as dívidas totais em entrevista coletiva na sua chegada. Mas, enfim, depois de mais de quatro meses - ou 100 dias - um projeto captado pelo trio de diretores executivos contratados pela gestão Roberto Dinamite - Koehler, o diretor jurídico Gustavo Pinheiro e o de administração e planejamento Miguel Gomes - está perto de sair do papel e com objetivos ambiciosos. São 300 ações previstas para o clube ao longo de 2013.
Sem comentar o último balanço divulgado pelo clube, que tem números ainda sob análise dos poderes do Vasco - o Conselho Fiscal ainda não estudou os dados financeiros apresentados no último dia de abril -, Koehler diz apenas que faltam pequenos ajustes para colocar o plano em prática.
- Nesses primeiros 15 dias de maio ainda precisamos ajustar algumas coisas, mas vamos lançar um plano emergencial com ações operacionais e estruturais - disse o diretor geral do Vasco, sem responder a mais detalhes do projeto no Vasco nem comentar as "300 ações" anunciadas pelo diretor de futebol, René Simões, no programa "Caldeirão Vascaíno".
Um dos entraves do "plano emergencial" é a enorme dívida do clube com a Fazenda Nacional. Recentemente, na venda de Dedé - que gerou ao clube cerca de R$ 14 milhões -, o órgão governamental tentou penhorar 100% da venda. O Vasco, segundo estimativas atuais, deve cerca de R$ 50 milhões somente à Fazenda. Outro grande obstáculo é o enxugamento do número de funcionários. Segundo balanço de 2012, a folha salarial dos funcionários do clube passa de R$ 12 milhões, quase R$ 1 milhão a mais que o ano de 2011 e cerca de R$ 4 milhões a mais que o divulgado no relatório da administração de 2008.
Recentemente, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o presidente Roberto Dinamite, falou em número de 630 funcionários. O balanço financeiro de 2009 apresentava 487 no "corpo funcional". Dinamite também admitiu "cortar na própria carne", ou seja, demitir parentes e apadrinhados no clube. Até agora, nada foi feito. Há duas semanas, em reunião com Koehler, um dos grupos de oposição, a Cruzada Vascaína, exigiu em carta e depois em reunião o "fim do nepotismo" no clube. O diretor comentou que até o meio do ano algumas medidas serão tomadas.
Procurado pelo GLOBOESPORTE.COM, um dos representantes do Sindicato dos Empregados de Clubes do Rio (Sindeclubes) disse que desde o fim do ano passado a diretoria vascaína fala em demissão de funcionários, para enxugar a folha salarial. Segundo uma fonte do Sindeclubes, no entanto, os cortes ainda não aconteceram porque o clube não tem dinheiro para pagar a rescisão dos funcionários.
- O Sindicato ia promover greve se o Vasco demitisse sem pagar - disse um dirigente do Sindeclubes.
Indicadores estabelecidos
Um dos pilares na reorganização do Vasco, Miguel Gomes, diretor administrativo e de planejamento, passou os últimos meses entrevistando e conhecendo de perto todos departamentos do clube. Nesse fim de mês, ele vai estabelecer metas em todos setores do clube. E a partir de junho todos vão responder por produtividade e pelas despesas, obedecendo aos critérios estimados pela equipe que chegou com o diretor geral Cristiano Koehler.
- Ao final do mês vamos ter indicadores definidos para todas áreas. Mensalmente, todos terão que se reportar a quem têm função gerencial - explica Miguel Gomes, incluindo René Simões, gestor de todo departamento de futebol do clube.
Nos primeiros quatro meses do ano, cada gestor do clube fez análise sobre sua área. No início do ano, com as saídas de 11 jogadores - entre eles, estrelas como Juninho e Felipe -, o clube economizou mais de R$ 1 milhão na folha de pagamento. Na área de patrimônio, o vice Manoel Barbosa estima a demissão de cerca de 30 pessoas. Miguel, no entanto, não se arrisca a prever um número absoluto nem percentual de enxugamento do clube.
- O número que o presidente citou (630), pelo que sei, já estava menor, em cerca de 600 e alguma coisa (de funcionários). Mas por enquanto não fizemos uma meta de redução de 10% ou 5% em cada área - diz o diretor de administração e planejamento do Vasco.
Para Miguel, o novo modelo que está sendo implantando será eficaz para o clube nos próximos cinco, 10 anos do Vasco, independentemente da eleição de 2014.
- A gente abriu frentes de estudo, primeiro, para entender como funciona o clube. Para ter ideias de como estão os desempenhos de áreas a partir do que imaginávamos. Esse planejamento vai nortear ações do clube, seja mudando de diretoria, com eleições, outra corrente política, que seja. É um planejamento estratégico do Vasco - afirma Miguel Gomes.
Fonte: GloboEsporte.com