Os bastidores do Vasco fervem pouco mais de um ano antes da eleição para a presidência. Descontentes com a administração Roberto Dinamite, as correntes oposicionistas iniciaram um movimento e conseguiram recrutar quase três mil novos sócios com direito a voto em 2014. Apesar da indefinição quanto ao período do pleito, a oposição se vê em vantagem no momento político Cruzmaltino.
A iniciativa começou ainda no mês de janeiro. De acordo com o estatuto do clube, o sócio só pode votar com um ano de vida associativa até o fechamento da lista de votantes, o que precisa ocorrer pelo menos 60 dias antes da eleição. A data do pleito será definida pelo Grande Benemérito Olavo Monteiro de Carvalho, presidente da Assembleia Geral.
A interpretação sobre a eleição é duvidosa. O último pleito ocorreu em agosto de 2011. Baseada nisso, a oposição defende a tese de que os sócios matriculados até o dia 30 de abril estão garantidos na próxima votação. Já a situação trabalha com a possibilidade de a eleição acontecer em novembro de 2014, o que ampliaria a inscrição de sócios pelo menos até o final de agosto.
Apressadas, quatro correntes políticas asseguraram aproximadamente três mil novos sócios contrários ao presidente Roberto Dinamite. Estima-se que o grupo Casaca, ligado ao ex-presidente Eurico Miranda, seja responsável por mil associados, mesmo número da corrente Identidade Vasco, de Roberto Monteiro. A Cruzada Vascaína, presidida por Leonardo Gonçalves, trabalha com 700 sócios, enquanto Fernando Horta, presidente da escola de samba Unidos da Tijuca, é seguido por cerca de 200 membros.
A situação não se movimentou para conseguir novos sócios, embora o vice-presidente geral Antônio Peralta tenha dito informalmente na secretaria do clube que o último dia para garantir o direito ao voto seria nesta quinta-feira. As crises financeira e política deixam a oposição soberana sobre a situação no momento e apontam para uma possível mudança no comando do Cruzmaltino em 2014. Além disso, o presidente Roberto Dinamite tem afirmado a pessoas próximas que não deve concorrer ao pleito.
“A situação pode não lançar candidato. Isso está arriscado a acontecer. Existe uma mobilização grande das chapas. Hoje, a oposição tem muita vantagem até pelas pessoas que estão se mobilizando. Ex-membros da situação já estão na oposição e fora da administração Roberto Dinamite. Todos largaram o presidente recentemente e desejamos que o clube vá bem. Nenhum vascaíno aguenta mais ver a entidade administrada dessa forma”, comentou o presidente da Cruzada Vascaína, Leonardo Gonçalves.
EURICO NEGA CONTRIBUIÇÃO PARA NOVOS ASSOCIADOS
Atualmente, o Vasco conta com cerca de 12 mil sócios ativos, sendo cinco mil pagantes e o restante de proprietários. Para se associar ao clube, o torcedor precisa dispor da taxa de R$ 145 para a primeira matrícula e confecção da carteira. Existem denúncias não comprovadas nos bastidores de grupos políticos dispostos a pagar e ajudar na mensalidade dos novos membros. Embora mantenha discrição sobre a atuação, o ex-presidente Eurico Miranda negou qualquer tipo de contribuição para novos associados, mas vê crescer nos bastidores a possibilidade de lançar a sua candidatura.
“Esse movimento começou lá atrás e mostra que as pessoas não estão satisfeitas com quem está no poder. Não sei se serei candidato. Isso só o futuro vai dizer, porém, não bancamos isso [inclusão de sócios]. Não faço, não tem chance. Não me envolvo, mas também não deixo de me envolver”, encerrou.
Fonte: UOL