Depois da Copa 2 de Julho, os clubes decidiram agora boicotar o São Paulo em outra competição, a Taça BH, uma das mais importantes do País na categoria sub-20.
A pedido da federação mineira, os convites para o campeonato deveriam ser respondidos até essa segunda-feira.
Durante o dia de ontem, os times estiveram em contato para oficializar um texto em que reiteravam o interesse em disputar o torneio, mas colocando mais uma vez como condição a não participação do São Paulo.
O ESPN.com.br obteve com exclusividade cópia da mensagem padrão enviada por um dos clubes – no caso, o Fluminense – com o pedido (leia na íntegra mais abaixo).
A discussão em torno do teor da resposta se desenrolou ao longo do fim de semana, através de troca de e-mails que incluíam dirigentes de fora até mesmo do mundo da base. Edu Gaspar, do Corinthians, Alexandre Mattos, do Cruzeiro, e Rodrigo Caetano, do Fluminense, são alguns exemplos.
O técnico Alexandre Gallo, coordenador das categorias de base da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e Bruno Costa, observador da entidade, também estão copiados nas mensagens.
No convite enviado na semana passada, 23 de abril, a federação mineira ressaltava que, em caso de confirmação de presença e desistência posterior, seria cobrada uma multa de R$ 20 mil. Por isso, a preocupação das equipes em conseguir primeiramente um esclarecimento da organização antes de atender ao prazo para a Taça BH.
O boicote ao São Paulo revelado pelo ESPN.com.br ainda repercute nos bastidores, com o surgimento de novas acusações de aliciamento de atletas, agora envolvendo dois garotos da Portuguesa. Ao todo, nove clubes já se manifestaram oficialmente contra a postura ‘agressiva’ do time do Morumbi na captação de jogadores.
Os dirigentes tricolores negam estarem agindo de forma ilícita e chegam a colocar sob suspeita as motivações por trás do movimento. “Recusamos de 30 a 35 convites por mês. Duvido que algum desses campeonatos não queira que o São Paulo participe. Querem legalizar um código de ética que é uma das coisas mais antiéticas e ilegais que já vi. Querem privar um atleta (sem contrato) de escolher onde pode jogar”, rebateu o são-paulino Adalberto Batista.
Um dos comandantes do boicote, João Paulo, coordenador das divisões de base do Vitória, condena os comentários vindos da Barra Funda. Ao lado de Carlos Brazil e Marcos Biasotto, ambos do Flamengo, e André Figueiredo, do Atlético-MG, ele conduz o processo de moralização na formação desde o ano passado.
“Ninguém vai para a Taça BH. Respondemos aos organizadores que nossa confirmação será feita mediante a não inclusão do São Paulo”, afirma João Paulo ao ESPN.com.br.
“O diretor do São Paulo fica falando que outros clubes têm que ter ética, recolher impostos, pagar salários. Ele deveria procurar saber, então, que o Vitória não atrasa salário faz quase dez anos. Temos todos os impostos recolhidos e certidões negativas. E não estamos sozinhos nessa”, prossegue.
“Pode acontecer com um ou outro time, mas ele não pode generalizar. Os ‘pretensos executivos da base’, como ele chamou, são pessoas preparadas, formadas, com MBA, graduação, o que ele quiser. São profissionais que passaram por todos os processos, campo, banco e administrativo, e que não têm nenhum vínculo com empresário. Têm simplesmente a competência profissional”, completa.
A Taça BH será disputada de 14 de agosto a 1 de setembro.