Ídolo vascaíno, o ex-jogador Sorato é desde o ano passado treinador da categoria juniores do Gigante da Colina. O autor do gol do título do Campeonato Brasileiro de 89 assumiu a vaga que era ocupada por Galdino, técnico que vinha sendo bastante questionado pelos torcedores cruzmaltinos na época.
Próximo de completar nove meses à frente do time sub-20, Sorato ainda não conseguiu conquistar nenhum título para o Vasco, mas foi sob o comando dele que o cruzmaltino conseguiu vencer o Flamengo e impedir que o clube alcançasse a marcar de três anos sem vencer clássicos na categoria.
Na quarta-feira (24/04), o ex-atacante participou do programa "Só dá Base", do grupo Só dá Vasco. Na oportunidade, o comandante do 'Trem-Bala Juniores" fez um balanço de sua passagem como treinador do cruzmaltino, relembrou alguns momentos como jogador, elogiou São Januário e respondeu algumas perguntas enviadas pelos ouvintes.
Confira a transcrição da entrevista:
Como você avalia seu trabalho como treinador do juniores até agora?
"A gente chegou para reformular o trabalho e dar um caminho novo para o Juniores. Se a gente for analisar em termos de resultado, iremos ver que realmente não aconteceu o que a gente espera que aconteça. Mas vimos a evolução de vários valores, de vários jogadores. Se for comparar como eles estavam quando cheguei e como eles estão agora, a gente vai ver que existe uma evolução clara. Por esse ângulo acredito que o trabalho vem sendo bom e bem feito. A gente sabe o importante é o resultado e ganhar títulos, isso tenho certeza que vai acontecer, mas você lapidar o jogador e preparar o atleta para a equipe principal é importante. Nesse sentido, como disse, o trabalho está no caminho certo. Estamos cuidando muito da parte tática, da parte física e da parte técnica. Nosso objetivo é fazer os atletas chegarem ao profissional bem formados. Essa é a preocupação principal nesse momento. Precisamos ter resultado, mas isso creio que irá acontecer".
O Vasco no segundo turno jogou na formação 4-3-3, ou seja, com dois atacantes de lado de campo e um centroavante. Esse é seu esquema tático preferido?
"O modelo de jogo é sempre feito a partir das características dos jogadores que eu tenho. Para esse momento, como disse, essa formação ofensiva era o que a gente tinha de melhor. Tínhamos atacantes em bom momento e que cumpriam bem as funções ofensivas e defensivas. Hoje a gente já vê o Marquinhos marcando bastante, assim com o próprio Yago, que possui dificuldade para executar essa marcação sem a bola. Acho que essa consciência eles atingiram e por isso optei por esse esquema. Daqui para frente vai depender das características do jogadores que a gente receber e tiver à nossa disposição quando a gente retomar o trabalho em maio".
Você fez algumas partidas pelo "Expressinho" em 98, que era boa apesar de ser uma equipe B. Era um time mesclado com bons atletas da base. Não existiria a possibilidade de realizar mais amistosos em países com menor destaque no Futebol ou mesmo pelo Brasil, mesclando atletas reservas com a base, para que os atletas possam ganhar maturidade? Gostaria de ver um "Expressinho" no Vasco novamente?
"Eu acho isso muito interessante. Ano retrasado aconteceu um campeonato sub-23. Isso é importantíssimo para utilizar esses atletas da base e até mesmo aqueles que não estão sendo utilizados no profissional. Esse tipo de iniciativa serve para manter os jogadores em atividade e mantê-los com ritmo de jogo. Havendo condições para fazer isso, seria ótimo".
O que você pensa sobre o rodízio que o Vasco vem fazendo com os atletas da base?
"Eu acho importantíssimo que isso aconteça. No caso dos jogadores que estão no juniores e vão passar um período, essa experiência serve para que eles já comece a se ambientar e ver como funciona as coisas no profissional. Para os jogadores que estão em cima e voltam para o Juniores, esse rodízio é importante para que eles joguem e adquiram ritmo de jogo. Isso ficou bem claro nas condições do Guilherme e do Jhon Cley. Quando eles começaram a entrar no ritmo de competição, o potencial deles apareceu e aumentou".
Nos tempos de jogador você se acostumou a fazer gols no Flamengo e nos demais rivais vascaínos. Foi especial para você vencer o rubro-negro como treinador do juniores?
"Com certeza (risos). É uma lembrança que ficou. Fiz jogos marcantes contra o Flamengo. Nessa temporada também aconteceu algo especial. Fazia muito tempo que a gente não vencia um clássico nas categorias de base, no Juniores, e fomos vencer justamente contra o Flamengo. A gente tem algo especial contra eles. Espero que esses garotos que estão hoje no juniores possam ter essa noção e essa coisa de buscar o melhor nos grandes jogos. Tenho visto isso neles. A postura no segundo turno foi muito boa, pois vimos o Vasco mandar em todos os jogos. O trabalho não é fácil, mas é um trabalho que está num caminho certo. Tenho certeza que vamos ter bons frutos num futuro próximo. Quem ganha com isso é o Vasco e a torcida".
O Valdir Bigode, em recente entrevista a ESPN Brasil, mencionou que na época dele todos os grandes times do Brasil tinham um atacante de qualidade. Ele até falou que se jogasse hoje em dia, devido a escassez de atletas de qualidade na posição, poderia ter tido muito mais destaque. Você disputou posição com grandes jogadores como: Edmundo, Evair, Bebeto, Romário e Dinamite. Você já pensou se tivesse jogando hoje em dia?
"Eu acho que é difícil fazer uma análise assim, mas a gente vê hoje realmente uma dificuldade de se ter esse jogador de área, o goleador, o artilheiro, o atacante referência. São poucos que existem, pois estamos passando por uma escassez. A própria Seleção Brasileira hoje não tem a definição de quem será esse jogador. Acho que o momento do futebol brasileiro é esse. Ele sempre teve matéria-prima de sobra e acredito que isso seja apenas um momento. Espero que na próxima geração a gente tenha mais jogadores de qualidade, principalmente um goleador, um centroavante. É um momento difícil, pois se você for observar são poucos atletas no Brasil com essas características".
São Januário completou seu 86ª aniversário recentemente. Qual foi o gol mais bonito que você fez em São Januário?
"Eu fiz muitos gols em São Januário. Eu tenho lembranças de gols contra o Botafogo, num jogo que conseguimos um empate no finalzinho. Lembro das vitórias em 1988 num jogo contra o Coritiba. Em 1998 teve um jogo que marcou muito para todos, pois foi o jogo da contusão do Pedrinho. Foi contra o Cruzeiro, a gente ganhou por 2 a 0 e eu fiz o segundo gol. Foi um jogo em que a gente ficou triste pelo Pedrinho e feliz pela vitória importantíssima. Na base eu lembro de um gol meu juvenil contra o Flamengo no finalzinho do jogo. O jogo estava 0 a 0 e no finalzinho do jogo o Ayupe, que era o lateral-direito, bateu e fiz o gol de cabeça. São muitas lembranças e muitos momentos de felicidade em São Januário".
Quem é o Sorato?
"Eu sou um treinador que procurar passar um pouco da experiência que vivi dentro daquilo que aprendi na carreira e com os treinados com quem trabalhei. Também procuro tirar coisas dos cursos que fiz e dos integrantes da minha comissão técnica. O Sorato hoje é o cara que quer acertar e fazer tudo bem feito. Eu sempre fui assim, sempre busquei fazer as coisas bem feitas e com seriedade. É isso que estou procurando fazer no Vasco. Tenho certeza que o trabalho não é fácil, mas eu estou aqui para trabalhar e botar a mão na massa. Quero preparar bem os atletas e fazer com que o Vasco revele bons valores".
Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco