Amiga de Barbosa fala sobre o ex-goleiro, sua tristeza pelo 'Maracanazzo' e outros episódios

Sábado, 27/04/2013 - 15:30

O Maracanã reabre neste sábado, mas tantas histórias do passado ainda estão vivas na memória do estádio. Uma delas é a de Moacir Barbosa, considerado um dos maiores goleiros do Brasil, mas que se transformou em um dos grandes vilões da história do futebol nacional. Bastou um lance, na final da Copa do Mundo de 1950, para marcar a vida do jogador. O episódio foi tão impactante que foi apelidado de 'Maracanazzo'. Mas na opinião de Solange Guimarães, amiga do ex-goleiro, esse não foi o pior momento vivido por ele. Para ela, ser barrado na Granja Comary, concentração da seleção brasileira, durante preparação para o Mundial de 1994 foi o mais duro golpe sofrido por Barbosa (assista ao vídeo).

- Aquele dia, acho que foi o pior dia da vida do Moacir Barbosa, porque ele chegou aqui chorando e falando que não esperava de Parreira, que foi quem barrou a entrada dele. Falei para ele deixar para lá. Disse: "Não 'esquenta' não, você foi um bom goleiro, é uma boa pessoa. Cada um age de uma maneira, mas você tem amigos em Ramos, sua família. Então, esquece isso, não vai mais lá, procura só as pessoas que te amam de verdade" - disse.

Solange, que hoje mora na casa onde o ex-goleiro e sua esposa Clotilde viveram por 30 anos, relembra com carinho dos anos em que teve Barbosa como vizinho no bairro de Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro. Assim como Paulo Lages, que gostava do ex-jogador como um pai. Além de servir como inspiração para o menino que queria ser goleiro, mais do que seguir a profissão, Paulo seguiu os conselhos de nunca parar de estudar.

- Defendo ele, porque ele era homem, não moleque. Ele foi um cara que morreu crucificado, magoado, mas nunca vi o Barbosa dizer: " O fulano que errou na jogada". Ele fez um papel para mim como se fosse um pai. Estou com 67, mas posso estar com 100 anos que não vou esquecer dele - afirmou Paulo.

Após o fracasso no Maracanã, Barbosa buscou um lugar seguro para tentar se reconstruir e encontrou paz e bons amigos no bairro de Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro. Ele morava na Rua João Romariz, e Dona Elza Fernandes, a vizinha da frente, viu os amigos de Barbosa desaparecerem.

- Os colegas que tinha antigamente, na época que era famoso, abandonaram, desprezaram ele. O pobre daqui não, mas os grandões de lá. Morreu triste - relembrou.

Barbosa morreu no dia 7 de abril de 2000, aos 79 anos, em Praia Grande, litoral de São Paulo, mas sua história não se resume ao lance que calou os 174 mil torcedores (público oficial) do dia 16 de julho de 1950. Mas, ele só voltou a atuar pela Seleção apenas uma vez, três anos depois da fatídica tarde, no Campeonato Sul-Americano do Peru, contra o Equador. Em 1960, Barbosa deixou o Vasco, clube onde conquistou dois títulos estaduais (1952 e 1958) e os torneios quadrangulares do Rio e do Chile, em 1953. Três anos depois de atuando pelo Campo Grande, Barbosa encerrou a carreira, aos 42 anos, e se tornou funcionário do Maracanã.



Barbosa ficou marcado pelo gol que deu o título mundial ao Uruguai em 1950


Fonte: Sportv.com