Empréstimo – Bernardo tinha tanta intimidade com bandidos da favela que chegou a pedir dinheiro emprestado ao traficante Menor P., em um dos momentos de atraso de salários do Vasco. Ele pegou com o bandido 40.000 reais e saldou a dívida quando voltou a receber do clube.
O caso de Bernardo vem à tona no momento em que corre, em Minas Gerais, o júri do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino da jovem Eliza Samudio, que namorou o ex-goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo. O novo episódio deixa claro, além do risco que persiste nas favelas cariocas, a atração incontrolável que os craques da bola têm pelo perigo.
Bernardo tem dito a amigos que jamais pisará na favela da Maré outra vez. É uma decisão sábia, diante do problema que criou. O bandido Menor P. passou a ser, depois do episódio, ainda mais visado pela polícia. E está enfurecido: além de amargar a traição, tem sido desmoralizado na favela, onde recebeu o apelido de “Tufão”, em referência ao personagem interpretado por Murilo Benício na novela Avenida Brasil, sempre traído pela mulher, Carminha (Adriana Esteves). Muros da favela passaram a ser pichados com o novo apelido.
O bandido – Nos quatro últimos anos, desde que assumiu o controle de quase todas as favelas do Complexo da Maré, localizado às margens da Linha Vermelha e da Avenida Brasil, rotas obrigatórias para turistas que chegam ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto do Galeão, o traficante Marcelo Santos da Dores, conhecido como Menor P., expandiu seus tentáculos de poder usando e abusando da violência. Extorquiu (2 milhões de reais) empreiteiras que faziam obras públicas que passavam em seu reduto, capitaneou disputas pelo território que deixaram quase uma centena de mortos e puniu traidores com a morte. O criminoso adotou também políticas assistencialistas, distribuindo gás, remédios e presentes para moradores da favela em datas festivas como Natal, Dia das Crianças, promoveu shows de artistas famosos, como o cantor Naldo, e grandes cultos evangélicos para angariar a simpatia de todos os gêneros. Tudo isso, misturado à corrupção de parte das forças policiais a quem paga.
Menor P. - ou Astronauta - era tão confiante que gostava de dar recados no baile. Numa das gravações que foram parar no youtube, ele pede a união de todos os moradores e reclama que a polícia e o Diabo tentaram ‘ceifar sua vida’. E em seguida cita uma passagem bíblica: “Eu sou que nem o Monte Sião, que não se abala nunca mas permaneço para sempre”. O traficante encerra seu discurso demagogo pedindo gritos mais altos dos presentes ao baile: “Quero ouvir toda a comunidade gritando, porque quem manda na comunidade é vocês (sic), a gente só administra”.
Fonte: Veja Online