O técnico Gaúcho espera negociar hoje sua rescisão com o Vasco. Demitido em março, ele poupa o presidente Roberto Dinamite, em nome da velha amizade, ainda dos tempos de jogador. Mas deixa escapar a mágoa, principalmente com o diretor René Simões, responsável por sua demissão. Enquanto estuda acionar o clube na Justiça, Gaúcho acompanha a derrocada à distância e com pessimismo: "Não vejo solução", disse, em entrevista ao blog Extracampo.
A amizade com o Roberto Dinamite acabou?
- Minha amizade com o Roberto nunca vai acabar. Jamais.
Tem conversado com ele?
- Depois da minha demissão, conversamos apenas uma vez. Mas vamos marcar...
Após a sua demissão, o time não apresentou nenhuma melhora. Tem assistido aos jogos?
- Eu era a pessoa mais indicada para comandar aquele time. Não adianta achar que alguém vai chegar e fazer milagre. Eu conhecia os caminhos. O negócio ali é muito grave, muito sério. Em nenhum momento, falei publicamente do sentimento que estava vivendo ali. Chegamos à final da Taça Guanabara e acharam que seria fácil conduzir aquilo sem o Gaúcho.
Qual foi sua maior dificuldade nos tempos de treinador do time?
- A maior dificuldade que você tem num clube sem dinheiro é ter a blindagem das pessoas. Tive de poucas.
Ao deixar o Vasco, Dedé disse que tem gente passando fome no clube. É verdade?
- Dedé não está mentindo, não. O quadro ali é muito feio. Os funcionários passam por um momento muito difícil.
Chegou a emprestar dinheiro a alguém?
- (Risos). Não gosto de falar sobre isso. Quando eu posso, eu dou. Não empresto.
O Vasco tem jeito?
- A curto prazo, não vejo uma solução nem ninguém no Brasil que possa chegar e resolver. Nada vai dar certo se o clube não contratar, e, também, enquanto houver ali pessoas no comando que não têm nada a ver. O Vasco não precisa de artistas, mas de trabalho verdadeiro. De papagaio de pirata, o mundo está cheio.
Está se referindo a alguém em especial?
- Não vou citar nomes.
Seria o René?
- Um dia, talvez eu diga pra você.
O que achou da contratação do Paulo Autuori?
- Esse aí é campeão. É um dos melhores treinadores que o Brasil tem e está dentro dessa confusão toda aí. Admiro o trabalho dele.
Acha que o Vasco será rebaixado no Campeonato Brasileiro?
- Não acredito. Digo isso, pela grandeza do clube. Mas o Vasco precisa de transparência e cuidado com a escolha das pessoas que trabalham lá.
A saída do Felipe atrapalhou o time?
- O Vasco perdeu muito com a saída dele. Felipe tinha uma liderança muito grande, principalmente com a base, onde, àquela época, tinha muito contato comigo. Acredita que os meninos da base eram vigiados pelo Felipe?
O Vasco te deve muito dinheiro?
- Nem sei quanto é. O clube não pagava meus direitos de imagem desde novembro e eu fui demitido em março. Há coisas pendentes de antes. A princípio, espero resolver sem problema. Fui demitido pelo René (Simões) na presença do Ricardo Gomes (diretor-técnico), do Carlos Germano (treinador de goleiros) e do Jorge Luís (auxiliar). Há muita coisa em jogo. Eu itnha contrato até dezembro de 2014.
Recorreria à Justiça?
- Há uma coisa mais séria do que tudo: a parte moral. Isso é com o advogado.
Acha que sua imagem foi arranhada?
- Acho que ele (René) poderia ter falado comigo e, não, com a imprensa, daquela forma. Mas sei que ele me demitiu com o consentimento do presidente.
Fonte: Blog Extracampo - Extra Online