Quando Dakson chegou à Bulgária, então com 19 anos, mostrou-se ressabiado com as conversas e risadas dos jogadores do Lokomotiv Plovdiv no vestiário. O brasileiro desconfiava que o motivo das piadas era ele. Por isso, se empenhou em conhecer o idioma local como forma de se adaptar mais rapidamente e, ao mesmo tempo, ter a certeza de que não era o alvo das brincadeiras. O meia deixou o país do Leste Europeu cinco anos depois para defender o Vasco e manteve a filosofia: persistência para se afirmar.
Dakson chegou a São Januário no momento em que o clube começava a perder alguns de seus principais jogadores, no ano passado. Em meio a isso, viveu sob a desconfiança de ter como empresário Pedrinho Vicençote, dono do terreno onde o Vasco construiu o CT de suas categorias de base. Mas para o meia de 25 anos, nada substitui o que se faz em campo. Foi dessa maneira que ele terminou o Campeonato Carioca – apesar da má campanha do time no segundo turno – como um destaques do time comandado por Paulo Autuori, ganhando status de titular no grupo que se prepara para o Brasileirão.
- Essa história incomodou. Antes mesmo de vir para o Vasco eu estava ciente de que essa questão do meu empresário teria uma repercussão. Mas empresário não entra em campo para jogar. Quem joga sou eu. Eu não tenho nada a ver com amizade entre o Pedrinho e o presidente do clube. Sempre confiei no meu trabalho e que iria mostrá-lo da melhor maneira possível.
A determinação por vencer no Vasco fez Dakson colocar até mesmo a família em segundo plano no início deste ano. Logo nos primeiros dias da pré-temporada da equipe, em Pinheiral (RJ), o meia recebeu a notícia de que seu filho Gabriel havia nascido em Alagoas. Somente quase dois meses depois, entre um jogo e outro do Campeonato Carioca, ele conseguiu um tempo para viajar e ter o primeiro contato com o bebê.
- Foi uma surpresa grande, porque não esperava vê-lo logo no aeroporto. Já tinha visto fotos e vídeos dele, mas não é a mesma coisa que abraçar e dar carinho. Aquele momento vai ficar guardado comigo para sempre - lembrou ele, que nasceu na cidade de Santana do Ipanema, a cerca de 200 quilômetros de Maceió.
Retornar ao Brasil após cinco anos na Europa foi uma decisão mais complicada para Dakson do que se possa imaginar. Isso porque pouco antes de ter a oportunidade de assinar contrato com o Vasco, ele recebeu o convite para se naturalizar búlgaro e, assim, ter a oportunidade de defender a seleção. No entanto, garantiu estar convicto de ter tomado a decisão certa, mesmo depois de um início em São Januário com poucas oportunidades.
- A federação apressaria minha naturalização, e eu cheguei a dar entrada nos documentos. Mas decidi voltar para defender um grande clube como o Vasco e nunca bateu arrependimento. Fiquei, sim, foi com medo de não conseguir ser inscrito aqui e ter de voltar para a Bulgária - recordou Dakson, que foi regularizado no ano passado nos últimos minutos antes do fechamento da janela de transferências internacionais.
Em 2005, Dakson despontou como uma revelação do Fluminense, marcando os dois gols da equipe sub-20 na decisão do Mundial da categoria, contra o Espanyol, nos Emirados Árabes. Sem chance de atuar no time principal do Tricolor, ele acabou por se profissionalizar na Bulgária e enxergou o retorno ao Brasil como uma retomada na carreira. Ele garante que, apesar das dificuldades, o Vasco o acolheu da melhor maneira. No entanto, para ele existe muito a fazer antes de pensar na renovação do contrato que termina em dezembro.
- Eu mal cheguei - brinca.