No Campeonato Carioca dos estádios às moscas, a entidade que não põe 11 jogadores em campo acaba a competição com o maior lucro. Dona de 10% do valor bruto da arrecadação de bilheteria de qualquer jogo, a Federação de Futebol do Rio (Ferj) chegou à última rodada da Taça Rio com R$ 473 mil em caixa — quase o dobro do obtido por Botafogo, Vasco e Flamengo (o Fluminense amargou prejuízo no Estadual).
Amaldiçoados por eternas penhoras, os quatro grandes pagaram para entrar em campo em 90% dos jogos do Carioca; mesmo em alguns clássicos, como o Fla x Flu de semana retrasada, o lucro foi pífio: o Tricolor não levou nada, e o Rubro-negro faturou apenas R$ 690. Porém, com público e sem público, com penhora e sem penhora, a Ferj é implacável: faturou R$ 12.986, valor retirado antes mesmo do pagamento das despesas da partida, como o aluguel do campo e os impostos.
Por essa razão, dificilmente a Ferj libera jogos de clubes do Rio em outros estados. Sem o Engenhão e o Maracanã, os grandes cariocas quiseram atuar em Juiz de Fora, cidade mineira com muitos fãs de clubes do estado. Só que, do outro lado da fronteira, quem fatura é a federação mineira (FMF) — e a Ferj ficaria de mãos abanando.
Para os clubes pequenos, a situação é ainda pior. Contra os grandes, eles não entram na conta das despesas, mas os jogos sempre dão prejuízo; contra outros pequenos, as médias são irrisórias. Só a Ferj que, faça chuva e faça sol, é a primeira da fila do caixa.