Um grupo formado pela maioria dos grandes clubes brasileiros prepara boicote ao São Paulo sob a alegação de que o Tricolor tem sido antiético ao aliciar seus jogadores de base. O cordão dos descontentes reúne, entre outros, Flamengo, Corinthians, Santos, Palmeiras, Atlético-MG, Ponte Preta, Coritiba, Goiás e Cruzeiro. Todos eles se negarão a participar de competições de base em que o time do Morumbi estiver presente. A informação foi publicada inicialmente pelo site Espn.com.br.
O GLOBOESPORTE.COM conversou com dirigentes da maioria dos clubes citados e todos confirmam o boicote, que começará na Copa 2 de julho de Futebol sub-17, disputada entre os dias 1º e 14 de julho, na Bahia, com 48 equipes do Brasil e do exterior, além da seleção brasileira sub-17.
Carlos Brazil, diretor das divisões de base do Flamengo, lidera uma associação criada para tratar do assunto e é bastante duro: fala em “roubo” de jogadores por parte do Tricolor. Além dele, o grupo é composto por Marcos Biasotto, que também trabalha no Flamengo, André Figueiredo, do Atlético-MG, João Paulo, do Vitória, e René Simões, do Vasco. Bruno Costa, da CBF, acompanha o caso.
- A maior parte dos times não vai participar (da Copa 2 de julho). Temos de esperar uma solução do São Paulo, saber o que eles vão fazer em relação a esse roubo - afirma.
Brazil diz que a ideia é que o boicote ocorra também na Taça BH de Futebol Júnior, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro sub-20. Nesse caso, os presidentes dos clubes precisam se posicionar, pois são as competições mais importantes da categoria e envolvem direitos de transmissão.
O dirigente flamenguista conta que tem recebido reclamações quase diárias de clubes insatisfeitos com as práticas são-paulinas.
- Cruzeiro, Corinthians, Grêmio Prudente e Ponte Preta citam nomes dos jogadores que já foram aliciados. Outros clubes reclamam que o São Paulo está em cima. É o caso do Goiás. O Cruzeiro disse que o São Paulo pegou cinco meninos de lá. Eles têm Cotia, uma estrutura que ninguém tem, maravilhosa, mas e quando todo mundo tiver? Como vai ser? Existe um código de ética que a gente espera que tenha vindo para ficar - diz.
Brazil diz que a associação não é contra o garoto querer trocar de clube. O que ele cobra é uma indenização.
- Quando se interessar por um jogador do outro, vai lá e faz negócio. Não tem de sair pegando. O que nós queremos é que os clubes entrem num acordo para que ninguém saia prejudicado. Você faz um investimento num atleta da base e tem de ser ressarcido – defende.
O diretor de futebol de base do Timão, Agnello Gonçalves, confirma o aliciamento de jogadores alvinegros por parte do Tricolor (sem citar nomes) e é categórico:
- O Corinthians só participa (da Copa 2 de julho) se o São Paulo for excluído da competição - afirma.
Palmeiras e Santos têm posição idêntica. De acordo com Nei Pandolfo, gerente de futebol do Peixe, as discussões começaram há duas semanas, por meio de um grupo de discussão pela internet criado pelos dirigentes.
Outro clube que apoia a medida tomada contra o São Paulo é o Fluminense.
- O Fluminense está apoiando o movimento. Esse acordo de ética já existe desde o ano passado. Teve o caso do Mosquito, que foi para o Atlético-PR, por exemplo. Agora vários clubes se uniram para forçar o São Paulo a conversar com os clubes dos jogadores nos quais ele tenha interesse. O boicote vale inicialmente para a Copa 2 de Julho. Mas ninguém sabe como vai ser em relação a Taça BH, que é uma competição mais importante - disse Fernando Simone, gerente geral das categorias de base do Tricolor das Laranjeiras.
Outro lado
O diretor de futebol do São Paulo, Adalberto Baptista, que também administra a base tricolor, desconhece o movimento e as acusações.
- Eu estranho isso. O São Paulo nunca foi convivado para essas reuniões.
Nos bastidores do Morumbi, há entre os dirigentes tricolores a convicção de que René Simões, demitido em novembro do ano passado do cargo de coordenador da base tricolor, é quem está instigando os clubes a boicotarem o São Paulo.
Fonte: GloboEsporte.com