O presidente Roberto Dinamite tem dito que vai deixar para o seu sucessor - caso não seja mesmo candidato à reeleição em 2014 - um clube com menos dívidas e com as finanças mais equilibradas. Um pouco do que pretende o mandatário passa pela análise, pela pressão e pelo julgamento na Fifa em dois casos recentes envolvendo vendas de ex-jogadores do Vasco que somariam quase R$ 6 milhões aos cofres do clube. A situação mais enrolada é do meia-atacante Diego Souza, que foi para o Al-Ittihad durante o Brasileiro do ano passado e já está no Cruzeiro há quatro meses sem o clube carioca - e nem o jogador - ter visto um centavo da transação. Da venda de Phillipe Coutinho, do Inter de Milão ao Liverpool, o Vasco tem a receber aproximadamente R$ 680 mil do mecanismo de solidariedade.
O departamento jurídico do clube foi à Fifa em setembro do ano passado. A entidade máxima do futebol cobrou o pagamento do clube do Catar, deu um prazo de 30 dias para que eles efetuassem o pagamento de € 5 milhões (R$ 13,2 mi), mas nada foi depositado na conta do Vasco - detentor de 33,3% (um terço) dos direitos econômicos, com o restante pertencendo à Traffic. No fim do mês passado, enfim, o primeiro contato. O Al-Ittihad procurou o clube carioca para costurar um acordo e parcelar tudo o que devia. Porém, com a multa pelo não cumprimento das parcelas anteriores de pagamento, o valor da dívida subiu para € 6 milhões (R$ 15,8 mi). Desta forma, o Vasco teria direito a um terço deste montante, algo em torno de R$ 5,2 milhões.
Vasco e Traffic não quiseram negociar. O receio era de que, na melhor das hipóteses, o clube do Catar pagasse a primeira parcela da renegociação e depois abandonasse o restante acordado. Sob orientação da nova direção jurídica do clube, o Vasco voltou a acionar a Fifa para que se iniciasse novo julgamento de cobrança ao Al-Ittihad, que pode ser excluído de competições caso não seja efetuado qualquer pagamento. O problema é que esse processo ainda pode demorar mais de um ano.
- É o tempo normal de qualquer processo na Fifa - explica o diretor jurídico do Vasco, Gustavo Pinheiro.
O outro caso que promete uma solução demorada é a venda de Phillipe Coutinho da Inter de Milão para o Liverpool, por € 13 milhões (R$ 34,1 mi). Por ser um clube grande da Inglaterra, a expectativa era de um caso mais simples - e mais rápido - de se resolver, porém, segundo a advogada do Vasco, Luciana Lopes, não foi o que aconteceu. Como ficou dos 12 aos 18 anos no Vasco, o clube tem direito a receber cerca de 2% do valor, € 260 mil - o equivalente a R$ 683 mil.
- A resposta do Liverpool até agora é uma incógnita. Fizemos uma notificação a eles, pedindo o que o clube tem direito a receber dentro de uma transação internacional. Depois de 30 dias, não houve resposta e fomos à Fifa. É um processo que pode levar até dois anos - lamenta a advogada do clube.
Fonte: GloboEsporte.com