O Vasco da Gama disputou entre o final do mês de março e o início do mês de abril o Torneio Internacional Memorial Stefano Gusella na Itália. A categoria infantil não conseguiu retornar do país europeu com o título, porém representou muito bem as cores cruzmaltinas ao terminar na quinta colocação de um campeonato que teve 40 clubes inscritos.
Um dos responsáveis pelo bom desempenho do time na competição foi Luiz Felipe, treinador da equipe. No comando time sub-15 desde o ano passado, assumiu após a promoção de Cássio Barros para o juvenil, o profissional participou na última quarta-feira (17/04) do programa 'Só dá Base' e falou um pouco sobre a participação cruzmaltina nesse torneio.
Durante a entrevista, Luiz Felipe avaliou o desempenho do time, analisou o nível da competição, revelou detalhes da recepção feita ao Vasco, explicou a importância do torneio e revelou quais serão os próximos desafios da categoria.
Bate-papo exclusivo com Luiz Felipe, técnico da categoria infantil:
Como o senhor avalia o desempenho do infantil no Stefano Gusella?
"A nossa participação no meu modo de ver foi muito importante e muito boa, não só para a equipe do Infantil, mas também para o Club de Regatas Vasco da Gama. A visibilidade que se tem na Europa é muito boa para a divulgação do nosso clube. Os atletas tiveram adversidades, mas souberam superar os momentos. Eles enfrentaram o frio, o clima diferente e alimentação. No meu modo de ver foi uma participação boa. Se você for observar, foram 40 clubes que disputaram o torneio e dentre eles estavam a Lazio, a Juventus, o Torino, a Sampdoria, o Atalanta e o Chievo Verona. Ficamos na quinta colocação e na frente de grandes clubes do mundo. A gente sempre almeja chegar em primeiro, mas de um certo modo aprovo o desempenho. A gente lutou até onde a gente pôde para tentar conquistar a melhor posição possível para a torcida vascaína".
O que o senhor poderia falar sobre o nível da competição e dos times enfrentados? Acredita que o Vasco poderia ter se tornado campeão?
"Sim, claro que sim. Desde os primeiros jogos a equipe foi bem e seguiu evoluindo a cada jogo. Fomos evoluindo dentro da competição. Tivemos oitos jogos, sendo um jogo-treino antes do início da competição, e conseguimos ganhar seis jogos, empatar um e perder apenas um. Perdemos justamente nas quartas de finais. Em relação ao nível das equipes posso dizer que era um nível muito alto, um nível muito bom. Tecnicamente nenhum time era superior ao nosso, talvez no mesmo nível, mas todas eram equipes aplicadas taticamente. O campo era de grama sintética e o jogo ficava muito rápido por conta disso. O contato físico era inevitável e por isso foram jogos de muito contato, muita marcação.. São equipes que jogam num sistema diferente do nosso, eles jogam com duas linhas de quatro fechadas e ficam totalmente atrás da linha da bola. Você furar esse bloqueio dos adversários não é tão simples, mas a equipe conseguiu elaborar uma boa estratégia e foi melhorando a cada jogo, como falei acima. No jogo que culminou nossa desclassificação, nós tivemos duas chances de gol claríssimas com o Gilberto, mas não conseguimos concluir em gol. No segundo tempo sofremos um contra-ataque e tivemos que fazer uma falta perto da grande área, que foi bem aproveitada pelo time adversário aos nove do segundo tempo. Como eram dois tempos de 25 minutos, não tivemos tempo de reação. O time estava muito fechado e parava o jogo toda hora. O jogo não teve seguimento normal e não conseguimos furar o bloqueio dos caras".
Como foi a recepção ao Vasco na Itália e como foi o relacionamentos com os garotos durante essa viagem?
"A receptividade que a gente teve lá foi muito boa. As pessoas nos receberam muito bem e foi uma competição muito organizada. Nós tivemos duas guias, duas meninas, que nos ajudavam no translado do hotel ao estádio e acompanhavam a gente no almoço falando a língua italiana para nos ajudar a ter mais clareza das coisas. A receptividade foi muito boa e as pessoas ficavam encantadas com os meninos. Lá eles não tem esse costume de cantar depois do aquecimento. Quando os garotos terminavam o aquecimento com alegria e descontração, todo mundo que estava no estádio ficava contagiado. Os italianos aplaudiam muito o término do aquecimento do Vasco, eles ficaram maravilhados com isso. Foi muito boa a receptividade dos italianos conosco. As pessoas nos trataram muito bem. Toda a logística prometida para facilitar a nossa adaptação foi montada e isso facilitou bastante, até porque tivemos o problema do fuso-horário, são cinco horas a mais em relação ao Brasil. Essa receptividade boa facilitou a nossa adaptação".
A viagem trouxe benefício além da parte técnica?
"A viagem em si é muito importante. O fato de você estar longe de seus familiares e de encontrar clima adverso como encontramos na Europa faz com que os garotos tenham que se superar. Os garotos tiveram que jogar com essa adversidade e isso fez com que eles adquirissem maturidade. Tenho certeza que essa experiência foi muito proveitosa e vai ser mais ainda agora, pois eles irão usar tudo que aprenderam nas próximas competições que iremos disputar. Além da parte técnica, eles viram como jogam quase todas as equipes da Europa O pessoal lá joga com duas linhas de quatro fechadas, tem um bom sistema de marcação e os garotos compreendem a parte tática. Nossos meninos tiveram que superar isso também, pois aqui no Brasil eles possuem mais liberdade para jogar, pois o jogo aqui não é tão forte taticamente. Na Europa são jogos de muito contato, muita força física e as equipes são fortes fisicamente. Foi importante eles terem visto isso. Se a gente conseguir trazer o que vimos lá para as competições que iremos disputar aqui no Brasil, teremos forças para superar as situações adversar que deveremos encontrar. Os garotos tiveram uma experiência grandiosa na Europa".
Falando de você como profissional, o que ela mais te trouxe de positivo? O que você aprendeu na Itália e pensa em implantar aqui no Vasco?
"Foi muita importante para a nossa parte profissional a troca de experiências com profissionais de outros clubes grandiosos como é o nosso Vasco. Essa troca de informações aconteceu, pois eu tive o prazer de conversar com os treinadores de outras equipes. Tudo aquilo que a gente aprendeu, a gente guarda para a gente, pois isso vai nos engradecer como profissional. Essa troca de experiência foi muito importante para mim, para o desenvolvimento do meu trabalho. O que vou tentar implantar aqui no Vasco é justamente essa forma de marcação. Quero que quando a gente estiver sem a posse da bola, a gente possa estar o tempo inteiro marcando e não dando espaço para o adversário criar. Isso é importante. Quando a gente tem a posse da bola tem que jogar, mas quando está sem ela precisa marcar. Os atletas sabem disso. Queremos aliar essa qualidade técnica, esse molejo que temos aqui no Brasil, com a parte de marcação Então, o que vou tentar implantar nesse meu grupo é o sistema de marcação, de muita marcação sem a bola. Isso é uma coisa que aprendi lá, mas já tinha até conhecimento por acompanhar essas competições internacionais a nível profissional. Essa experiência foi muito importante para que eu pudesse crescer como profissional, não só eu, mas também os atletas. Os atletas são qualificados tecnicamente e se eles acrescentarem essa marcação forte, aprenderem a jogar sem a bola, eles vão crescer muito mais e se desenvolverão ainda mais como profissionais".
O que teve de diferente em relação ao primeiro torneio do ano, a Copa Votorantim?
"O que teve de diferente em relação ao primeiro torneio do ano, a Copa Votorantim, foi justamente essa preparação. Tivemos mais tempos para nos preparar, pois foram quarenta dias de preparação para esse torneio da Itália e para a Copa Votorantim apenas quinze dias, tendo que enfrentar inclusive algumas adversidades com o clima. Essa preparação foi o diferencial para que nós pudéssemos evoluir na Itália. Com mais tempo, tivemos como desenvolver bem os trabalhos no CT de Itaguaí. O resultado a gente viu. Não foi o que a gente esperava esse quinto lugar, mas não podemos deixar de frisar que foi uma competição muito forte e que nós fizemos de tudo. Os atletas se dedicaram ao máximo, chegaram no limite, e o quinto lugar foi uma colocação honrosa diante dos quarenta clubes que estavam lá para disputar essa competição. Essa preparação fez a gente melhorar e chegar mais preparado para essa competição".
Qual a sua expectativa para a sequência do trabalho? Quais campeonatos o Vasco irá disputar e qual será o planejamento?
"Temos o Guilherme Embry e o Carioca, que começa nesse sábado com um jogo contra o Duque de Caxias. Temos o Guilherme Embry também e segundo a tabela, que já foi divulgada, iremos estrear no dia 16 de maio contra o Botafogo. Essa é uma competição importante e que conquistamos no ano passado. Temos a Copa Brasil-Japão, que será em agosto, e a Copa do Brasil, que acontecerá em Londrina em julho. Não está ainda confirmada a nossa participação nessa competição, mas provavelmente iremos participar. A gente espera lutar pelo título, realmente nós vamos lutar. Prometo a torcida vascaína que vamos lutar pelo título. Garanto que os garotos estão trabalhando bastante, se empenhando ao máximo e tenho certeza que a gente vai chegar muito longe nessas competições. A gente acredita que teremos bastante êxito nessas competições".
Deixe uma mensagem final
"Eu peço para a torcida continuar nos apoiando como sempre fez. É esse apoio que faz a gente ter mais força no nosso trabalho e ultrapassar os obstáculos que encontramos no dia a dia. O que posso dizer é que estamos dando o nosso máximo, toda a nossa comissão técnica do infantil está se dedicando muito. Fazemos isso pelo fato de termos o objetivo de levar sempre o nome do Vasco longe e onde ele sempre tem que estar. Queremos conquistar títulos e dar alegrias para essa torcida maravilhosa. Estaremos sempre lutando para dar alegrias para a torcida vascaína, pois ela merece".
Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.