No último balanço administrativo divulgado pelo Vasco, o departamento de marketing apresentava números significativos. Segundo o documento, que retrata a gestão Roberto Dinamite no ano de 2011 - o novo balanço referente a 2012, segundo a Lei Pelé, precisa ser publicado até o fim do mês -, o clube obteve R$ 3 bilhões em retorno de mídia na temporada que o Vasco venceu a Copa do Brasil, com crescimento de mais de 1.000% em parcerias e permutas desde 2008, além de receitas superiores a R$ 7 milhões com licenciamentos e royalties. Mas nada disso foi capaz de alanvancar recursos capazes de sustentar o Vasco. Muito menos o zagueiro Dedé, que nesta quinta-feira, em entrevista de despedida, lamentou a falta de um projeto de marketing especial para explorar sua imagem.
Sincero ao analisar as razões da sua saída ao Vasco, Dedé lamentou que uma importante fonte de receita do clube não alcançasse objetivos suficientes para mantê-lo no time. Em 2011 e 2012, principalmente naquela temporada que viveu seu auge no Vasco, o marketing vascaíno começou a explorar timidamente a presença de Dedé em lançamentos de camisas e em produtos oficiais do clube. No papel, também havia projetos de marketing, que, porém, nunca saíram do plano das ideias.
- Para mim, isso (projeto de marketing) foi a situação que o Vasco mais deu mole. Podia aproveitar mais minha imagem, em passar isso para os torcedores. Essa parte vacilou. Falaram muito, mas praticamente não fizeramnada. Estava disposto a ajudar e faria qualquer coisa. Tomara que com outros atletas pensem legal e façam um bom trabalho - disse o zagueiro, que se apresenta oficialmente ao Cruzeiro nessa sexta-feira.
Ex-vice-presidente de marketing do Vasco, o conselheiro Eduardo Machado, que esteve na função até o início do ano, reconheceu falhas na exploração da imagem do Mito. Porém, ele lembrou os entraves financeiros para concretizar os planos, citou algumas campanhas - como de um relógio que o zagueiro e o goleiro Fernando Prass, hoje no Palmeiras, estrelavam o anúncio - e justificou ainda com a falta de interesse de empresas que o clube procurou para usar Dedé como garoto-propaganda.
- Tentamos oferecer os atributos do Dedé para duas multinacionais e para uma agência de propaganda. Os atributos eram basicamente: talento, raça, força, dedicação plena, seriedade, liderança e espírito de equipe. Mas as respostas foram semelhantes: procuravam goleadores, atacantes. (Diziam) que o trabalho com um zagueiro era de difícil convencimento. Chegamos a exemplificar com a ideia de uma campanha de automóveis com caminhonetes que exigisse força. Foi entendida pelos interlocutores, mas na prática, não conseguimos maiores avanços - reconheceu o ex-vice-presidente de marketing.
Confira abaixo a longa resposta do ex-vice-presidente Eduardo Machado.
"Alguns repórteres entraram em contato e dezenas de vascaínos também via redes sociais pedindo para que eu comentasse uma declaração do ex-atleta do CRVG Dedé na coletiva de hoje. A frase parece que foi a seguinte: - O pessoal do marketing deu mole, eu tentei ajudar, aproveitar a imagem que o jogador passa, que a equipe de marketing que fica faça um bom trabalho agora. Primeiramente, eu queria dizer que TODAS as vezes que o Dedé foi demandado pelo departamento de MKT ou pelo CRVG como um todo, ele foi 100% solícito, profissional e prestativo. Um exemplo de dedicação e de caráter em minha opinião. Isto posto, declaro que eu gostaria de ter feito com o Dedé e com outros atletas muito mais do que foi feito quando estive à frente do depto de MKT. Eu certamente primo pelo perfeccionismo e sempre acredito que mais do que foi feito deveria ter sido feito. Faz parte da minha característica pessoal, de querer sempre o melhor para o CRVG. Por isso compreendo seu sentimento e interpreto o que disse como se pudesse ser aproveitado ainda mais do que foi ao longo de seu crescimento como profissional. Quero exemplificar que não foram poucas ações envolvendo o Dedé. Tivemos um projeto especial muito bacana que foi a edição especial do relógio “Marco 1924” em que se bem me lembro Dedé e Prass fizeram um dupla e várias peças foram produzidas em meio impresso e eletrônico. Tudo isso sem a necessidade de investimento financeiro do CRVG, tudo em parceria com a agência Estratégica, alinhado com o CRVG através do ex-Diretor Executivo de MKT Sr. Marcos Blanco. Tivemos também o licenciamento de copos e camisas, também com um projeto especial da camisa “Dedéckenbauer”, participações diversas em programas de TV produzidos pelo CRVG ou em pedidos de entrevistas dos mais diversos que foram primorosas em realização conjunta do depto de MKT com o depto de Futebol do CRVG. Dedé também esteve envolvido em campanhas internas. Nos materiais de apresentações oficiais do CRVG, preparadas pelo depto de MKT, sempre uma referência ao atleta com um ícone nos slides apropriados. Durante as apresentações eu ou o diretor executivo ou o Presidente mencionávamos esses ícones no transcorrer das mesmas. Cabe ressaltar que tudo isso feito com muita criatividade, pois não há orçamento para qualquer tipo de projeto especial ou desenvolvimento de materiais específicos de altíssima qualidade, pois o Dedé demanda altíssima qualidade pelo futebol que apresenta. Outro ponto importante é que elencamos e tentamos oferecer os atributos do Dedé para 2 multinacionais e para 1 agência de propaganda. Os atributos eram basicamente: talento, raça, força, dedicação plena, seriedade, liderança e espírito de equipe. Mas as respostas foram semelhantes que procuravam goleadores, atacantes. Que o trabalho com um zagueiro era de difícil convencimento. Chegamos a exemplificar com a idéia de uma campanha de automóveis com camionetes que exigisse força. Foi entendida pelos interlocutores, mas na prática, não conseguimos maiores avanços. Enfim, eu concordo com o Dedé, gostaríamos de ter utilizado mais sua imagem em prol de ainda mais reversões positivas para o CRVG, mas muita coisa bacana foi realizada, com resultados práticos. A falta de orçamento explica em boa parte o porque de não termos feito ainda mais, a outra explicação é a quantidade de trabalho mesmo e a mandatória hierarquização de atividades, que muitas vezes nos levava a termos que abrir mão de uma atividade importante em prol de outra devido ao caráter mais urgente da mesma. Só tenho a agradecer pela disponibilidade do Dedé. Um show de atleta, um ser humano de qualidades cada vez mais raras nos dias de hoje. Eduardo Machado, Ex-VP de MKT CRVG".
Fonte: GloboEsporte.com